Nessa segunda feira, 14 de agosto, uma suposta tentativa de assalto, em uma movimentada avenida de Ribeirão Preto-SP, sofrida por Maicon de Oliveira dos Santos, soldado da PM, de 35 anos, ocasionou a morte de Julieta Ferraz, 27 anos, gerente de loja. A jovem foi atingida por um tiro no peito, quando atravessava o canteiro central da Avenida Independência, uma das principais vias da zona Sul da cidade, repleta de restaurantes, bares e estabelecimentos comerciais. A bala que matou a jovem veio da arma do policial Maicon.
Neste caso, o policial foi preso em flagrante. Preso pela polícia civil, o PM Santos relatou ter sido vítima de uma tentativa de assalto, por dois homens em uma motocicleta, quando caminhava até uma lanchonete próxima ao local do assassinato de Julieta. O caso destoa dos milhares de assassinatos perpetrados nas operações da PM, Brasil a fora, nas comunidades mais pobres, onde sequer sabemos o nome dos agressores. No recente caso da menina Eloá, de cinco anos, atingida e morta dentro de sua casa, na ilha do Governador, no Rio de Janeiro, por mais uma “bala perdida” da PM, provavelmente jamais saberemos o nome do assassino. Mas sabemos que os governadores dos estados, que comandam a PM, comemoram, autorizam e até se regozijam com o estado geral da barbárie e do genocídio brasileiro.
A política de segurança adotada atualmente, e aprovada por amplos setores da esquerda, causa espanto e perplexidade quando se observa anos a fio esse estado de coisas. Desarmar a população e armar cada vez mais uma polícia que é treinada para oprimir, reprimir e matar sem dó, constantemente, em especial aos movimentos sociais e as camadas mais pobres da sociedade, mas sem excluir ninguém, como vimos no caso de Julieta, parece um caso de loucura coletiva perversa e sem fim.
O caso mostra como a política de desarmamento é uma falácia: pressupõe-se, como afirmou Lula e Flávio Dino, que apenas as forças policiais devem estar armadas. O PM, que deveria ter treinamento para usar uma arma, acabou matando, ainda que sem intenção, a jovem. Mas se é apenas a polícia que deve estar armada, porque os casos de mortes são em sua maioria originados de ações policiais?
O problema é que o armamento é um direito da população. Toda a política de desarmamento é uma violação desse direito e nada mais. É por isso que em vez de defender que a população não tenha esse direito, é preciso defender o fim da polícia, uma máquina de matar o povo.