As manchetes dos jornais burgueses atacando Lula no caso do empréstimo de dinheiro do BNDES para desenvolver os países da América Latina expõe a fraqueza do governo e a ofensiva do mercado. Nos governos anteriores do petista, quando o capital financeiro queria atacar o presidente, ao menos no início do mandato, os alvos eram os ministros; agora, o alvo é diretamente o presidente – ou seja, não existe mais a chamada “lua de mel”, se é que ela algum dia existiu.
No mar, mesmo o mínimo de gotas de sangue atrai os tubarões. Na política, também é assim. Quando o governo sangrou, demonstrando fraqueza na invasão dos prédios públicos em 8 de janeiro, o chamado “mercado” foi para a ofensiva contra o governo do petista, e os editoriais do G1, da Folha de S. Paulo e do Estado de S. Paulo, por exemplo, deixam isso claro.
A burguesia nunca apoiou Lula como presidente e, agora que o governo está enfraquecido, ela vai fechar o cerco. Afinal, é como um jogo de xadrez: como o presidente não é removível e Lula não está disposto a mudar sua política econômica, visto que ele voltou ao governo justamente para isso, a burguesia vai capturando os peões, eventualmente captura peças mais importantes e, só depois, captura o rei. Portanto, o normal é atacar os ministros, fazer pressão para que eles sejam removidos e buscar moldar a política econômica do governo na medida do possível.
No entanto, a política levada adiante é muito mais agressiva. Trata-se de um ataque direto a Lula, já com o intuito de derrubá-lo em menos de um mês de governo, tamanha a debilidade que o governo expôs. Ainda assim, não se começa o jogo com um cheque-mate, mas pode-se perceber que estamos muito avançados nesse processo e que a esquerda deveria reagir tão logo quanto possível.
Além disso, Lula tem uma debilidade muito gritante, o seu vice-presidente, Geraldo Alckmin. Se ele cair, Alckmin, o presidente dos sonhos do capital financeiro, assume. Ou seja, Lula está encurralado pela burguesia, que vai tentar obrigá-lo a seguir sua ditadura econômica. O provável é que o presidente procure manobrar, mas ele não deve renunciar a sua política, colocando diretamente o problema de sua derrubada, que já é uma escalada em relação ao período anterior, já que pulou a etapa do ataque aos ministros.