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Ex-brother

Jean Wyllys e a falsa luta para “desbolsonarizar” o Brasil

JeanWyllys, que se acredita ter sido central na luta contra o golpe de 2016, diz que volta ao Brasil, apesar de não estabelecer data

Jean Wyllys em Israel

Nesta sexta-feira (3), O Globo publicou a “entrevista: ‘Sei que quer voltar e vou voltar’, diz Jean Wyllys, que planeja contribuir com o governo Lula”, com o ex-deputado federal que se auto exilou na Espanha, desde 2019, após sofrer ameaças de morte. Wyllys defende que é preciso “desbolsonarizar” a política brasileiras. “Ou nos restará puxar a cadeira, sentar e esperar a história se repetir. Sem responsabilização dos culpados não há reconciliação nem aprendizado para o futuro”.

De início, é preciso dizer que o foco deveria ser o fortalecimento da esquerda, e não uma pretensa “desbolsonarização”, pois o inimigo da esquerda é a burguesia, de quem Bolsonaro é um mero representante, que, como todos seus antecessores, é passageiro e descartável. Não existira bolsonarismo sem o financiamento e suporte burguês. As instituições do Estado, como o Judiciário, ajudaram a eleição de Jair Bolsonaro, bem como a intensa campanha da grande imprensa – como do próprio O Globo, que entrevista Wyllys – fez contra o PT. Foram anos de reportagens e manipulação de informação que criaram o ambiente de ódio e perseguição tão característicos do fascismo.

Em política não existe vazio, o bolsonarismo cresceu porque a esquerda recuou, muitos dos eleitores de Bolsonaro, pelo menos o extrato mais pobre, foi atraído por seu discurso ‘antissistema’. A retomada dos movimentos de rua, a luta pelos direitos trabalhistas, o enfrentamento com a burguesia, tudo isso fará o bolsonarismo recuar naturalmente, não é preciso uma luta específica.

Chama a atenção a questão da ‘responsabilização dos culpados’ levantada por Wyllys. Existe em boa parte da esquerda uma verdadeira onda persecutória. De todos os lados se ouve, prender, punir, responsabilizar, não anistiar… essa ‘cultura do cancelamento’ é uma adesão da esquerda a um comportamento da burguesia, que é o de judicializar tudo. A pequena burguesia, quando não está sob forte influência da classe trabalhadora, copia o que faz a burguesia, por isso quer criar seu próprio Mensalão, sua própria Lava Jato, e colocar seus inimigos políticos na cadeia.

A esquerda pequeno-burguesa apenas se esquece de certos ‘detalhes’, não tem uma aparato de força, como um exército e polícias, e muito menos controla as instituições do Estado, todos nas mãos da burguesia.

A entrevista

Perguntado quando volta ao Brasil, Wyllys diz que aguarda medida cautelar de proteção à sua vida que foi negada por Michel Temer. Segundo ele próprio, “Negada talvez por eu ter sido central na resistência ao golpe, no Congresso e nas mídias sociais”. Ora, a defesa parlamentar contra o golpe foi pífia, é preciso dizer a verdade. A única força central, mas que foi chamada a agir quando já era tarde, foi a classe trabalhadora. A derrota do golpe só poderia se dar pelas ruas, nunca pelo Congresso e muito menos por meio das redes sociais.

Sobre aceitar um cargo no governo Lula, o ex-deputado, em vez de dizer que sim, que aceitaria, disse que não fora convidado, que tudo o que fez “em defesa do governo Dilma e da inocência de Lula (…) a denúncia dos abusos da Lava-Jato, no enfrentamento da extrema-direita quando era sequer reconhecida, na restituição da democracia, não foi esperando algo em troca”. Acrescentando que tem “princípios e paixão. E discernimento: lealdade e gratidão não são os fortes da política no Brasil”. O que mostra seu ressentimento por ter sido ‘posto de lado’.

Ao ser perguntado sobre uma possível candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à prefeitura do Rio e sobre a fragilidade da esquerda fluminense, Jean Wyllys respondeu que não se “espanta que um escroque como Flávio Bolsonaro pretenda, depois dos crimes que seu pai e seu irmão perpetraram, ser prefeito do Rio. Chocante é a elite fluminense ter se permitido chafurdar nessa merda. Para sorte dos cidadãos, ainda há no Rio uma esquerda ilustrada, que resiste e à qual agradeço os votos”. O que salta aos olhos é que se apoie em uma pretensa ‘esquerda ilustrada’, nunca se refere à classe trabalhadora. Enquanto essa esquerda pequeno-burguesa vai atrás de certos ‘ilustrados’, Flávio Bolsonaro, com seu discurso demagógico, irá atrás do povo. E ninguém deverá se espantar no caso de ser eleito.

‘Fake news’

Na entrevista apareceu o tema das ‘fake new’, que é mais um dos terrenos nos quais certa parte da esquerda gosta de atuar, uma vez que abandonou a classe trabalhadora. Pelo menos, não deixa de ser engraçado ver um repórter, justamente de O Globo, perguntando ‘como enfrentar as fake news’. Será que ele próprio não acompanha a imprensa em que trabalha?

“… a internet e as mídias sociais são territórios onde o império da lei ainda não chegou. Daí criminosos reivindicarem, impunemente, o direito a assassinar reputações, vidas. Mas as sociedades serão capazes de conter este mal, já caminhamos nesse sentido”. O que acabamos de ler, é mais um pouco do que se tem visto na esquerda: invocam o ‘império da lei’, portanto o Estado burgês, para regulamentar a internet e coibir ‘abusos’, o que é o mesmo que censurar, impor limites à liberdade de expressão.

Temos visto como age o Estado em prol da verdade. A grande imprensa pode mentir à vontade, enquanto pessoas ou entidades ‘indesejadas’ são cerceadas. Além do Estado, grandes corporações privadas decidem o que pode e o que não pode ser dito.

No Brasil ‘democrático’ é proibido, por exemplo, questionar a lisura dos processos eleitorais, ainda que, como vimos recentemente, empresas se disseram especializadas em manipular eleições pelo mundo. Menos no Brasil, somos obrigados a concluir, ainda que não se conheça nada que seja infalível. Tirando o Papa… claro.

O repórter perguntou se Jean Wyllys acompanha o programa Big Brother Brasil, um ‘reality show’ onde pessoas ficam confinadas se trapaceando para ver quem ganha um prêmio milionário no final. Wyllys, que se tornou ‘celebridade’ ao vencer uma das edições, diz que não tempo e que crê “que pouco se extrai de politicamente efetivo, uma vez que o mundo comum foi destruído em bolhas que falam para si mesmas, e não para fora, como quando eu participei dele”. Pelo menos na cabeça do ex-deputado, já houve um tempo em que esse programa de televisão seria para alguma coisa. Talvez porque tivesse contado com sua ilustre presença. Quem sabe?

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