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"Censura do bem"

Lobby sionista tenta “cancelar” Roger Waters em sua última turnê

Em mais uma edição da "censura do bem", lobby sionista pressiona para que as autoridades brasileiras infernizem o músico em seus shows no final do ano

Assim como tem ocorrido no exterior, o anúncio da turnê This Is Not a Drill colocou o lobby sionista em movimento. Anunciada como a última turnê da carreira solo de Roger Waters, estão previstos shows em cinco capitais brasileiras, entre outubro e novembro deste ano. O ex-baixista, cantor e compositor da famosa banda inglesa Pink Floyd tem enfrentado muita pressão por criticar a ocupação militar israelense na Palestina e por discordar da política do imperialismo em outros assuntos.

A campanha mais recente contra o músico teve como ponto de partida um show realizado em maio na cidade de Berlin. Reproduzindo uma performance realizada na mesma cidade em 1990, Waters encenou um personagem que segundo ele próprio representa um “demagogo fascista desequilibrado”. Personagem esse que vem do álbum The Wall, um dos mais famosos do Pink Floyd e que chegou até a ser tema de filme nos anos 1980. Longe de ser uma manifestação de apologia ao fascismo, a abordagem de Waters sempre foi interpretada ao longo dos anos como uma sátira e um alerta contra o fascismo.

O personagem “Pink” é uma vítima de abusos por professores autoritários e se isola psicologicamente do mundo. Num certo ponto da história, ele tem alucinações onde aparece como um ditador fascista. Por fim, o personagem “derruba a parede” que o separa do mundo real e se reconecta à realidade. A critica de Waters associa a educação autoritária ao comportamento autoritário de adultos, incluindo aqueles que fazem política.

De repente, temos a polícia de Berlin investigando o músico por “incitação ao ódio” e uma “enviada especial dos Estados Unidos para o combate ao antissemitismo” o acusando de ter “um longo histórico de uso de alegorias antissemitas para difamar o povo judeu”. Ao contrário da percepção do público presente nos shows, os agentes do imperialismo decidiram interpretar que tanto a performance citada quanto as criticas ao regime de terror imposto por Israel realizadas no show, e fora dele, seriam expressões de “racismo”, que estimulam o “ódio aos judeus”.

Aqui no Brasil, judeus declaradamente de esquerda e, outros, assumidamente direitistas, procuram atacar Waters por diferentes frentes. Foi divulgado na imprensa burguesa que Ary Bergher, uma figura que ganhou repercussão nos últimos anos por sua truculência, entrou com pedido para que Flávio Dino impeça a vinda do músico para os shows no Brasil. Atual vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil, Bergher teria pedido para que o músico seja acompanhado de perto pela polícia desde sua entrada no país e caso use o figurino do personagem de “The Wall” que as “providências” sejam tomadas.

Fosse apenas esse tipo de cachorro louco atuando pelo lobby sionista, o ridículo ficaria mais facilmente exposto. No entanto, o campo da esquerda tem sido tão flexibilizado pela esquerda “ongueira” que existe hoje um lobby sionista “de esquerda”. Em nota, o coletivo “Judias e Judeus Sionistas de Esquerda” toma o cuidado de explicar que Waters não é “nazista”, por conta de que o conteúdo do seu show é amplamente conhecido como uma crítica ao nazismo. Mas não deixam de acusá-lo abertamente de ser “racista”, especificamente contra os judeus no caso.

Uma crítica levantada pelo coletivo, e também evocada pelos representantes dos Estados Unidos, foi a citação do nome de Anne Frank no mesmo contexto em que é citada a jornalista palestina Shireen Abu Akleh. Segundo eles, ao fazer isso no seu show Waters estaria equiparando o Estado de Israel ao governo nazista de Adolf Hitler. Anne Frank foi uma adolescente alemã e judia que viveu e morreu diante da perseguição aos judeus no país, após sua morte seu diário com anotações e reflexões se tornou uma obra amplamente divulgada. Já Shireen Abu Akleh foi jornalista e repórter, cobrindo principalmente acontecimentos na Palestina ocupada e foi assassinada por forças israelenses em maio do ano passado, mesmo vestindo colete de imprensa.

De fato, é preciso reconhecer que não é possível estabelecer uma comparação justa entre a Alemanha nazista e Israel. Enquanto o regime de terror do Terceiro Reich durou cerca de 12 anos, o de Israel já completou 75. Um pesadelo mais de seis vezes mais longo. Ao contrário dos alemães, que não conseguiram confinar uma parte importante dos judeus nos países que chegaram a ocupar durante a Segunda Guerra Mundial, os israelenses jogaram da noite para o dia os palestinos num gueto. E seguem impondo um regime de fato racista, onde a população da Palestina tem status de cidadãos de segunda categoria. Qualquer pessoa séria que se considere de esquerda não tem qualquer dúvida em relação à necessidade de repudiar a ocupação israelense. Os ataques contra Roger Waters servem como pressão para intimidar outros artistas, celebridades e até políticos para evitarem de denunciar os crimes cometidos pelo estado de Israel.

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