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Invasão bolsonarista

Não foi um golpe fracassado

O que de fato aconteceu no dia 08 de janeiro?

A manifestação bolsonarista que invadiu o Congresso Nacional e o STF há exatamente uma semana ainda levanta um grande debate dentro da esquerda. Na última entrevista de Rui Costa Pimenta na TV 247, Leonardo Attuch indicou que a visão predominante era de que o ato do dia 8 foi um golpe militar fracassado pela rápida intervenção do governo Lula e do STF, além de ter sofrido condenação do imperialismo, de Joe Biden e de Macron. Essa análise é completamente equivocada e esconde uma realidade perigosíssima, a investida dos militares não foi um golpe derrotado, foi apenas um primeiro ataque de muitos contra o governo Lula. 

O texto usado de base para o comentário de Attuch foi publicado na Folha de S.Paulo por Renato Janine Ribeiro “Queriam eles uma junta militar”. O professor da USP defende que a invasão da sede do governo foi criada pelas Forças Armadas como forma de gerar um caos que seria resolvido apenas com a intervenção militar. A primeira parte da análise está correta, foram as Forças Armadas, que controlam também a polícia, que permitiram que a invasão acontecesse. Não há como uma manifestação daquele tamanho invadir o STF sem a permissão das forças de repressão. Elas atuaram politicamente contra o governo Lula. O erro aqui é que o objetivo em si não era o golpe.

O que precisa ficar claro é que nem toda ação dos militares contra Lula é um golpe de Estado. Ações como a intervenção dos militares no STF em 2018 a favor da prisão de Lula e da impugnação de sua candidatura, neste caso, foi um claro golpe de Estado para impedir o retorno de Lula à presidência. Mas aquilo se deu em um momento crítico, decisivo na luta política brasileira. Antes disso, entre 2016 e 2018 houve diversas investidas militares, como a sabotagem da Comissão da Verdade, por exemplo. Ela não foi um golpe contra Dilma, mas enfraqueceu de uma forma ou de outra seu governo. A criação do GSI por Temer também não foi um golpe de Estado, mas fortaleceu os militares. O ocorrido no dia 8 foi uma dessas ações, de desestabilização do governo Lula.

A tese do autor é a seguinte: “Imaginem se alguns dos idiotas úteis tivessem morrido, ou se além deles também morresse gente respeitosa da lei e da democracia. Haveria um álibi magnífico para se alegar que o governo não conseguia manter a ordem e que então os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica (os atuais ou outros, isso não importa) deveriam tomar o poder. Com essa desculpa eles implantariam um bolsonarismo sem Jair Bolsonaro.” Aqui a realidade comprova o erro da tese, casos os militares de fato quisessem tomar o poder teriam estimulado essa grande violência, os bolsonaristas mal estavam armados, só atacaram o patrimônio público. Não só isso, como a polícia não os reprimiu violentamente estimulando uma escalada da violência.

Para além disso não houve grandes mobilizações dos militares, nenhuma grande mudança nos quartéis, e nas principais bases militares do sudeste. O que aconteceu foi que se permitiu a invasão da sede do governo para criar um pequeno caos, não um caos tão enorme que seria respondido pelo golpe militar. Ele próprio comprova o seu erro logo após: “Mortes eram necessárias para o cenário que aqui descrevo. Não houve, felizmente”. As Forças Armadas, especialistas em matar, não teriam dificuldade de criar essa realidade se quisessem.

É a partir desta análise equivocada que se tira a conclusão muito perigosa: “A reação rápida do presidente Lula, intervindo na segurança pública do Distrito Federal e, mais ainda, do ministro Alexandre de Moraes, afastando o governador local por suspeita de “omissão dolosa”, abortaram o projeto. Manteve-se a democracia, ainda que vulnerável e frágil”. A reação do presidente Lula até pode ter sido rápida, já a de seus ministros é o oposto completo. Flávio Dino, José Múcio e o general Gonçalves Dias, ministros da Justiça, Defesa e GSI deixaram algo totalmente absurdo acontecer. Os dois ligados aos militares certamente estavam coniventes com a invasão, já Dino possivelmente só foi muito incompetente.

Por fim o maior erro, que é repetido constantemente pela esquerda, é o do elogio a Alexandre de Moraes. O ministro indicado por Temer é um dos maiores inimigos de Lula e dos trabalhadores, é um tucano que apoiou a lava jato e votou a favor da prisão de Lula. Ele depois passou a perseguir alguns bolsonaristas de menor importância para tentar fortalecer a 3ªvia, uma operação sem sucesso. Por outro lado a operação de reciclagem de sua imagem, de tucano golpista para herói da democracia e defensor de Lula, é uma farsa completa. Alexandre de Moraes foi tão inútil quando Dino, deixou que invasão acontecesse e depois afastou Ibaneis se aproveitando da situação, algo que não teve relação nenhuma com o fim da invasão.

Não foi o STF, nem os ministros de Lula que impediram o golpe militar, foram os próprios militares, que não quiseram dar o golpe, e pediram para as bases bolsonaristas se retirarem do Congresso. Este fator também deixa claro que não houve tentativa de golpe. Se houvesse, os bolsonaristas se manteriam lá aumentando a situação de caos. Essa realidade é importante, pois mostra o nível de perigo em que está o governo Lula. A qualquer momento, os militares podem permitir ações de bolsonaristas, como a invasão do Congresso, do Palácio do Planalto, de refinarias, fechamento de estradas e qualquer atividade de sabotagem que possa enfraquecer o governo Lula.

Os acontecimentos do dia 8 de janeiro, portanto, não foram um golpe fracassado, que fortaleceria o governo Lula, mas um avanço das Forças Armadas. As medidas tomadas por Lula foram muito pouco eficientes em combater esse golpe. Os três ministros que permitiram que tudo acontecesse continuam no governo, os trabalhadores não foram chamados às ruas em defesa do governo Lula. E Alexandre de Moraes ganhou mais poderes ditatoriais que futuramente serão usadas contra a esquerda e portanto contra o próprio governo Lula. É preciso uma ação enérgica tanto de Lula quanto de toda a esquerda para combater o golpismo, não só dos militares como de toda a direita.

O termina com um chamado confuso, que acaba sugerindo uma solução vazia e abstrata: “Os crimes de domingo (8) podem ser o ensaio geral de um golpe futuro. Ou quebramos o ovo da serpente ou ele acabará eclodindo.” Aqui é preciso especificar os principais criminosos: a alta cúpula dos militares, os ministros da Defesa e do GSI e o próprio Alexandre de Moraes, todos estes junto a Dino, são grandes inimigos do governo Lula que devem ser combatidos por meio da mobilização.

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