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Esquerda

Nenhum compromisso com a política imperialista do identitarismo

Confira, na íntegra, a resolução tirada pela 34ª Conferência Nacional acerca da política identitária

No último final de semana, ocorreu, em São Paulo, a 34ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária (PCO). O evento reuniu militantes de todo o País que, logo após participarem do curso “O que é o Marxismo e o que não é”, ingressaram em uma intensa discussão não só sobre a situação política nacional e internacional, mas também sobre o papel do PCO nessa situação política e um balanço da atividade partidária desde seu XI Congresso Nacional, em agosto do ano passado.

Um dos pontos da pauta da Conferência foi o identitarismo, ou “cultura woke”, uma política que, em primeiro lugar, representa uma tentativa de levar as pessoas a se desviar da luta política pelos seus interesses reais. Todavia, além de mero diversionismo, observa-se que o identitarismo tornou-se um fenômeno ainda mais complexo.

É preciso levar em consideração que a burguesia possui um longo aprendizado com essa ideologia. Esse tipo de movimento começa, fundamentalmente, depois das mobilizações de 1968, quando estudantes se mobilizaram em vários lugares e, nos Estados Unidos, em particular, contra a guerra do Vietnã. Percebendo essa movimentação da juventude, que já se tornava, naquele momento, a um movimento de massas, a burguesia lançou uma campanha ecológica pela “defesa do planeta”.

Contra quem? Ninguém sabe ao certo, mas fato é que isso foi utilizado para desmobilizar o movimento contra a guerra do Vietnã, algo que foi aprofundado com o passar do tempo. É daí que vem a atual estágio do identitarismo, e é por seu caráter reacionário que é preciso travar uma luta implacável contra essa política.

O Diário Causa Operária (DCO) teve acesso exclusivo à resolução completa da 34ª Conferência Nacional do PCO em relação ao identitarismo. No presente artigo, publicamos o texto na íntegra. Confira:

Proposta de resolução sobre a cultura woke e o identitarismo

Nos últimos anos, a chamada “cultura woke”, ou identitarismo, tomou conta da maior parte da esquerda nacional e internacional. Trata-se de uma ideologia reacionária, embora se apresente como progressista, alegando a defesa dos setores oprimidos, como mulheres, negros, índios, LGBTs etc.

Outra face dessa ideologia é o chamado “decolonialismo”, que propõe uma luta contra uma “herança colonial” de fundo racial que precisaria ser extirpada dos países americanos. Nesse sentido, a 34ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária declara:

1 – O identitarismo é uma ideologia reacionária, porque:

a – Centra a luta dos setores oprimidos na oposição entre as “identidades”: negros contra brancos, homens contra mulheres, pessoas “cis”contra “trans” e assim por diante. Tal política se opõe à luta pela unidade dos oprimidos, como sempre defenderam os marxistas.

b – Desvia a luta contra o sistema capitalista para uma luta contra indivíduos. Substitui a luta de classes pela ‘luta” cultural. Ou seja, não visa mudar a situação material desses setores, mas tão somente mudar a opinião das pessoas.

c – Como essa mudança de opinião não está baseada em uma mudança da situação material, ela só pode ser operada com o uso da força repressiva do Estado (polícia, tribunais etc). Não se trata, portanto, de convencimento, mas de reprimir os indivíduos que discordem dos dogmas identitários. 

d – Desse modo, a suposta defesa dos setores oprimidos serve como justificativa para o pisoteamento dos direitos da população, acentuadamente a liberdade de expressão.

e – Transforma a pequena burguesia, inclusive de esquerda, em base da política imperialista, uma vez que a ideologia identitária coloca sua “luta” acima da luta de classes, incluída aí a luta dos povos oprimidos contra o imperialismo. Assim, conquistam apoio desses setores pequeno-burgueses ao identificar os inimigos do imperialismo como inimigos das mulheres, dos negros etc. Foi o que aconteceu no Afeganistão, onde a ocupação norte-americana praticamente se justificava, pois estaria combatendo o Talibã. 

f – É um importante aríete contra os governos nacionalistas. Ele é um inimigo da luta de classes, o que transforma seus adeptos em integrantes e defensores do regime político burguês, mas somente àqueles imperialista ou pró-imperialistas.

2 – O identitarismo é uma política imperialista.

Essa ideologia é financiada, impulsionada e divulgada pelo imperialismo. Nesse caso, diretamente pelos órgãos de Inteligência, em especial a CIA.

Essa ideologia é produzida pelos chamados “think tanks”, que nada mais são do que fachadas dessa organização, que atuam em diversos países do mundo sob os mais diversos nomes; Open Society, Fundação Ford, Global American etc. 

Essas organizações de fachada atuam financiando abertamente personalidades que adotam essa política. Veio à tona, inclusive por investigação e denúncia do nosso próprio partido, que grande parte da esquerda brasileira está diretamente ligada a essas organizações. É o caso de Guilherme Boulos e Juliano Medeiros (PSOL) com o IREE, ligado à Open Society; do movimento “Não vai ter Copa”, que foi declaradamente apoiado pela Fundação Ford; candidatos negros, indígenas, LGBTs financiados por banqueiros (como Neca Setubal e João Moreira Salles) etc. Diversas personalidades da esquerda, como Jean Willys declararam sem pudor que recebem bolsas da Open Society e semelhantes. 

