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Extrema-direita vence eleições para Constituinte Chilena

A Constituição chilena, que já havia sido uma manobra para conter as mobilizações de 2019, produziu um resultado ainda mais catastrófico. Graças a Boric.

Após ter rejeitado, no plebiscito nacional de setembro de 2022, uma nova Constituição para a República do Chile, o povo chileno foi novamente às urnas neste domingo (07), para eleger o Conselho Constitucional, órgão que elaborará novamente uma Carta Magna e a submeterá a novo plebiscito.

Contudo, a direita e a extrema-direita consagraram-se vitoriosas no pleito.

A extrema-direita, materializada no Partido Republicano, conquistou 22 lugares no Conselho Constitucional, de um total de 51.

Em segundo lugar, veio a aliança governista de esquerda “Unidade pelo Chile”, aliança esta que abarca 08 partidos, conquistando um total de 17 lugares.

Em terceiro lugar, conquistando 11 assentos, ficou a aliança de direita “Chile Seguro”, que engloba 03 partidos, dentre os quais o Renovação Nacional, partido do ex-presidente Sebastián Piñera, que esteve na chefia do Executivo chileno na época das manifestações de 2019/2021.

Resumo da ópera – a direita e a extrema-direita conquistaram a maioria absoluta de 33 cadeiras no Conselho Constitucional, mais do que as 31 necessárias para aprovar mudanças. Já a esquerda não conseguiu o mínimo necessário de 21 cadeiras para poder vetar as propostas dos direitistas.

Em outras palavras, a direita e a extrema-direita poderão redigir sozinhas a nova Constituição.

Isto mostra que o que é ruim sempre pode piorar, haja vista que a proposta de uma nova Constituição para o Chile, na ocasião em que foi feita, já havia sido uma manobra da burguesia chilena e do imperialismo para conter as mobilizações populares.

Em 2019 teve lugar no Chile, em escala nacional, gigantescos protestos contra o estado de miserabilidade que se encontravam os trabalhadores e o povo chileno. Esse estado de penúria era uma culminação de décadas de rapina neoliberal perpetrada contra a população, que teve início com a ditadura fascista de Augusto Pinochet, mas que jamais foi rompida por nenhum governo posterior.

Milhões de pessoas saíram às ruas. Dezenas de pessoas foram assassinadas pelos carabineiros. Dezenas de milhares foram feridas. Outras dezenas de milhares de manifestantes foram presos. Eventualmente, as manifestações tomaram um caráter insurrecional, pré-revolucionário.

À época, o presidente do Chile era Sebastián Piñera. Caso houvesse uma direção revolucionária entre as organizações dos trabalhadores, entre a esquerda, o governo poderia ter sido derrubado.

Contudo, não havia organizações à altura da situação. Pelo contrário, as organizações de esquerda, partidos políticos, sindicatos etc. contribuíram para frear as mobilizações e para que elas fossem sufocadas pelo governo Piñera.

Dentre as manobras feitas para refluir, sufocar e acabar com as manifestações esteve a convocação de um plebiscito em âmbito nacional, para ser criada uma nova Constituição para o Chile.

O plebiscito foi realizado 25 de outubro de 2020. Entre idas e vindas, a votação do texto da nova constituição foi realizada em setembro de 2022, tendo sido rejeitado, conforme relatado no começo deste artigo. Apesar disto, a manobra para conter as mobilizações foi bem sucedida, pois Sebastian Piñera continuou no governo até o final de seu mandato.

Ora, uma nova Constituição deve romper com o regime anterior, removendo todos os lixos e obstáculos que impedem o desenvolvimento do povo e do país. Fica claro o caráter de farsa da nova Constituição chilena, a sua natureza de manobra para conter as mobilizações, quando se constata que Sebastián Piñera (o presidente que foi o estopim dos protestos) permaneceu como presidente durante todo o processo da constituinte.

Assim, através da proposta de uma nova Constituição, as mobilizações foram canalizadas para o terreno institucional. Refluíram e foram contidas. Esta foi a primeira manobra. Foi bem sucedida.

A segunda manobra foi a eleição do atual presidente, Guilherme Boric, um político fabricado nos laboratórios do imperialismo. Um direitista com fachada de esquerdista. Sua eleição não foi um resultado das manifestações, mas uma manobra do imperialismo, auxiliado pela burguesia chilena e pela burocracia dos partidos de esquerda para conter definitivamente as mobilizações de 2019/2021.

Novamente, a manobra foi bem sucedida. No governo, sua política segue a cartilha neoliberal do imperialismo. De forma estrita. A repressão ao povo chileno segue firme, como se Sebastián Piñera continuasse a governar. Os manifestantes que foram presos nas mobilizações continuam encarcerados. Apesar de sua demagogia identitária, Boric promoveu dura repressão sobre os índios Mapuches, tomando o lado de latifundiários.

Chegamos, então ao resultado das recentes eleições ao Conselho Constitucional, em que a extrema-direita e direita saíram vencedoras, podendo redigir a constituição ao alvedrio da esquerda.

Este resultado catastrófico é consequência direta do governo de Gabriel Boric. Ele serviu para pavimentar novamente o caminho para que a direita voltasse novamente ao total controle do Estado chileno. Como? Sendo um direitista lacaio do imperialismo, porém disfarçado de esquerdista, ele contribuiu para desmoralizar a imagem da esquerda perante a população chilena, e enfraquecer o conjunto dos partidos e das organizações dos trabalhadores, as quais já eram bastante burocratizadas.

É importante, frisar, contudo, que esse papel cumprido por Boric não foi um acidente de percurso. Ele foi colocado na presidência da República justamente para isto. Um direitista com a aparência de esquerdista serve para desmoralizar a esquerda, e reabilitar a direita para que ela volte ao poder.

Gabriel Boric é um político criado nos laboratórios o imperialismo para este fim. Há inúmeros políticos assim mundo afora, inclusive no Brasil. Guilherme Boulos é um deles. Não é coincidência que faz parte da Rede Futuro, da qual Boric também faz parte. É preciso que a esquerda e os trabalhadores brasileiros estejam sempre atentos a essas figuras e a essas manobras, pois eles estarão preparados para agir para conter a revolta popular quando a situação política se acirrar.

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