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Esquerda filoimperialista

Documento do MRT mostra sua adesão ao imperialismo

Documento do MRT mostra sua total adesão às ideias da burguesia e tenta pintar a China como uma superpotência, não um país assediado pelo imperialismo

Imperialismo chinês

O MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores), publicou o documento “Guerra da Ucrânia, a ilusão da multipolaridade “progressista” e as tarefas da esquerda revolucionária”, que discutirá em seu V Congresso partidário.

Chama a atenção que o conflito na Ucrânia seja o assunto central, pois há muita confusão em torno desse tema, especialmente no esforço de imperialismo tratar a Rússia como um país agressor, omitindo os porquês da Rússia; e na insistência de setores da esquerda pequeno-burguesa em tratar a questão como uma guerra interimperialista. Neste caso, a Rússia estaria em uma espécie de reedição de seu ‘passado czarista’. o que teria motivado sua ação militar na Ucrânia.

Outro aspecto dessa leitura é a adesão à ‘teoria dos blocos’ que, por ser antimarxista, define a política como um conflito de interesses ente um bloco socialista se opondo ao capitalista, deixando de lado a luta de classes. A atual formação do BRICS reforça a tese da divisão dos blocos.

Ao falar das “muitas incertezas na economia global”, o MRT, além de tratar nas altas dos preços dos combustíveis, inflação, etc., se vê obrigado a colocar a China como uma ‘potência’ em  choque com outra potência: os Estados Unidos. Como lemos no seguinte trecho: a “exaustão dos traços marcantes da globalização turbinada nos 1990 está integrada à reincorporação, no cenário mundial, da competição entre as potências, imersa na disputa entre Washington e Pequim”.

A China se tornou um problema para o capitalismo. É um país atrasado que tinha uma enorme oferta de mão-de-obra a preços baixíssimo e que os grandes países capitalistas resolveram utilizar para aumentar sua lucratividade. Graças a essa entrada maciça de novos trabalhadores no mercado, houve um enorme retrocesso sindical e perda de direitos históricos da classe trabalhadora no mundo todo. A China pode ser uma economia grande, mas seu PIB per capita é baixo; pode ser considerada uma potência regional, mas não global, pois não domina os principais mercados de capitais do mundo. Os chineses também não controlam uma máquina de guerras como o OTAN, além de estar sendo assediada abertamente pelo imperialismo, que a ameaça com a separação de Taiwan e com a formação de acordos militares hostis no Indo-Pacífico.

O documento do MRT passa um tempo enorme criticando, ou tentando fazer um raio-x da economia chinesa e, segundo diz, o país se vê obrigado a projetar sua economia para fora de suas fronteiras, o que seria o principal motivo de seu choque com os Estados Unidos. Porém, o problema é que o imperialismo não está conseguindo manter sua dominação sobre os países atrasados, esse é o verdadeiro fator de crise. A coisa já vinha mal desde sua derrota no Iraque, mas explodiu com a vitória do Talibã. Foi esse evento, sem dúvida, o que inspirou a Rússia a tomar uma atitude mais firme na Ucrânia; que encorajou acordos entre Arábia Saudita e Irã; que precipitou os eventos recentes nos países africanos sob dominação francesa e que deixa os países que formam o BRICS falarem abertamente em abandono do dólar como moeda universal.

O MRT, ao tratar do BRICS, que é uma agremiação de países atrasados, trata o grupo como uma espécie de ofensiva chinesa. “Como a superpotência mais poderosa do bloco, a China dominou as decisões centrais, em muito maior medida que até aqui, inaugurando a espécie de liderança não-oficial dos BRICS (…) ‘“o foco de Pequim é criar um contrapeso para o G7, e o fortalecimento do clube dos BRICS é uma ferramenta valiosa na busca pela liderança chinesa’”.

Primeiro, é preciso reconhecer que é natural que a maior economia dentro de um grupo de países tenha um papel destacado, basta ver a posição do Brasil na América Latina. Segundo, assim como o imperialismo, o MRT também é crítico da China, além de colocar o Brasil em uma espécie de subserviência, como se trocasse de amo, uma vez servindo aos Estados Unidos, e agora à China.

O texto diz que “Lula aceitou a pressão chinesa pela expansão, colocando em troca a exigência de que o Partido Comunista interviesse publicamente pela admissão brasileira no Conselho de Segurança da ONU, algo sem muita relevância. Ainda que analistas como William Waack (sic) tenham razão em dizer que a China se impôs ao Brasil com a recompensa de uma ilusão na ONU”,uma leitura falsa e bastante rasa do que está em jogo no fortalecimento do BRICS.

Temos aqui que o MRT faz um enorme esforço para pintar a China como uma superpotência imperialista que está “seduzindo” países “emergentes”. Portanto, um adversário legítimo dos Estados Unidos.

Identitarismo

A ideologia identitária está enraizada na esquerda pequeno-burguesa, e é um dos pontos de apoio de tendências golpistas dentro da esquerda, como vemos: “Um ponto fundamental da luta política contra o lulismo, o peronismo-kirchnerismo e demais formações políticas “pós-neoliberais” na América Latina é atacar o novo ciclo de submissão às potências através do extrativismo e da destruição ambiental capitalista, que é enfrentado pelos trabalhadores e povos originários, como no levante de Jujuy (em que o PTS teve um papel destacado), os protestos em Potosí na Bolívia, ou as manifestações do povo mapuche no Chile”. – grifo nosso.

No golpe contra Dilma, a desculpa era a política econômica. Desta vez, setores da esquerda requentam o tema dizendo criticando a “destruição ambiental capitalista”, e se ‘esquecem’ que o próprio imperialismo quer impedir que o Brasil extraia e explore seu petróleo e riquezas naturais. Os ‘povos originários’ são utilizados como desculpa. Aqui, por exemplo, utilizaram os indígenas como pretexto para se combater a usina de Belo Monte. A esquerda universitária, que desfruta dos confortos da eletricidade, quer privar milhões de pessoas que vivem na Amazônia do mesmo benefício. Aqueles que dizem se preocupar com os ‘povos originários’ deveriam avaliar se é possível manter escolhas e hospitais sem eletricidade, querem que os índios vivam para sempre na Idade da Pedra.

Esse documento do MRT (que continuaremos a analisar) como podemos atestar, adere às propostas fundamentais do imperialismo que está passando por uma de suas piores crises, e ainda assim encontra apoio dentro da esquerda, daquela que trata de combater qualquer um que se oponha aos interesses da grande burguesia internacional.

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