Nesta quarta-feira, o senador Sergio Moro (Podemos-PR) e o ministro da Justiça Flávio Dino foram flagrados pelos jornalistas que estavam na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, se abraçando e aos risos.
O caso ganhou grande repercussão nacional, tanto entre setores da direita quanto da esquerda brasileira, que presenciaram o grotesco momento onde o nome indicado pelo presidente da república, Flávio Dino, demonstrava grande afeto pelo homem que foi a liderança do processo farsa que colocou Lula na prisão.
A iniciativa de ir até a mesa foi de Sérgio Moro, revelando que o mesmo não possui qualquer receio na nomeação de Flávio Dino, membro do PSB, sublegenda do PSDB.
Dino, apresentado como grande combatente na luta contra o fascismo, também não perdeu tempo para trocar carícias e piadas com um dos principais nomes da extrema direita e do imperialismo no País.
Mais tarde, Moro afirmou que o momento faz parte do “dever de cordialidade, civilidade”.
“Vossa excelência me perguntou algo, eu achei graça e dei uma risada. Tiraram várias fotos, já está viralizando, como se isso representasse minha posição. Eu sempre deixei muito claro: eu tenho diferenças com o atual governo, e vossa excelência faz parte do atual governo, tenho diferenças profundas. Tenho sido um crítico, inclusive, da gestão de vossa excelência, mas não perderei a civilidade e acho que esse país precisa disso para que nós possamos diminuir a polarização”, afirmou o golpista.
No entanto, o que chama a atenção foram as imagens posteriormente divulgadas pelo Estadão onde mensagens de WhatsApp trocadas pelo senador Sérgio Moro com um aliado onde era recomendado a não revelar seu voto. Segundo o aliado de Moro, a repercussão nas redes sociais de sua foto com Flávio Dino havia sido muito negativa e Moro não deveria expor um eventual apoio público à Dino.
A troca de mensagens veio a revelar que o próprio Moro via com bons olhos a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ele conversava com uma pessoa próxima identificada apenas como ‘Mestrão’. O contato ainda disse ao senador que o ‘coro está comendo’ nas redes sociais”, descreveu o jornal da burguesia.
“Não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”, complementou o aliado de Moro. No mesmo sentido, Moro respondeu: “Blz (beleza). Vou manter meu voto secreto, eh um instrumento de proteção contra retaliação (sic)”.
Por fim, de forma oficial, o senador não quis declarar o voto no levantamento feito pelo Estadão com todos os parlamentares.
Outra troca de mensagens realizadas por Sérgio Moro indicaria que Deltan Dallagnol estaria desesperado com a situação. O que pode ser visto nos recentes episódios é que a figura de Flávio Dino, muito longe de ser uma ameaça para a extrema direita, é na realidade impulsionada por todo um importante setor da burguesia nacional.
Gilmar Mendes foi a cabeça das negociações que colocaram Dino no STF. Agora, com apoio de Sérgio Moro, Alexandre de Moraes e outras figuras centrais do golpe de Estado, Dino mostra-se uma ameaça cada vez mais aberta contra o governo Lula.