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Política autoritária

Flávio Dino quer ser o Alexandre de Moraes do governo

Nenhuma liderança bolsonarista será presa, mas as leis servirão de base para quando chegar o momento, haver uma verdadeira perseguição contra toda a esquerda nacional.

O Ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que irá apresentar nesta semana um novo projeto de lei cujo objetivo é monitorar as publicações que “representem risco à democracia nas redes”. A proposta, segundo Flávio Dino, irá regulamentar, através do Código Penal, conteúdos que “atentem contra o Estado Democrático de Direito”, e possam conter mensagens consideradas pela justiça como “terroristas”.

A ideia é contar com denúncias realizadas pelos usuários para a justiça brasileira e notificando também as plataformas, para assim poderem censurar as postagens de “anti-democráticas”. Dessa maneira, Flávio Dino busca se tornar uma espécie de Alexandre de Moraes dentro do governo Lula, impulsionando a política de censura e perseguição nas redes sociais.

Para Flávio Dino, as redes sociais, genericamente, são responsáveis pelas manifestações ocorridas no dia 8 de janeiro que, graças a falta de competência do próprio ministro, foram responsáveis por uma onda de destruição nos três poderes e por iniciar uma nova crise no governo recém eleito.

Assim, Flávio Dino quer criar uma legislação penal para as redes sociais e seus usuários, incriminando falas que possam ser consideradas como “anti-democráticas” ou até mesmo “terroristas”. No entanto, quem fará este controle?

A proposta de Flávio Dino encabe à justiça brasileira, a mesma controlada por figuras do regime golpista, que foram até hoje a sustentação do golpe de Estado no País, de controlar as informações. Assim, quem irá decidir o que era ser censurado, perseguido e bloqueado claramente não será Dino, ou qualquer figura do governo, mas sim a golpista justiça brasileira.

Dessa maneira, as ações de Flávio Dino terão como única finalidade impulsionar, querendo ou não, os principais setores de judiciário brasileiro, ligados à burguesia e ao imperialismo. Não será o governo Lula que será defendido, mas sim o governo passará a ser uma vítima destas medidas autoritárias.

O aumento do poder do judiciário, que já tenta impor uma ditadura no País, com suspensão de direitos democráticos básicos, censuras expressas e bloqueios autoritários de redes sociais, levando inclusive a prisão de opositores.

Flávio Dino não conseguirá ser um novo Alexandre de Moraes, pois para ser um autoritário, é necessário apoio para isso. Alexandre de Moraes tem o apoio da burguesia para suas empreitadas ditatoriais, já Flávio Dino não tem apoio, tanto na burguesia, quanto na base do governo para realizar tais medidas.

Dino promete lutar contra os “terroristas”, mas, na prática, o máximo que irá conseguir fazer será prender pessoas irrelevantes para o movimento golpista que se estrutura no País. Isso por que, o cerne do problema está no alto escalão das Forças Armadas, de onde todo o movimento é estruturado, e contra estes, Flávio Dino não conseguirá mover um único dedo em nome da “democracia”.

Na realidade, o terreno está sendo preparado para uma onda de perseguição contra a população brasileira de conjunto. Quem será afetado por isso, é justamente a esquerda, as organizações dos trabalhadores e o próprio governo Lula. Por um lado é negativo para a imagem do governo ter alguém que leve a frente uma política de censura, por outro lado, esta política se voltará rapidamente contra os interesses do governo. Nenhuma liderança bolsonarista será presa, mas as leis servirão de base para quando chegar o momento, haver uma verdadeira perseguição contra toda a esquerda nacional.

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