A ideologia identitária, é difundida incansavelmente pela imprensa, redes sociais e todos os meios de comunicação, como o cinema e a televisão, como também pelas grandes empresas, certamente com orientação e financiamento por esses órgãos imperialistas

No Brasil, há milhares de ONGs financiadas pelo imperialismo para fazer propaganda dessa ideologia, servindo como porta de entrada da política imperialista, ou seja, de espoliação da população brasileira. Um exemplo é a questão das “mudanças climáticas”, que favoreceriam uma intervenção imperialista na Amazônia. Esse é um método costumeiro do imperialismo que aparece agora como “defensor dos oprimidos”, assim como há muito tempo se proclamaram paladinos da democracia. Em países cujo governo tem mais atrito com os Estados Unidos e outros países imperialistas, como a Rússia e a China, tais ONGs foram proibidas de atuar. 

3 – A esmagadora maioria da esquerda, tanto no Brasil, como no resto do mundo, foi completamente dominada pela ideologia identitária. 

Isso se deve ao caráter pequeno-burguês desses grupos e da falta de bases teóricas sólidas, marxistas. Desse modo, a penetração da “cultura woke” no meio da esquerda, está levando a uma fragmentação da mesma e à sua total integração à política liberal imperialista. Além da fragmentação, a adoção dessa ideologia e política por esses setores os está levando ao caminho da extinção, pois diante da crescente polarização no mundo, a extrema-direita tem crescido, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil e na Europa. Isso porque ela aparece como uma força que está fora do sistema político dominante e que levam adiante uma política muito mais próxima dos interesses da população, inclusive dos trabalhadores. Um exemplo muito claro é a apropriação da defesa da liberdade de expressão pela extrema-direita, ironicamente uma opositora histórica desse direito. O mais grave é que não apenas a direita se apropriou, como a própria esquerda se encarregou de identificar a direita com a defesa da liberdade de expressão.

4 – O PT, de longe o maior partido da esquerda brasileira, se move em duas direções opostas; o nacionalismo e o identitarismo. Por um lado, tem procurado adotar uma política nacionalista, iniciativa que tem como centro o próprio presidente Lula. Essa política é mais nítida no campo internacional, como pode ser visto na posição do governo diante da operação russa na Ucrânia, a reaproximação com os BRICS, a articulação com os governos nacionalistas latino-americanos (Venezuela, Cuba etc). Internamente, o governo se move com maior dificuldade, mas já se manifestou em defesa da soberania da amazônia, na utilização dos recursos naturais para benefício da população, na oposição às privatizações etc.

Por outro lado, há uma forte pressão no sentido identitário, ou seja, uma política pequeno-burguesa que favorece ao imperialismo e se manifesta, por exemplo, em políticas como o apoio ao PL das fake news. Essa política tem um importante aliado dentro do próprio governo, no qual cargos de alguma importância foram dados a elementos abertamente ligados aos interesses estrangeiros, como Sonia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas ou Marina Silva. Nota-se, entretanto, um conflito dos setores nacionalistas com essa ala e uma pressão crescente para expurgá-los do governo.

5 – O identitarismo é uma ideologia e uma política liberal burguesa, não de esquerda, opondo-se pelo vértice ao marxismo. Primeiramente porque ele é completamente centrado no indivíduo, não nas classes, o que tende a uma total fragmentação da sociedade, facilitando a dominação da burguesia e do imperialismo sobre a população. 

Em segundo lugar, tem como objetivo a ascensão social de uma camada desses setores oprimidos (não de todo ele), como forma de cooptá-los à política imperialista. É a “representatividade” e a “visibilidade”.

6 – É preciso, acima de tudo, opor à falsa defesa das mulheres e das minorias, uma verdadeira defesa desses oprimidos. Para nós, trata-se de defender os direitos da maioria desses setores e das suas necessidades essenciais. O fundamental é dizer a todos esses setores a verdade: seus problemas não serão resolvidos no regime capitalista, sob o Estado burguês, dominado pelo imperialismo. Só a revolução proletária pode dar uma saída a todos os oprimidos e explorados. Só um governo operário pode dar uma solução verdadeiras às massas esmagadas pelo capitalismo.

7 – A tarefa fundamental é lutar pela ruptura de todos esses setores com o imperialismo e com as ilusões que estão vendendo. Romper com o imperialismo e aliar-se à classe operária e à sua política revolucionária e comunista. Essa é a questão mais imediata e essencial.

8 – Diante de tudo isso, o Partido da Causa Operária, enquanto partido operário e revolucionária, não tem nada em comum com os setores identitários e estabelece uma separação completa deles. É preciso ter em mente que quanto mais frontal e intensa for essa oposição, mais o partido será alvo de ataques, tanto por parte da esquerda, quanto da direita, como já vem ocorrendo. O caminho da revolução socialista é o da mobilização e unidade das massas trabalhadores por suas reivindicações vitais e por seus direitos, contra o aparato repressivo do Estado, o imperialismo e o sistema capitalista de conjunto.

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