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Entrevista

“Não há esfera da vida cubana que não seja afetada pelo bloqueio”

Embaixador de Cuba concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário Causa Operária em Brasília; confira

“Um ato de guerra em tempos de paz”. É assim que Adolfo Curbelo, o embaixador de Cuba no Brasil, descreve o bloqueio que o imperialismo americano impõe sobre a ilha caribenha.

“É uma política criminosa [as sanções] que utilizou a pandemia como um aliado para aumentar o sofrimento e a natureza criminal dessa política. E foi o que fizeram durante todo esse tempo”, afirmou.

Em Brasília, no último final de semana, Curbelo concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário Causa Operária (DCO) durante evento promovido pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelos Comitês de Luta que serviu como um protesto ao bloqueio genocida dos Estados Unidos contra Cuba. Na ocasião, também estiveram presentes, além de outros partidos e organizações de esquerda, representantes diplomáticos da Nicarágua, da Venezuela e do Saara Ocidental.

Nesse sentido, o embaixador enfatizou a importância dos movimentos de solidariedade a Cuba: “Nós agradecemos profundamente tudo que é feito no mundo e no Brasil contra o bloqueio”. Ele ressaltou que são essenciais para a resistência do próprio povo cubano contra a política criminosa das sanções econômicas contra o seu país.

Além disso, a entrevista ocorreu um dia antes das eleições deste ano em Cuba, que foram um grande sucesso no sentido de que contaram com a participação da esmagadora maioria da população cubana. “Amanhã será um dia de festa democrática em nosso país, onde serão eleitos os candidatos que o povo propôs e nos quais o povo votou”, afirmou Curbelo na ocasião.

Por fim, o embaixador destacou as possibilidades que se abriram com a eleição de Lula. Agora, Cuba e o Brasil poderão trabalhar em conjunto para garantir uma maior integração política e econômica na região latino-americana-caribenha, uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento dos países oprimidos contra a ditadura que o imperialismo quer impor na América Latina.

Confia a entrevista na íntegra logo após a matéria abaixo:

PCO e Comitês de Luta realizam evento contra embargo a Cuba

Diário Causa Operária: quais os principais efeitos do bloqueio contra o povo?

Adolfo Curbelo: [os bloqueios] afetam toda a vida dos cubanos. Afetam, por exemplo, a aquisição de medicamentos essenciais para os doentes. Afetam a aquisição de alimentos, de combustíveis. Não há uma esfera da vida do povo cubano que não seja afetada pelo bloqueio. O transporte, a educação, a distribuição de alimentos, a medicina etc.

Cuba, para garantir tudo isso, precisa fazê-lo em condições de muita dificuldade. Tem que pagar mais pelo produto que compra, tem que fazê-lo através de um terceiro país como intermediário, ou simplesmente não pode comprar remédios essenciais para salvar vidas porque são norte-americanos e estão protegidos pelo bloqueio. É o principal obstáculo para o desenvolvimento do país, é um ato de guerra em tempos de paz.

E é um ato genocida também porque nega os meios de subsistência ao povo de Cuba. Realmente, é uma política criminosa que utilizou a pandemia como um aliado para aumentar o sofrimento e a natureza criminal dessa política. E foi o que fizeram durante todo esse tempo.

DCO: como os trabalhadores do mundo prestam seu apoio a Cuba?

AC: Em primeiro lugar, agradecemos muito a solidariedade mundial. Acreditamos que é crescente, que é imprescindível e que desempenha um papel essencial na luta contra o bloqueio.

Existe uma solidariedade crescente, inclusive nos Estados Unidos, de muitas organizações, incluindo o congresso dos Estados Unidos. E há uma solidariedade internacional marcante – em 29 ocasiões, as Nações Unidas pediram o fim do bloqueio, rechaçaram o bloqueio. Os países apoiam de maneira quase unânime essa resolução.

Em todo mundo, assim como aqui no Brasil, movimentos de solidariedade, partidos políticos e organizações sociais emitem declarações ou participam ativamente da solidariedade, recolhendo recursos e remédios para enviar a Cuba.

Essas manifestações de solidariedade são muito importantes, pois ajudam na resistência do povo cubano. Nós agradecemos profundamente tudo que é feito no mundo e no Brasil contra o bloqueio.

DCO: as eleições em Cuba são livres? Cuba é uma democracia para o povo?

AC: Amanhã [26 de março] é um dia muito importante porque haverá uma eleição que os inimigos da revolução, como sempre, tentam sabotar. Como tentaram sabotar – e fracassaram – o processo de discussão da nova constituição que foi apoiada e aprovada, por meio de um referendo nacional, por uma ampla maioria de cubanos. Como também foi discutido e aprovado por uma maioria de eleitores cubanos o novo Código da Família.

A eleição que acontecerá amanhã – não tenho a menor dúvida – também será uma nova vitória da revolução e do povo cubano, uma eleição que vai ocorrer com tranquilidade onde haverá uma participação muito importante da sociedade, onde concorrem uma quantidade enorme de pessoas que estiveram no debatendo de maneira pública com toda a sociedade.

O partido não postula os candidatos, são propostos diretamente pelo povo em assembleias de bairro onde se discute os candidatos, quem vai representar o povo. É uma maneira extraordinariamente democrática e aberta, que garante uma participação efetiva e real do povo nas decisões. Não são os partidos nem um grupo de pessoas que decidem quem vai representar o povo senão o próprio povo.

Amanhã será um dia de festa democrática em nosso país, onde serão eleitos os candidatos que o povo propôs e nos quais o povo votou.

DCO: quais as oportunidades de cooperação entre Brasil e Cuba agora que Lula foi eleito?

AC: em primeiro lugar, nós ficamos muito felizes pela vitória do presidente Lula. É um assunto de competência do povo brasileiro, mas para a região da América Latina, o Brasil é um ator muito importante. O Brasil voltou à comunidade latino-americana-caribenha, é uma volta que o mundo todo aplaudiu, que toda a região aplaudiu.

Não somente muito bem-vindo como necessário, o Brasil não é só um país importante como tem uma vocação de contribuição – ele acredita que pode contribuir muito com a região e teve uma vocação de fazê-lo no passado, com uma política exterior muito ativa sobre um tema muito importante envolvendo as mudanças climáticas, por exemplo.

Em relação a Cuba, as possibilidades são enormes. Nós acreditamos que existem muitas possibilidades de cooperação nos âmbitos científico-técnicos, no âmbito da saúde, por exemplo, ou no âmbito das pesquisas médicas. E nós somos um país que precisamos de cooperação e acreditamos que podemos nos beneficiar da experiência que tem o Brasil, por exemplo, na produção de energia limpa, e nós também necessitamos aprender e conhecer a experiência que ocorreu aqui: a primeira coisa que se normalizou [após a posse de Lula] foi o vínculo político de mais alto nível e a relação diplomática ao nível de embaixador aqui na capital.

Então, com muito otimismo, acreditamos que existem muitas possibilidades sendo um povo vizinho, onde podemos realmente desenvolver uma quantidade crescente de projetos a benefício de nosso povo a âmbito econômico, comercial, cultura e educativo. Acredito também que ambos os países podem ter um papel importante na promoção – porque compartilhamos os mesmos interesses de integração na América Latina – na luta por um mundo melhor.

“Um ato de guerra econômica em tempos de paz”

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