Em jogo realizado neste sábado (26) pelo campeonato francês, em que o PSG (Paris Saint-Germain) venceu o Lens por 3 x 1, a torcida do PSG, por seus “ultras”, levou uma faixa para o estádio em que estava escrito: Neymar: finalmente nos livramos do malcriado (Neymar: finally rid of the rude).
Antes de mais, é preciso dizer que as torcidas da Europa, especialmente da França, em nada tem a ver com as organizadas brasileiras e o torcedor brasileiro. A criação de um time e sua torcida, no Brasil, é de caráter popular, é de origem trabalhadora em sua grande maioria. Na Europa, não. Para se ter uma ideia, tem muito torcedor brasileiro que é mais velho que o próprio PSG (fundado em 1970). Não é um aspecto fundamental da formação da cultura do povo, mas um hobby.
Dito isso, a manifestação da torcida revela um dos importantes motivos da saída de Neymar do PSG, da França. A própria torcida não gostava de Neymar, repercutindo, na arquibancada, a posição da imprensa de conjunto que atacou muito o jogador desde sua chegada até sua saída.
Neymar fechou contrato com os árabes do Al Hilal, e a faixa da torcida do PSG contrasta com a verdadeira festa, comparada a uma virada de ano, que o jogador brasileiro recebeu nas arábias. O que fizeram para a chegada de Neymar é uma coisa nunca antes vista para a chegada de um jogador de futebol em um clube. E deixou os brasileiros orgulhosos, esta é a verdade.
Deveria levantar muita suspeita um dos maiores craques do mundo, o melhor da atualidade, ser tratado assim por uma torcida de futebol. A saída dele de um clube seria motivo de lamento, por qualquer torcedor que goste, mesmo, de futebol.
A verdade é que a vida do jogador brasileiro na Europa é quase igual à vida de qualquer brasileiro vivendo na Europa. É difícil. E a dificuldade de adaptação ao continente, que é parte de todo um folclore, é uma realidade, e para um boleiro brasileiro é ainda mais.
Os motivos de sua saída já foram bastante abordados por este diário Causa Operária, mas cabe atualizar a situação do craque do hexa, que neste momento está treinando com bola no Al Hilal, se recuperando de uma lesão.
Já dissemos que “o futebol também é um instrumento para o atual governo saudita abrir o regime, até pouco tempo atrás controlado a mão de ferro pelo imperialismo, principalmente o norte-americano. Os sauditas querem estabelecer melhores relações com outros países e, para isso, precisam melhorar sua imagem globalmente”. Não é que a Europa não quer mais Neymar, é Neymar que desistiu da Europa, e a torcida do PSG revela um dos motivos para isso.
“O Al-Hilal é um clube gigante, com torcedores fantásticos. É o melhor na Ásia. Isso me dá o sentimento de que esta é a decisão correta para mim, na hora certa, no clube certo. Eu amo vencer e fazer gols, e planejo continuar a fazer isso na Arábia Saudita, com o Al-Hilal”, disse Neymar quando de sua apresentação. Que assim seja.
Também é um fato importante de ser notado que quem comprou Neymar, na realidade, foi o Fundo Investimento Público da Arábia Saudita. E este fundo é dono de 75% do capital do Al Hilal. A compra de Neymar é um projeto de Estado.
É de se destacar que a Arábia Saudita acaba de entrar no Brics, coincidência ou não, parecem que bons ventos soprarão para Neymar no Al Hilal, e esperamos que o outrora menino da Vila nos traga o Hexacampeonato mundial de futebol, e tudo aponta para isso.
Neymar não é malcriado, rude, ou o que quer que seja. Só que, em razão de seu futebol, que é genial, conseguiu impor sua vontade diante dos poderosos do futebol, o que quase ninguém conseguiu fazer até hoje. A reação malcriada da torcida do PSG e do restante da imprensa só servem para demonstrar isso.