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Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Argentina

Identitarismo não garante direitos

Entretanto, até o momento, em nenhum lugar do mundo os identitários conseguiram entregar um governo em que satisfaça a população

Os identitários vendem sua ideologia como o lastro principal para a melhoria nas condições de vida do povo, evocando conceitos abstratos como representatividade, corpo, não-binariedade, xxxx-fobia, xxxx-ismo, bem-viver e o raio que o parta. Entretanto, até o momento, em nenhum lugar do mundo conseguiram entregar um governo em que satisfaça a população. Exceção feita aos países em que já há uma sociedade estável, devido ao avanço e preponderância da burguesia nacional junto ao imperialismo, como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, em todos os lugares onde a ideologia woke chegou ao poder, fracassou.

A Argentina, embora não tenha tido um sujeito propriamente identitário no poder, como vem sendo com o Chile de Gabriel Boric, convive com esse aspecto de nação socialmente avançada, em matéria de direitos, há algumas décadas. Faz poucos anos, quando da aprovação do aborto em condições praticamente irrestritas (o que está correto), viralizou um vídeo de feministas comemorando a permissão aos gritos de “fim do patriarcado medieval” na avenida 9 de Julho, propalado como síntese do avanço argentino em relação aos demais países da América do Sul. 

A consigna “lute como um argentino” foi exemplo de combate ao neoliberalismo, quando Mauricio Macri passava seus pacotes de maldades contra o povo. Tal palavra de ordem negligenciava momentos de luta dos brasileiros que foram mais eficazes que quaisquer dos argentinos, como as greves do ABC de 1978 (quando a Argentina, inclusive, vivia o auge do morticínio de Rafael Videla à frente da ditadura militar) ou a própria primeira eleição do presidente Lula, que teve na Argentina um pastiche de mau gosto na figura do casal Kirchner.

Foi justamente a falta de politização de um povo argentino orientado pela acomodação de uma classe média que se crê a Europa da América Latina, e se mantém há anos às custas não do desenvolvimento econômico, industrial e social do próprio país, mas de uma infinidade de penduricalhos em benefícios governamentais, regados a empréstimos infindáveis junto às instituições do capital internacional, que gestaram o estrago que será causado por Javier Milei na presidência do país. 

Tudo não passada da cumplicidade entre governos dispostos a manterem-se no poder utilizando-se de uma máquina de Estado pronta para retroalimentar seu peronismo amorfo entre direita e esquerda, sustentado num paternalismo pequeno-burguês, e um povo disposto a rezar essa cartilha, gozando de prestígio internacional devido a aspectos simbólicos como seu feminismo de classe média, seu número de livrarias, seus seis prêmios Nobel, dois Oscar, Cortazar, Messi, o Papa etc. Com bem menos que isso, sendo seu único patrimônio imaterial o desempenho de seu esporte olímpico, Cuba jamais foi ameaçada por ditaduras de extrema-direita (Videla), pelo neoliberalismo do Consenso de Washington (Menem, de la Rúa), ou agora pela extrema-direita pós-moderna (Milei). 

No português chulo e popular, que, segundo dizem por aí, jamais sairia da boca dos letrados argentinos, “essa pica não é nossa”, “cada um com seus problemas”. Voltemos à defesa da Palestina, que é mais relevante para a humanidade.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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