Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), confessa ter conspirado contra o Brasil com Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia (CE). Os dois teriam se encontrado semana passada durante visita de Timmermans ao Brasil, o objetivo do conluio seria classificar o Brasil área de conflito de alto risco.
O que são Áreas Afetadas por Conflitos e de Alto Risco?
A definição desta classificação é dada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na sua Orientação de Diligência Prévia da OCDE para Cadeias de Suprimento Responsáveis de Minerais de Áreas Afetadas por Conflitos e de Alto Risco (Guia CAHRA-OCDE). A OCDE é um consórcio dos conglomerados imperialistas, formado em 1948, que em 2018 controlavam 62,2% do PIB nominal global.
As normativas desses oligopólios e monopólios, são instrumentos de imposição econômica sobre capitalistas menores. Não atender a impossiçẽos dessas normativas acaba por ser uma sanção econômica aos capitalistas dos países meno dsenvolvidos.
É exatamente isso que acontecerá se o Brasil for classificado como Áreas Afetadas por Conflitos e de Alto Risco, o setor econômico nacional que explorar a cadeia de suprimento de minérios será extremamente prejudicado. Os “garimpeiros” que são o elo mais frágil desse setor, sofrerá ainda mais.
As empresas de pequeno e médio porte, com maioria de capital nacional acabarão na bancarrota ou perdendo seu controle para o capital externo. Esse é um ataque a um setor da economia nacional.
Nas palavras de Jungmann: “Uma frente é bloquear o acesso dos garimpeiros ao mercado, mas não podemos abrir mão da repressão da atividade”.
A campanha contra o garimpo e o sacrifício de mais um setor da economia
Há muito que a população observa seu patrimônio ser dilapidado. O maior ataque à soberania nacional e ao bolso do trabalhador brasileiro foi impetrado por Fernando Henrique Cardoso (FHC). Mas após o golpe de 2016 vimos a retomada dessas políticas com ímpeto.
Temer e Bolsonaro, seguiram as determinações do imperialismo, mas mesmo antes do golpe a burocracia estatal já encaminhou essa política, a Lava-Jato demonstra bem isso. Naquele momento setores importantes da economia foram praticamente destruídos, o reflexo na construção civil por exemplo foi a redução de 80% nessa indústria.
A indústria na mira do imperialismo no momento, é da cadeia de suprimento de minérios, que embora não tenha pouco valor agregado commodities, toma maior vulto com a escalada das guerras. Essa matéria prima é essencial na produção de chips, munições, configurando um verdadeiro gargalo na atuação imperialista.
Novamente Jungmann, entrega sua política: “Não vai haver transição para uma economia de baixo carbono sem um incremento na produção de minerais estratégicos como o lítio”.
Quem é Raul Jungmann?
O conspirador que preside a IBRAM, já assumiu dois Ministérios durante o golpe da Defesa em 2016, e o Segurança Publica em 2018. Seu alinhamento com o imperialismo é antigo, o mesmo foi Ministro da Política Fundiária do Brasil em 1996, durante o governo de FHC.
Foi durante o Ministério de Jungmann, no governo FHC, que a Vale do Rio Doce foi privatizada. Um dos maiores crimes patrimoniais do mundo, a empresa foi entregue por menos de 1% do seu valor real, com diversos reflexos, inclusive ambientais e civis.
Ao conhecer a figura política entendemos que ao dizer “Não podemos olhar apenas para o Brasil”, Jungmann segue sua política de capacho do imperialismo. Também compreendemos a fala “Quem importa também faz parte dessa cadeia que destrói a Amazônia”, na verdade é a defesa do interesse internacional contra setores nacionais.
Jungmann também foi presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 1995, governo de FHC, período de desmatamento recorde. Nesse ano também houve uma série de demarcações realizadas por FHC, que na concepção do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e outras lideranças indígenas, não passou de um jogo de cena do governo federal.
Mais uma campanha do imperialismo
Como sempre, o imperialismo explorou o sofrimento alheio para promover os seus interesses. Esse é uma campanha intensa em torno da questão indeigena, contra os interesses dos indígenas.
O imperialismo coloca uma visão romântica, onde o indigena não pode ter direito ao desenvolvimento, a melhorar suas condições de vida. Aqui não falamos de uma intrusão cultural, que ocorre patrocinada principalmente pela extrema-direita.
Mas de reconhecer que a questão indigena é em primeiro lugar uma questão sobre a terra, uma luta contra o latifúndio. Segundo que esses povos têm direito ao básico como alimentação, saúde, educação, e que saciadas essas condições o modo de vida será do arbítrio deles.
Se perguntarmos a qualquer indigena que lavrar a terra, se o mesmo gostaria de um trato ou outra tecnologia que facilite seu trabalho e livre sua comunidade da fome, não tenhamos dúvida da resposta afirmativa. Isso não é um fenômeno local, outros povos ancestrais que tiveram acesso a tecnologia, mantiveram traços de sua cultura, mas aderiram a um padrão de vida menos hostil.
Assentamentos e demarcações
Assentamentos e demarcações, sem incentivo e estrutura para usufruto da terra, são como citado anteriormente, um jogo de cena do governo. Aqueles que detenham a posse da terra, deveriam ter o direito de fazer o usufruto da mesma.
O caso dos indígenas é muito claro, a exploração comercial da lavoura e mineração são além de direitos necessidades desses povos. São as atividades básicas desses locais, não havendo outro meio viável de subsistência local.
Não é atividade econômica que degrada o ambiente, mas a pobreza e exploração externa. A primeira pergunta que me faço, quando vejo as manchetes sobre o tema, inclusive da esquerda é: Quem são esses garimpeiros?
A resposta é fácil, embora a direita cinicamente negue e a esquerda pequeno-burguesa não veja, são trabalhadores da região. Muitos são descendentes dos próprios povos tradicionais, forçados pela ausência de outra ocupação a assumir essas funções insalubres.
Esse lobby das mineradoras para Europa atacar os garimpeiros é apenas mais um caso de grandes capitalistas, trucidando pequenos capitalistas e trabalhadores. O monopólio tenta acabar com toda a concorrência, com a desculpa de proteger a sua vítima.