O presidente Lula declarou nessa terça-feira (24) que, embora a cooperação internacional seja bem-vinda, são os países da região amazônica que devem comandar os projetos de preservação da floresta, como também para em prol do desenvolvimento econômico da região. A declaração foi dada em Buenos Aires, na Argentina, onde Lula participa da sétima reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), com a participação em importantes lideranças da região, representando países como Argentina, Venezuela, Cuba, entre outros.
Da mesma maneira com que Lula adotou, de maneira correta, na COP (Conferência das Partes), a posição de defender a soberania dos países latino-americanos, o presidente brasileiro repete o discurso com mais intensidade, relembrando em conjunto os ataques que o imperialismo vem fazendo aos países da região, em especial a política golpista na Venezuela, e os bloqueios criminosos contra Cuba.
“A cooperação que vem de fora da nossa região é muito bem-vinda, mas são os países que fazem parte desses biomas que devem liderar, de maneira soberana, as iniciativas para cuidar da Amazônia. Por isso, é crítico que valorizemos a nossa Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – a OTCA”, afirmou Lula, em discurso divulgado pela Presidência.
Além disso, Lula colocou que, em breve, o Brasil irá convocar uma cúpula dos países amazônicos, e que a candidatura brasileira de Belém para sediar a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), de 2025, já está formalizada. “O apoio que estamos recebendo dos países da Celac é indispensável para que possamos mostrar ao resto do mundo a riqueza de nossa biodiversidade, o potencial do desenvolvimento sustentável e da economia verde, além, é claro, da importância de preservação do meio ambiente e do combate à mudança do clima”, complementou o presidente brasileiro.
Essas posições de Lula foram expressas em meio à campanha em torno da intervenção estrangeira na região amazônica. Após os casos dos ianomâmis, em que mais de 600 crianças morreram vítimas de desnutrição e falta de água potável, as ONGs internacionais, financiadas pelo imperialismo iniciaram uma nova grande campanha em nome da intervenção na região amazônica, com a suposta defesa da natureza e das populações indígenas.
A campanha, que tem como pretexto afirmar que o Brasil e os demais países da região não possuem a capacidade de cuidar de uma parte do seu próprio território, tem como fachada a situação calamitosa da população indígena brasileira e os casos de desmatamento. Na prática, a ação destes grupos imperialistas não possuem nenhum objetivo de preservação das terras ou de defesa dos grupos indígenas. O que ocorre, de fato, é que o próprio imperialismo lidera a exploração irregular em terras amazônicas e que a situação da população indígena no Brasil está diretamente relacionada com a opressão sofrida pelo País pelo próprio imperialismo, e pela ação da burguesia no massacre dessas populações.
As posições expressas por Lula revelam uma radicalização por parte do presidente brasileiro. Apesar da pressão do imperialismo, Lula busca garantir a soberania dos países latino-americanos. Mesmo quando foi pressionado a criticar a ação russa na Ucrânia, Lula aproveitou a deixa para criticar a política criminosa do imperialismo na América Latina, mencionando os embargos feitos contra Cuba há mais de 60 anos, e a ação golpista do imperialismo na Venezuela, lembrando o caso de Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país com o apoio do imperialismo.
O governo Lula vem se colocando no terreno internacional em uma posição de defesa dos interesses latino-americanos. O presidente brasileiro já declarou seu objetivo de retomar as alianças com os principais países da região, utilizar o BNDES como pilar do investimento brasileiro na América Latina e defender a soberania nacional.
A situação da Amazônia é parte deste problema da soberania dos países latino-americanos. A região é foco de grande interesse do imperialismo, que pretende controlar e saquear todas as riquezas que hoje são posse dos países latino-americanos. No passado, durante o regime golpista, o governo lacaio aos interesses do imperialismo buscou flexibilizar a intervenção estrangeira nessa reunião.
No entanto, com a vitória eleitoral dos trabalhadores brasileiros, garantindo a eleição de Lula, a situação política na região vem se alterando rapidamente. Com o apoio do governo brasileiro no fortalecimento das relações políticas e econômicas dos países latino-americanos, é possível travar uma série luta contra a intervenção do imperialismo, algo que Lula aos poucos vem se mostrando disposto a realizar.