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Diversionismo oportunista

O feminismo burguês e a luta real da mulher operária

A luta contra a misoginia e o patriarcado, defendida pelas identitárias, esconde a luta real das trabalhadoras, por salários, escolas e creches e pelo direito ao aborto.

Clara e Rosa

No Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, todo tipo de tese extravagante aparece para ofuscar a luta real das mulheres. Na direita existe a representatividade, a luta em defesa de nobres mulheres como Simone Tebet e Tabata Amaral, as versões brasileiras de Margareth Thatcher e Hillary Clinton. Na esquerda, por outro lado, existem também as teses identitárias, o combate à “misoginia” e ao “patriarcado”. É o caso da filósofa e filiada ao Partido dos Trabalhadores, Márcia Tiburi, que publicou um artigo no Brasil 247: “Toda mulher é uma sobrevivente”.

Tiburi começa colocando a questão do patriarcado: “Toda mulher é uma sobrevivente no sistema de ódio que o patriarcado é. Estabelecido como programa de violência contra as mulheres, o sistema patriarcal se organiza com o uso de implementos simbólicos e físicos contra as mulheres e, ao mesmo tempo, promove sua ocultação, o que faz dele uma ideologia.” Essa tese oculta a real opressão da mulher, seria necessário definir as bases materiais do que é o patriarcado, ou assumir que é uma questão ideológica, portanto, deveria ser combatido apenas de forma ideológica.

O marxismo é embasado no materialismo, considera que as questões ideológicas provêm do mundo material e não o contrário. Portanto, a questão do machismo e da misoginia, nos termos colocados pelo movimento feminista, possuem um embasamento econômico. A questão crucial é a posição de inferioridade da mulher na sociedade, que não é uma imposição dos homens, abstratamente, mas é algo real. A opressão da mulher existe, pois na sociedade capitalista, assim como em sociedades pré-capitalistas, a mulher tem que se submeter aos serviços domésticos e de cuidado das crianças. Isso impõe que ela seja economicamente dependente de algum homem e que se mantenha acoplada ao lar, gerando a sua posição de inferioridade em relação aos homens.

Dai se desenvolvem os demais problemas da mulher, é uma questão econômica atual e não um “sistema patriarcal simbólico”. As mulheres trabalhadoras, portanto, desde que existe o movimento operário luta por sua emancipação econômica. Luta por salários iguais, por creches e escolas em tempo integral para se libertarem da obrigação de cuidar dos filhos. Lutam pelo direito a organização familiar, ao divórcio, o aborto e aos métodos contraceptivos. Lutam também por seus direitos democráticos, ao voto e ao direito de ser votado, algo que foi conquistado na maior parte dos países. Esse é a luta real que o identitarismo esconde por detrás da luta contra o “patriarcado” e a “misoginia”

Saindo da luta real das mulheres trabalhadoras e adentrando o universo do identitarismo, aparecem os argumentos absurdos: “Até mesmo as mulheres das classes exploradoras são vítimas da violência estrutural na pirâmide da violência programada de cima para baixo. Isso quer dizer, mesmo na zona do privilégio, as mulheres nunca serão iguais aos homens. Que mulher pode dizer que não é coagida pelo medo de alguma forma de violência no sistema patriarcal?” De acordo com Tiburi Luiza Trajano, bilionária dona da Magazine Luiza, é oprimida pelos trabalhadores de sua empresa que recebem salários miseráveis. É a tese do feminismo burguês, que apaga as reivindicações das trabalhadoras.

Aqui precisa ficar claro, quem impede as mulheres trabalhadoras de conquistarem a sua libertação é a burguesia. Todas as questões econômicas citadas acima não acontecem, pois a burguesia impede que o Estado tenha gastos públicos. A burguesia também se aproveita da política reacionária em geral, como a criminalização do aborto, pois quando metade da classe operária está em uma situação de maior opressão é mais fácil controlar toda a classe operária. Nesse sentido, o inimigo das mulheres é a burguesia, tanto homens quanto mulheres. Neca Setúbal, do Itaú, e Luiza Trajano, e suas representantes como Tábata Amaral, Tebet, Guajajara, ligada a Fundação Ford, Aniele Franco, ligada à Open Society, e muitas outras. E não só isso, como essas mulheres são inimigas de todos os homens da classe operária também.

A filósofa define qual deferia ser a política para combater o patriarcado: “Sobre as mulheres é lançada toda a culpa num sistema de julga e sentencia sem parar. Contra esse regime de culto, em que o machismo cultua a si mesmo, o feminismo é um instrumento de autonomia das mulheres. O feminismo é uma luta contra a guerra cultural de violência, medo e ódio que é o patriarcado. O feminismo é a política do feminino, ele mesmo politizado como amor à vida. Todas as lutas feministas miram a transformação desse mundo de injustiça e sofrimento.” O ponto crucial aqui é lutar contra a “guerra cultural”. Tiburi deixa claro que sua política não é de reivindicações reais. A política cultural é base do identitarismo. O negro não combate a PM, combate a “branquitude”, a mulher não luta por sua emancipação econômica, combate a “misoginia”.

Mas o feminismo de Tiburi é um desenvolvimento decadente do que sempre foi o feminismo, uma ideologia pequeno-burguesa. O movimento operário feminino nunca se declarou feminista, sempre as criticou. O próprio Dia Internacional da Mulher Trabalhadora foi criado por figuras do movimento operário como a revolucionária Clara Zetkin, que não era feminista. Sendo assim, era já de se esperar que figuras como Marcia Tiburi não defendessem a política de libertação da mulher. O feminismo, como todo movimento pequeno-burguês, não pode levar a luta pela libertação dos oprimidos até o fim. Só o movimento operário, que se unifica com a luta de todos os oprimidos, pode levar à libertação da mulher.

A prova maior disso é a própria Revolução Russa. Uma revolução operária que garantiu as maiores conquistas para as mulheres da história da humanidade. Todas as reivindicações das trabalhadoras foram aprovadas por Lênin em um canetada após a revolução. O aborto foi legalizado tão cedo que foi criminalizado novamente por Stálin e depois legalizado de novamente, antes de todos os países. Esse é o verdadeiro movimento pela libertação da mulher, aquele travado pelas mulheres e pelos homens da classe operária.

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