Brasília, 14 de julho. Céu sem nuvens, temperatura alta, como sempre.
Cerca de mil estudantes decidem ocupar as ruas nas imediações da sede do Banco Central. Dezenas de organizações estão presentes, cada uma com sua bandeira e suas palavras de ordem. À frente do ato, o carro de som da União Nacional dos Estudantes, monopolizando o microfone, como sempre.
“Menos juros, mais educação”, “Campos Neto é um playboy”, entre outros gritos vazios de conteúdo. Mas que, ao menos, deixam claro que se trata de um ato contra a independência do Banco Central e contra o seu presidente, o capacho dos banqueiros Roberto Campos Neto.
Poucas centenas de metros do carro de som, um grupinho vestindo camisas da União da Juventude Comunista (UJC), a juventude do Parrtido Comunista Brasileiro (PCB). Mas bem que poderiam ser marcianos. Ou bem que poderiam estar em Marte: nenhum dos lêmures que pulam ao som de sua bateria gritam qualquer coisa sobre o Banco Central. Seriam semi-surdos? Ou só analfabetos políticos? Falaram “abaixo a taxa de juros do Banco Central” e os lêmures saltitantes da UJC entenderam “abaixo o arcabouço fiscal”.
Tal qual uma cadela no cio, que não pensa em outra coisa a não ser em encontrar um cãozinho protetor, o lêmure da UJC só pensa em uma coisa: ajuste fiscal, ajuste fiscal, ajuste fiscal. Dizei a ele: “o governo Lula está sendo sabotado por Campos Neto e pela direita”. E ele infalivelmente irá responder: “fora Lula, ele é um agente de Campos Neto e da direita”!
Tem cura? Não sabemos. Aguardemos os especialistas no assunto. O que podemos dizer tranquilamente é que em um ato que deveria unificar os estudantes contra o presidente do Banco Central, aqueles que ficaram criticando o governo Lula, vítima do Banco Central, estão defendendo a direita.