No final do ano passado, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) atualizou o Código Esportivo Internacional que rege seus campeonatos, incluindo um artigo que coíbe “posicionamentos políticos, religiosos e pessoais”, no Artigo 12 do livro de regras. Segundo a entidade, em um ato para justificar o novo artigo, justifica-se pelo princípio geral de neutralidade da entidade gerida pelo presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem. No mesmo ano, em 2022, Mohammed Ben Sulayem já havia feito críticas a Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Lando Norris por suas manifestações dentro da F1.
No item que fala sobre manifestações políticas, tópicos como menções a partidos políticos, pessoas sensíveis, governos ou forças militares, movimentos separatistas, grupos de ódio, conflitos militares e políticos – como a Guerra na Ucrânia – e regimes totalitários ou atos e eventos de cunho político, estão proibidos. A FIA também considera como uma manifestação política a menção à “uma etnia ou comunidade indígena específica”. Mesmo vestir uma camiseta contra o racismo poderá enquadrar o piloto. A medida ditatorial, torna-se ridícula, quando vemos que a própria FIA permitiu manifestações dos pilotos a favor da Ucrânia na eclosão do início da operação militar e excluiu o GP da Rússia do calendário pelo mesmo motivo.
A medida não foi bem aceita pelos pilotos da categoria, dos vinte que correrão o GP 2023, nove se colocaram abertamente contra a entidade. Na última semana, a entidade informou que o artigo continuará presente, mesmo após o protesto de alguns pilotos. O presidente Sulayem, num ato de deboche e servilidade, disse: “O que um piloto faz de melhor? Pilota. (…) Há outras plataformas para se expressarem”. A medida que retiraria pontos dos pilotos por ativismo no dia da prova, formalizada, coloca em pauta até a expulsão dos ‘infratores’ da categoria, procurando colocar em definitivo uma censura ao esporte.
O que estamos vendo é um avanço da censura e controle de opiniões no esporte a nível mundial. Tanto através do uso do identitarismo como plataforma demagógica, também com ataques diretos a qualquer tipo de expressão.
No futebol, a CBF já institui que qualquer grito racista, homofóbico, etc. poderá punir os clubes e os torcedores envolvidos criando uma clima de repressão nas arquibancadas, no esporte mais popular do país. A F1 quer proibir qualquer tipo mínimo de ativismo durante as corridas, proibindo mesmo uma camiseta ou um boné com qualquer palavra de ordem.
Outros esportes estão seguindo a mesma linha e em pouco tempo nem os torcedores, nem os que assistem e muito menos os atletas poderão emitir uma opinião sem estarem sub judice da política capitalista. Nos últimos anos a burguesia avança a passos largos. Proíbe falar do negro, proíbe defender o negro, proíbe achar bom, proíbe achar ruim, proíbe tudo. Na crise do capitalismo, a burguesia quer mesmo é proibir.