Localizado no bairro Fundação, em São Caetano do Sul, região do grande ABC, o frigorífico Cardeal é alvo de denúncias dos trabalhadores, devido às péssimas condições de trabalho.
A falta de equipamentos de proteção individual, a situação referente à manutenção é muito precária e sequer há ferramentas para os trabalhadores desse setor.
Os representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo estiveram na porta da fábrica com o boletim Faca Afiada, onde retratava sobre as condições colocadas aos trabalhadores, quando do vazamento de amônia e sua regularidade de acidentes com tal gás.
O Cardeal é um dos exemplos do que ocorre com os trabalhadores devido à exposição ao Amoníaco. Funcionários desse frigorífico sofrem sequelas devido ao contato com o gás e a falta de manutenção que até hoje, mesmo afastado do trabalho, sentem a tragédia de viver com os olhos lacrimejando, como se estivessem constantemente em prantos. Em um dos casos em que o trabalhador da casa de máquinas teve de introduzir válvulas anti-lacrimal em seus dois globos oculares, na tentativa de resolver o problema, mas de nada adiantou essa operação.
Câmaras frias
Apesar dos frigoríficos serem considerados zonas de grau de risco 2, por insalubridade, devido as baixíssimas temperaturas, chegando a mais de 30 graus centígrados abaixo de 0, no frigorífico não há o intervalo térmico que corresponde a cada 1h40 o trabalhador deve estar afastado da câmara fria por 20 minutos, ou seja, os patrões desrespeitam totalmente a legislação, conforme reza o artigo 253 da CLT assegura uma pausa de 20 minutos depois de uma hora e 40 minutos de trabalho para quem atua em baixas temperaturas, de acordo com zonas ou movimenta mercadorias entre ambientes frios e quentes.
No Cardeal, os trabalhadores denunciaram, também, que não há isonomia salarial, uma vez que há trabalhadores que fazem a mesma função, no entanto, recebem salários diferenciados.
Não existe Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT) no frigorífico, ou melhor, a lei que impera é a dos patrões, pois são eles, fazem suas próprias leis, igual as cartilhas elaboradas pelos donos do Marfrig e do JBS/Friboi, no caso do Cardeal é dispensado a formalidade da cartilha, desta forma, os trabalhadores servem como verdadeiros escravos.
O Sindicato dos trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo estará realizando, nas imediações da fábrica, reunião com os trabalhadores e tomará medidas para resolver esses desmandos dos patrões.