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Esquerda filoimperialista

MRT e seu ‘Fora Todos’ internacional

MRT copia o ‘Fora Todos’ que o PSTU usou contra Dilma para apoiar o golpe de 2016, com a diferença de que, para defender o imperialismo, o MRT proponha o ‘fora todos’ internacional

China imperialista - Xi Jinping

O documento do MRT que analisamos, este que será discutido no seu V Congresso,  partidário, “Guerra da Ucrânia, a ilusão da multipolaridade ‘progressista’ e as tarefas da esquerda revolucionária”, ainda que não nos surpreenda, pois tudo devemos esperar da esquerda filoimperialista, se destaca pelo esforço que faz em atacar o BRICS e a China, muito mais do que a Rússia e sua ação na Ucrânia.

A China é a principal pedra no sapato do imperialismo. Logo após a derrota da OTAN no Afeganistão, os Estados Unidos se concentraram em atacar os chineses, utilizando Taiwan como pivô. As parcerias militares, como o QUAD e a AUKUS estão sendo reforçadas, bem como a construção de novas bases militares na Ásia, como é o caso das Filipinas.

O consórcio de países atrasados visando se opor ao imperialismo é outra preocupação para o grande capital. Não podemos acreditar que seja coincidência que o MRT gaste tanta energia em criticar a China e o BRICS; e este também é utilizado para atacar o atual governo, como vemos: “sem romper com ninguém e aproveitando, mediante reforço da submissão, para extrair o possível nas negociações com ambos os adversários. Haddad e Lula disseram que os BRICS não serão “rivais do G7, nem um bloco anti-ocidental”, tratando de pacificar o imperialismo norte-americano e as potências imperialistas europeias com as quais quer selar acordos pelo Mercosul. De fato, Lula esteve com Biden em relação amistosa durante o G20. Mas, com a nova configuração dos BRICS sob liderança chinesa, o Brasil se encontra no interior de uma dinâmica de rivalidade direta entre Washington e Pequim, que terá de lidar no marco da sua política de “não alinhamento automático”.

Talvez o MRT espere nos convencer que o modo ‘amistoso’ como Lula e Biden se apresentem em público reflita o que é tratado nos bastidores. Lula e Haddad deveriam declarar o BRICS rival do G7? O que importa em política é o que é feito, não apenas dito. Existe uma clara oposição entre os países atrasados e o imperialismo, por mais que se apertem mãos e se sorria para fotografias.

O “Fora Todos”

O MRT não pode simplesmente declarar seu apoio ao imperialismo, faz isso atacando seus opositores; por isso, critica o BRICS e inventa uma superpotência chinesa que o próprio texto contradiz ao admitir que “o uso das moedas dos países-membros nas negociações dos BRICS pode aumentar, mas o yuan está longe de competir com o dólar. Cerca de metade de todos os empréstimos internacionais, títulos de dívida internacional e faturas comerciais são denominados em dólares americanos, enquanto 60% das reservas globais de câmbio são em dólares. O yuan chinês continua a ter ganhos graduais e a participação do renminbi no volume de negócios global de câmbio aumentou de menos de 1% há 20 anos para mais de 7% atualmente. No entanto, a moeda chinesa ainda representa apenas 3% das reservas cambiais globais”.

Não há uma China imperialista, como vimos, mas o MRT tenta alegar que existe uma “nova configuração, mais lenta e tortuosa, com que a etapa neoliberal em crise enquadrou o desenvolvimento dos dois fatores históricos fundamentais hoje: por um lado, o declínio hegemônico dos EUA, e por outro, a tortuosa ascensão da potência chinesa. Diante disso, o que é crucial é a batalha pela independência de classe e a construção de organizações revolucionárias a nível mundial”.

Essa ‘independência de classe’ é exatamente o ‘Fora Todos’ do golpe de 2016 que o MRT copia do PSTU, partido que, na impossibilidade de pedir o impeachment de Dilma Rousseff, pedia a saída de todos, ainda que apenas Dilma ocupasse a presidência.

A ‘diferença’, digamos, é que o MRT segue por um ‘Fora todos internacional’, e assim critica tanto o imperialismo quanto quem se oponha: “Nossa luta política contra essas vertentes é muito importante, sem perder nunca o ângulo do anti-imperialismo. Em outras palavras, o desafio limitado que o clube dos BRICS pode representar para as grandes potências imperialistas não o torna um aliado dos povos oprimidos. Está composto por Estados capitalistas agressivos, com regimes bonapartistas e exploradores, que não representam nenhuma alternativa de ‘hegemonia positiva” na ordem internacional (muito menos um “auxílio a projetos revolucionários (…) É necessário romper com o imperialismo e suas instituições, mas sem substituir essa servidão por uma integração subordinada em blocos alternativos impulsionados pela China capitalista, que atua nas mesmas formas de pilhagem econômica. Somos socialistas revolucionários, e batalhamos pela destruição dos Estados capitalistas em todos os países dos BRICS, e na América Latina(…)’”. – grifos nossos.

O conflito na Ucrânia

O MRT é incapaz de reconhecer a luta de classes que se expressa na questão da Ucrânia (e também do BRICS), e por isso tenta reduzir tudo a uma luta de facções. Eis porque afirma que “do ponto de vista tático se veio configurando uma “guerra de desgaste”, em que os bandos buscam deteriorar a moral alheia com a destruição gradual de forças e material bélico; do ponto de vista estratégico, os Estados Unidos busca esgotar a Rússia usando as tropas ucranianas, a fim de debilitar progressivamente o principal aliado da China em seu desafio geopolítico”. – grifo nosso.

Ainda que se diga marxista e diga recorrer a Lênin e Trótski, o MRT não consegue – por estar presa à burguesia – definir a natureza do conflito no Leste da Europa. Diz que “A política que Putin continua através da invasão da Ucrânia é a de recriar um status de potência militar para a Rússia, apoiando-se na opressão nacional dos povos vizinhos, uma herança do tsarismo e do stalinismo. Já a política que a China sustenta dentro da Guerra da Ucrânia, através da Rússia, é o questionamento à ordem global unipolar hegemonizada por Washington, em busca de melhor posicionar seu agressivo capitalismo dentro do atual sistema de Estados”.

Trótski afirmou que em um conflito entre o um Brasil governado pelo fascismo de Vargas e a Inglaterra democrática, deveríamos ficar do lado do Brasil. Foi isso que fizeram os verdadeiros marxistas na invasão ao Iraque, ficaram a favor da ditadura de Hussein contra a ‘democracia’ americana. Ficaram a favor da Síria e dos fundamentalistas do Talibã contra o imperialismo ‘civilizado’.

O que o MRT faz é uma defesa vazia do povo contra todos, daí o falatório de que “na Ucrânia, uma posição de independência de classe, e que defenda a única verdadeira luta pela soberania do povo ucraniano, depende da derrota de todos os bandos (incluindo Zelensky), na forma de uma Ucrânia operária e socialista, que seja o ponto de partida para uma Federação de Repúblicas Socialistas em toda a Europa”. É bonito, mas isso de ‘repúblicas socialistas em toda a Europa’ não passa de cortina de fumaça. O que vemos, por mais que o MRT tente esconder, é uma defesa dos interesses do imperialismo, o principal inimigo dos povos, incluindo os ucranianos.

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