As últimas eleições no Gabão, que ocorreram no final de semana e tiveram seu resultado divulgado nesta quarta-feira (30), causaram grande revolta no país. Militares derrubaram Ali Bongo do poder anulando o resultado do pleito, que muitos denunciam ter sido feito sob medida para a vitória do agora ex-presidente.
O caso lembra outra tentativa de golpe que ocorreu no país em 2019. Naquela ocasião, porém, o levante militar foi rapidamente combatido pelo governo, principalmente porque o grupo que tentou tomar o poder era composto por militares desorganizados.
Agora, a história é outra, os militares que derrubaram Bongo mostram que são mais sérios, mais organizados. Dentre os membros das Forças Armadas que tomaram o poder estão dois coronéis membros da Guarda Presidencial, reconhecidos por suas boinas verdes; dois coronéis do Exército; e alguns policiais militares.
Cabe ressaltar que, até mesmo antes do golpe, o clima já era de desconfiança total. Alberto Ondo, o principal opositor de Ali Bongo, denunciou que o pleito era uma fraude generalizada. Antes do fechamento das urnas, ele instou o presidente a entregar o poder, algo que, obviamente, não aconteceu.
E a desconfiança não era para menos: nas eleições, a participação de jornalistas foi extremamente restrita, e não participaram observadores internacionais. Ademais, ao mesmo tempo, ocorriam três eleições diferentes – a presidencial, a legislativa e a municipal. Esse fato é importante porque as autoridades eleitorais gabonesas instituíram um novo sistema que impedia que alguém votasse em dois candidatos de partidos diferentes. Algo visto como um benefício ao partido de Bongo, o maior do país.