O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, noticiou na semana passada que os índios Pataxós estão pedindo a intervenção da Força Nacional para conter a escalada da violência que o povo Pataxó vem sofrendo.
Os Pataxós vivem em diversas aldeias no extremo sul da Bahia e norte de Minas Gerais, e há evidências de que a aldeia Barra Velha existe há quase dois séculos e meio, desde 1767.
Na quarta-feira (18/01), houve uma reunião entre os movimentos indígenas da Bahia, a Polícia Federal (PF) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O objetivo desta reunião foi cobrar urgência na investigação sobre os assassinatos dos dois jovens Pataxós, Samuel do Amor Divino Braz e Nauí Brito de Jesus. Os assassinatos ocorreram no dia anterior por disparos de arma de fogo na BR-101, no município de Itabela, no extremo sul da Bahia.
Os movimentos indígenas presentes foram: Movimento Indígena da Bahia (Miba), Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) e Conselho de Caciques do Território Pataxó Barra Velha. A reunião aconteceu na Terra Indígena (TI) Barra Velha, que fica no extremo sul da Bahia.
Na reunião o presidente do FINPAT, Cacique Aruã Pataxó, lembrou que no último ano os ataques às aldeias Pataxós se intensificaram, em setembro/22 foi morto um garoto Pataxó de apenas 14 anos, Gustavo Conceição Silva, da aldeia Comexatiba. Em dezembro/22 a aldeia Quero Ver sofreu uma invasão com homens armados que atiraram com armamento pesado contra a comunidade.
O Cacique Aruã Pataxó pontua que é necessário efetivar a demarcação das TIs de Barra Velha, e espera que o novo governo aja com maior assertividade que o governo ilegítimo e fascista de Jair Bolsonaro, ressalta: “Esperamos mesmo um posicionamento do Governo Federal, na Portaria Declaratória da Terra Indígena Pataxó Barra Velha. Assim, teremos melhores garantias e efetividade prática que os processos fundiários chegam em sua conclusão posterior, para a garantia dos direitos indígenas territoriais e cessem esses ataques contra a vida do nosso povo Pataxó”.
Segundo consta na matéria do MST, nesta reunião foi solicitada a presença da Força Nacional, e que a comunidade reclama uma presença mais assertiva do Estado, que a Polícia Militar (PM) não tem capacidade de cobrir a área que possui mais de 20 locais espalhados pelos municípios de Prado, Itamaraju, Porto Seguro e Itabela.
A questão é, a PM ou qualquer outra força de repressão, não estão do lado dos índios, dos sem terra, da população pobre de qualquer lugar do Brasil. Acreditar que a PM ou a Força Nacional irão proteger as TIs é pura ilusão. É preciso dizer que os índios que tiveram experiência com a PM e com os militares, não querem intervenção das forças de segurança, pois sentiram na própria pele o fascismo destas instituições.
As forças de segurança sempre estão mancomunadas com os pistoleiros, latifundiários e inimigos dos índios. É preciso organizar comitês de auto-defesa dos povos indígenas para fazerem sua própria segurança, com ajuda dos sem terra e demais trabalhadores do campo.