A III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, que ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de junho em São Paulo, cumpriu sua missão de dar um pontapé para a mobilização dos trabalhadores contra a sabotagem da direita golpista e em torno de suas próprias reivindicações.
A própria organização do evento já refletiu o processo de mobilização. O evento aconteceu na Quadra dos Bancários, um espaço tradicional da luta dos trabalhadores. As caravanas de todo o País foram financiadas por uma campanha militante, repleta de dificuldades, ancorada unicamente no apoio que o movimento dos comitês luta têm na classe operária. “Vaquinhas”, atividades sociais de arrecadação, venda de rifas e a campanha financeira homem a homem foi o que garantiu que companheiros do interior do Centro Oeste e das regiões mais longínquas do Centro-Oeste estivessem na Conferência.
Os métodos de luta para organizar a Conferência contrastam em absoluto com a política que um setor da esquerda decidiu levar adiante nos últimos anos. Acuada pela ofensiva da direita sobre o regime, a burocracia sindical e as direções da esquerda nacional encontraram na pandemia de coronavírus o pretexto perfeito para não sair às ruas. Desde então, as reuniões pela internet e os encontros virtuais têm sido a regra nas atividades da esquerda nacional, bloqueando uma verdadeira mobilização. Com as reuniões pela internet, com a ausência de assembleias, de grandes encontros, cada vez menos tem sido possível debater em profundidade a situação política e tomar decisões frente aos graves problemas políticos colocados.
A Conferência, ao mesmo tempo em que teve a importância de colocar as pessoas em movimento, também conseguiu reunir representantes de várias das principais organizações do movimento popular e operário. Entre elas, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com uma base de quatro milhões de trabalhadores, a APEOESP, que é o maior sindicato da América Latina, o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Frente Nacional de Lutas (FNL). Além delas, dezenas de organizações menores e setores importantes que ainda não possuem uma organização relevante a nível nacional, o que mostram que a tendência à mobilização já se generalizou. Entre elas, podem ser destacadas os movimentos de moradia e os índios. Merece ainda destaque o caráter internacionalista da Conferência, que contou, em sua mesa final, com a participação do cônsul de Cuba, Pedro Monzón.
Além da participação variada, a Conferência serviu para aprovar um programa de luta dos trabalhadores e dos oprimidos, programa este que foi aprovado por todos. O seu significado é muito claro: cada vez mais, o povo toma consciência de que não existe outra saída para a situação política que não passe pela luta. A crença nas instituições, a crença de que é possível chegar a um acordo com Arthur Lira e os bandidos do Congresso Nacional está com seus dias contados. Daqui para frente, caberá às centenas que participaram da Conferência Nacional a luta convocar todo o povo brasileiro para a luta contra os sabotadores do País.