Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Ataque à creche

Massacres como o de Blumenau são inevitáveis no capitalismo

Assassinato de crianças a machadadas repercutiu em todos os jornais; a causa, no entanto, foi propositalmente omitida

Na última quarta-feira (25), um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho do Bom Pastor, na cidade catarinense de Blumenau, e matou, a machadadas, quatro crianças, com idades entre cinco e sete anos. Outras cinco crianças, entre três e cinco anos, ficaram feridas. Após o ataque, o responsável se dirigiu até o 10º Batalhão de Polícia da cidade, onde se entregou por conta própria e foi encaminhado à Polícia Civil.

Pouco se sabe sobre o assassino. Em coletiva de imprensa, o delegado responsável pelo caso afirmou que o autor do ataque já teve quatro passagens pela polícia. Em 2016, por briga em uma casa noturna; em 2021, por esfaquear o padrasto; em 2022, por posse de cocaína e, posteriormente, por quebrar um portão na casa de seu padrasto e esfaquear um cão que estava no local.

Os motivos que levaram ao assassinato, embora óbvios, foram ignorados completamente pela imprensa. Mais que isso: foram mascarados, substituídos por versões estapafúrdias sobre os acontecimentos. As tentativas de “explicar” o atentado vão desde pessoas que culparam o ex-presidente Jair Bolsonaro, àquelas que puseram a culpa no armamento (!), passando ainda por aloprados como o ministro Flávio Dino, que creditou às redes sociais a responsabilidade do ataque.

As razões pelas quais o cidadão invadiu são todas perfeitamente explicadas pela decadência da sociedade capitalista. A sociedade, tal como é hoje, enlouquece as pessoas, submetidas a uma crise sem fim. As perspectivas econômicas são cada vez piores. O País afunda em uma taxa de desemprego cada vez maior, maquiada pelas manipulações das estatísticas do IBGE, mas que é claramente comprovada pela desindustrialização crônica que o Brasil vem sofrendo desde a ditadura militar. Não há emprego e o salário-mínimo é cada vez mais desvalorizado, dando ao trabalhador um poder de compra inferior ao consumo de um escravo no Brasil colonial.

Do ponto de vista dos direitos democráticos, a situação é a mesma. Para que ninguém conteste a vida de escravo a que é submetido, o cerco à liberdade de expressão está chegando a tal ponto que ninguém mais sabe o que pode ou não falar. Qualquer coisa pode ensejar multa, censura ou até mesmo cadeia. É um mundo horrível de se viver, em que o sujeito é esmagado e trucidado apenas para garantir que os bancos continuem lucrando cada vez mais. Quem tem a infeliz oportunidade de se defrontar com a força armada propriamente dita do Estado, é literalmente agredido. A polícia atua impunemente, com licença para matar, realizando verdadeiros massacres nas periferias, nos presídios, no campo e nas ocupações, além de espancar quem participa do movimento operário e popular, os ambulantes e tudo aquilo que não parecer um banqueiro, não tiver cheiro de banqueiro e não falar como um banqueiro.

Nessas condições, qualquer pessoa é capaz de perder o equilíbrio. As pessoas que já são naturalmente desequilibradas, por sua vez, irão inevitavelmente cometer atos de loucura, comportamentos antissociais, cedendo à pressão da sociedade. Quanto maior a repressão, maior a possibilidade de haver um atentado terrorista ou mesmo um ato violentado aparentemente injustificado: é uma lei social.

Há alguma relação do evento com a situação política? Evidentemente, sim, mas não com a culpabilização de Bolsonaro, que é puro oportunismo eleitoral de quem o faz. O problema político em tela é a polarização política, que leva inevitavelmente ao desenvolvimento de uma extrema-direita, que, por sua vez, tem como característica a incitação da violência contra as pessoas – em especial, contra os mais fracos. A extrema-direita como um todo – e nisso se inclui não apenas Bolsonaro, mas a revista Veja, os apresentadores de televisão como José Luiz Datena, os latifundiários e todo tipo de direitista truculento protegido pelos capitalistas – são conhecidos pelos seus chavões: “mais repressão”, “bandido bom é bandido morto”, “tem que apodrecer na cadeia”, “pena de morte” etc.

A culpa do “discurso de ódio”, por sua vez, que serve de argumento para a censura na internet, é absurda. Ninguém sabe direito o que isso seja – defender uma ocupação seria discurso de ódio? Lula, após ficar 580 dias na cadeia, teria praticado “discurso de ódio” ao querer se vingar do capacho pró-imperialista, Sergio Moro? Trata-se de um truque direitista contra a polarização política, mas que, na prática, se volta sempre contra a esquerda. Um exemplo recente se viu com as declarações do ex-presidente equatoriano Rafael Correa, líder nacionalista que fez uma consideração ponderada sobre o problema dos negros, transexuais e das mulheres, foi imediatamente acusado de discurso de ódio. Falar em discurso de ódio é pedir mais repressão para aqueles que efetivamente têm o poder de reprimir – os juízes, os policiais e todos os agentes do Estado que estão no bolso dos capitalistas.

Não há nenhum indício de que as redes sociais tenham alguma coisa a ver com o atentado. A afirmação de Dino, neste sentido, além de truculenta, pois visa a censura, é ainda covarde: por que a internet seria responsável pelo “discurso de ódio”, mas a grande imprensa capitalista não?

Por fim, o caso de Blumenau ainda acabou por enterrar de vez as teses lunáticas dos defensores do desarmamento. Recentemente, os “desarmamentistas” haviam explorado o fato de que uma criança atirou contra a sua professora em uma escola, alegando que seria necessária uma fiscalização ainda maior sobre o armamento da população. Agora, no entanto, ficaram sem argumento: irão, por acaso, defender o fim dos machados? E depois, defenderão que a sociedade não use mais facas? É óbvio que se há homicídios na sociedade capitalista, isso não é culpa das armas. E mais: se o armamento fosse legalizado, a probabilidade desses acontecimentos seria muito menor – ou, ao menos, amenizadas. Afinal, se o armamento fosse legalizado, um professor armado, por exemplo, poderia parar alguém que estivesse com a intenção de atirar contra as crianças.

O desarmamento, portanto, só prejudica justamente aqueles que querem usar as armas para se defender. Comprar arma no Brasil, afinal, é algo simples, para quem tem algum dinheiro: em qualquer lugar se pode comprar uma arma ilegal e utilizá-la para cometer algum crime. No entanto, um professor que tenha como objetivo se defender não irá, por sua vez, levar uma arma ilegal para a escola apenas para se defender, pois correrá sério risco de ser penalizado por isso.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.