Em viagem a Munique, na Alemanha, neste dia 17 de fevereiro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira reiterou que o Brasil não enviará armas para a Ucrânia. Segundo o ministro, em declaração à 59ª Conferência de Segurança da ONU, o envio de armas e de tanques aos ucranianos seria entendido como uma participação na guerra.
Em seu discurso, representando a posição oficial do Brasil sobre a questão, Mauro Vieira disse: “Em vez de falar de guerra, preferimos falar de paz”. O próprio presidente Lula já havia negado o pedido oficial da Alemanha para enviar armas aos ucranianos: “Se eu enviar armas, eu entro na guerra”, comentou o presidente sobre a ocasião.
Tais colocações comprovam o conteúdo nacionalista do governo Lula, isto é, sua oposição ao imperialismo. Não à toa, Victoria Nuland, subsecretária do Departamento de Estado norte-americano e uma das principais organizadoras de golpes de Estado em todo o mundo, cobrou do governo Lula uma posição favorável à Ucrânia.
O imperialismo decidiu pressionar o governo Lula publicamente. Além dessa decisão de não enviar nem armas, nem tanques à Ucrânia, o petista ainda propôs, em agenda oficial nos Estados Unidos, a criação de um Clube da Paz para mediar o conflito, que fosse formado pelos países que não estivessem direta ou indiretamente ligados a guerra.
Na prática, Lula defendeu que a guerra na Ucrânia tivesse um desenlace decidido, fundamentalmente, pelo próprio Brasil e por Índia e China, que seriam os maiores membros deste Clube de negociação. Afinal, nele, não poderiam participar nem os países europeus, nem os norte-americanos, em razão de estarem envolvidos no conflito ao lado dos ucranianos.
Em que pese o caráter moderado de tal medida e o fato de ela ser incapaz de verdadeiramente pôr fim à guerra, é inegável que a posição de Lula gera uma dura contradição com o imperialismo. Os Estados Unidos não querem a paz, muito menos uma paz com os termos decididos pela China; portanto, as posições de Lula e de Biden são inconciliáveis.
A política correta seria o apoio à Rússia. Portanto, naturalmente, a política moderada, isto é, de conciliação, defendida por Lula não é a política que um marxista deveria tomar em relação à situação. No entanto, nem por isso ela deixa de ser uma oposição à OTAN e ao imperialismo de conjunto: o fato de todo o aparato de propaganda imperialista, tal qual a CNN, ter se unido para atacar as declarações de Lula constituem uma prova concreta disso.
Com a posição de não enviar armas à Ucrânia e de propor um clube da Paz liderado por Brasil e China para mediar a guerra, Lula deixa claro que se opõe ao imperialismo no fundamental. Em todas as questões, no que diz respeito a política internacional, por mais que levando adiante uma política moderada, o presidente brasileiro está na linha oposta da política defendida pelos grandes capitalistas internacionais.
Portanto, tendo em vista tal panorama, é preciso não entender nada de análise política para chegar a conclusão de que Lula está a serviço do imperialismo. Quem analisa de modo tão rasteiro e estapafúrdio a situação internacional já deixou, há muito tempo, qualquer compromisso com a realidade de lado. Ao contrário, é preciso compreender que, em todas as questões fundamentais, Lula enfrenta a OTAN e se posiciona de maneira inconciliável em relação a ela.