Mais de cinquenta famílias podem perder a sua casa por desejo de um empresário e vontade do Judiciário. No Pernambuco, diversas famílias moravam em uma fazenda há mais de duas décadas, possuindo pessoas que moravam, inclusive, há três vezes mais tempo do que a média. Porém, por decisão da justiça, todos os moradores podem ser despejados para ceder o terreno ao empresário que ganhou o leilão das terras em que estavam.
Maria do Carmo, de 77 anos, denunciou que “agora querem chegar e derrubar tudo”, como é de praxe dos capitalistas. “Eu fiz minha vida aqui. Não tenho casa em lugar nenhum”, defende a senhora pernambucana, concluindo: “essa é minha vida”.
Maria do Carmo, entretanto, não está sozinha. Mais de cinquenta famílias se encontram na mesma situação que a senhora supracitada, tendo seus sustento, suas lavouras plantadas e seus animais de pequeno porte criados ameaçados. Os agricultores que lá habitam não foram, inclusive, notificados e consultados pelo poder público acerca do processo que levou o imóvel ao leilão. Os trabalhadores denunciam que, caso a ordem judicial seja cumprida, a medida irá provocar graves violações às posses antigas e aos direitos constitucionais das famílias, já que seriam mais de 100 pessoas que não teriam para onde ir em nome dos lucros de um único parasita capitalista.
Casos como este crescem não só no Pernambuco, mas como em todo o solo nacional. Há uma crença de que as autoridades devem combater a violação dos direitos dos trabalhadores e das famílias que lá estão, mas é um grande devaneio crer que haverá por parte do judiciário um senso de justiça e uma consciência da luta de classes que aborda a situação. As remoções no campo, arbitrárias e forçadas, acendem o alerta de que é preciso haver uma mobilização por parte dos trabalhadores e setores organizados da sociedade para a defesa dos agricultores e daqueles que vivem do campo. Suas atividades e suas vidas são ameaçadas por aqueles que desejam seu terreno, vistos como vermes por aqueles que verdadeiramente são os sanguessugas que se nutrem do suor de quem trabalha.
A situação das mais de cinquenta famílias está sendo acompanhada por representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais, pela Fetape, por agentes pastorais e pelo bispo da Diocese, pela CUT e por lideranças indígenas e quilombolas. Além de sua solidariedade, entretanto, é necessário que haja uma mobilização em torno da luta por seus direitos. Não haverá terra para todos enquanto houver parasitas que controlem o solo e sejam donos de lotes de terra.