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Apesar da sabotagem do BC

Inflação cede e preços caem, mas problemas persistem

Nova política de preços da Petrobrás contribui para deflação, porém mais do que um alívio efêmero, o povo precisa de empregos e salários maiores

O IBGE divulgou no último dia 11 os resultados da pesquisa mais atualizada sobre o principal indicador inflacionário do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Conforme a pesquisa, a média dos preços no Brasil apresentaram ligeira deflação no mês de junho em relação a maio: 0,08%. Goiânia (-0,97%), São Luís (-0,62%) e Rio Branco (-0,5%) foram as capitais onde os preços mais caíram. Em contrapartida, Belo Horizonte (0,31%), Recife (0,28%) e Aracaju (0,26%), registraram igualmente ligeiras altas. Em São Paulo, a queda nos preços foi praticamente imperceptível: -0,01% na variação mensal, contra alta de 0,24% no mês de maio.

Alimentos (-0,66%), artigos para residência (-0,42%) e os gastos com transporte (-0,41%) foram os itens que mais puxaram o indicador para baixo, fator em que se destaca o papel da nova política de preços da Petrobrás implementada pelo governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, indicando também que os preços nesse setor podem cair ainda mais, conforme a prevalência dos interesses populares na direção da ex-estatal. Habitação (0,69%), despesas pessoais (0,36%) e vestuário (0,35%) apresentaram as maiores altas.

No acumulado dos últimos 12 meses (junho de 2022 a junho de 2023), os preços subiram ligeiramente: 3,16%. Embora difíceis de serem percebidos no bolso das famílias trabalhadoras, os números derrubam a última argumentação do Banco Central (BC) para manter a taxa básica de juros (Selic) no estratosférico patamar de 13,75% ao ano.

O chamado juro real (juro nominal, de 13,75%, menos a inflação acumulada, de 3,16%) faz com que a taxa básica no Brasil se situe em 10,59%, a mais alta entre as 20 maiores economias do planeta, superando países em guerra (caso da Rússia, cujo juro real é 5%) e nações assoladas por crises de hiperinflação (caso da Argentina e da Turquia, respectivamente, com -17% e -23,21% de juros reais) apresentam juros reais menores do que os brasileiros.

Entre a imprensa burguesa, a notícia foi recebida com um alerta de que a política de juros criminosa implementada pelo comando burocrático do BC precisa ceder:

“Nossa taxa de juros”, publicou o Valor Econômico, “é restritiva há mais de um ano. Os impactos desses juros já apareceram na redução da taxa de inflação e no arrefecimento de atividades econômicas mais sensíveis à demanda interna. Tais efeitos devem continuar por muitos meses, dada a defasagem dos impactos da taxa de juros. Entendemos que tais certezas justificam uma política monetária menos restritiva”, escreveu um dos principais órgãos do mercado financeiro do País, o Valor Econômico (“Efeitos defasados dos juros sobre o nível de atividade”, Ailton Braga, 11/7/2023).

Para o principal porta-voz da burguesia imperialista, o Estado de S. Paulo, “o mercado já dá como certo que a Selic vá começar a cair nessa reunião [do Comitê de Política Monetária, nos dias 1º e 2 de agosto], e essa deflação em junho deve dar mais força a essas apostas. A dúvida agora vai ficar muito mais sobre qual será o tamanho desse corte, se 0,25 ou 0,5 ponto (“Deflação é mais um ponto positivo para o governo, mas jogo está longe de estar ganho; leia análise”, Alexandre Calais, 11/7/2023). Já a Folha de S. Paulo colocou um “especialista” para creditar os números à política econômica do ex-presidente Jair Bolsonaro:

“‘No segundo semestre de 2022, o IPCA médio foi de 0,05% ao mês, principalmente pelas desonerações realizadas pelo governo Bolsonaro. No segundo semestre de 2023, o IPCA médio, segundo nossas projeções, será de 0,29% ao mês, que não é uma inflação alta’, afirma o economista-chefe da Nova Futura [Nicolas Borsoi]” (“Mercado já trabalha com inflação dentro da meta em 2023”, Lucas Bombana, 11/7/2023), publicou o jornal. Na mesma linha dos órgãos de imprensa anteriores, o diário paulistano avisa que a notícia “reforça a aposta de que o Banco Central irá cortar os juros em 0,25 ponto percentual” (Idem) em agosto.

Se por um lado a política comandada pelo presidente golpista do BC, Campos Neto, tornou insustentável a manutenção da Selic no patamar absurdo em que se encontra, por outro, a burguesia deixa claro que não está interessada em cortes significativos. Para os banqueiros, especuladores e toda a sorte de salteadores do erário, os juros altos têm duas vantagens. A primeira e mais óbvia, é o lucro.

Segundo projeções do FMI, a economia global deve crescer 2,8% neste ano (“A Rocky Recovery”, 4/2023). A matemática, como se vê, desfavorece a alocação de capital na economia real, mas torna extremamente vantajoso o assalto direto ao tesouro brasileiro, dado a perspectiva de retorno 391,07% maior garantido pelo BC, que tem ainda a vantagem de oferecer segurança aos especuladores.

A outra vantagem é política. Com a economia estrangulada pela taxa de juros elevada, compromete-se também as condições para o governo Lula impulsionar uma política progressista, que traga empregos e salários às massas trabalhadores, e lhe dê capital político para governar com independência em relação à burguesia.

Embora a diminuição da pressão sobre as condições de vida das famílias trabalhadoras seja positiva, a deflação não resolve os graves problemas enfrentados pela classe operária, principalmente a falta de empregos e os baixos salários, as raízes de crises sociais como a fome e o crescente contingente de seres humanos vivendo nas ruas das grandes cidades. A solução de tais mazelas demanda uma ação enérgica das organizações dos trabalhadores e populares contra a política monetária praticada, e também pelo controle operário do sistema financeiro nacional, que controlado pela burguesia, é sempre uma arma dos capitalistas para atacar a população das mais variadas formas. 

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