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Trotskismo de fachada

Esquerda ‘trotskista’ do PSOL abraça Yaku Pérez e identitarismo

Revista Movimento publica matéria para defender o cavalo de Troia Yaku Pérez e promover as políticas do imperialismo, como o identitarismo e o 'ecossocialismo'

Yaku Pérez

Matéria “As eleições no Equador e as fakenews na ‘esquerda'”, publicada na Revista Movimento, órgão que pertence ao MES (Movimento Esquerda Socialista), corrente de Luciana Genro e Sâmia Bonfim no PSOL, neste 17 de agosto, mostra como uma parte da esquerda se prende à forma e não consegue, portanto, extrair o conteúdo dos eventos políticos.

No olho da matéria lemos que haveria uma “campanha de difamações contra a candidatura de Yaku Perez atinge diversos setores da esquerda internacional”. O texto critica nomeadamente Ben Norton, que publicou matéria no The Grayzone, e que a Movimento afirma que “levanta suspeitas de Yaku ser um “agente da CIA”, através de distorções de falas e edições de posições colocadas fora do contexto”

A crítica de Ben Norton é bastante consistente. Na corrida eleitoral equatoriana, havia a possibilidade de uma disputa entre o banqueiro Guillermo Lasso e Andrés Arauz, da linha do ex-presidente Rafael Correa. Apesar de as pesquisas mostrarem a consistência de Arauz para vencer Lasso, Pérez se manteve na disputa, o que dividiu os votos da esquerda. Essa é uma manobra muito conhecida que a direita costuma utilizar.

Segundo Norton, “Pérez, um líder indígena do partido Pachakutik do Equador, pretendia ser a verdadeira opção de esquerda nas eleições, condenando Arauz e o movimento socialista correista que ele representa por serem insuficientemente puros. Mas o histórico político de Pérez sugere que ele é um cavalo de Tróia para os inimigos mais ferrenhos da esquerda.”.

Para os interessados, é possível ler aqui o texto https://thegrayzone.com/2021/02/08/eeuu-ecuador-yaku-perez-golpes-pachakutik/ na íntegra – em espanhol.

Identitarismo

A Revista Movimento, como toda esquerda pequeno-burguesa, está impregnada com o identitarismo, é por isso que não consegue enxergar para além das formas. Como todos sabemos, há no identitarismo um tal “lugar de fala” que, resumidamente, reza que um negro tem automaticamente mais autoridade para falar sobre questões dos negros que as demais pessoas; o mesmo vale para questões de sexualidade etc. De modo que bons argumentos não são suficientes.

Outra distorção do “lugar de fala” é que serve como censura prévia. Uma pessoa branca não teria o direito de se expressar sobre temas ligados aos negros, indígenas e assim por diante.

Dito isso, Yaku Pérez, para os identitários, se credencia automaticamente como porta-voz das causas indígenas e do meio ambiente, embora nunca tenha sido eleito para tal. No Brasil, temos o caso de Sônia Guajajara, que se faz passar por defensora das questões do índio. Guajajara, ela mesma admitiu, esteve financiada pela Fundação Ford (um braço da CIA) para viajar pela Europa e participar de vários eventos.

A Fundação Ford/CIA está por trás de grupos como o movimento Não Vai Ter Copa – que abriu caminho para o golpe de 2016 – e da luta contra a usina hidrelétrica de Belo Monte.

Discurso imperialista

É de se notar que a matéria da revista Movimento fale das eleições equatorianas, que acontece “no contexto de uma mudança de qualidade na vida política do país, com o crescimento do poder do narcotráfico e dos grupos armados, que se multiplicam na terra arrasada das políticas neoliberais”. A questão do narcotráfico é central para o discurso do imperialismo, pois é o seu suposto combate que justifica a ingerência dos Estados Unidos na região, com sua farsesca “guerra ao tráfico”, que só tem conseguido aumentar a produção de cocaína e a instalação de bases militares no subcontinente.

Segundo o artigo “O Equador acumula um recente histórico de enfrentamentos de massas contra os últimos governos, tendo como epicentro o levante de outubro de 2019. O protagonismo indígena e popular paralisou o país, derrotou o “pacotaço” neoliberal e feriu de morte o governo de Lenin Moreno. Há um marco regional que confere centralidade para essa disputa: o fracasso do processo constituinte no Chile, a eleição de Petro e Francia na Colômbia (…)”.

Temos que destacar aqui a questão de Petro e sua vice, Francia Márquez, pois além de Petro ser ultramoderado, Francia presidia uma ONG, a Fundação Foro Suroccidente, financiada por nada menos que a Fundação Ford e USAID. Coincidência?

Seguindo adiante, a matéria fala sobre o argentino Javier Milei e que “As eleições colocam, por fim, um holofote sobre os dilemas civilizacionais de nosso continente e de nossa época, uma bifurcação de rumos ambiental e civilizatório, com o simultâneo plebiscito sobre a não extração de petróleo no Parque Yasuni”. – grifo nosso.

O “dilema civilizacional” foi a desculpa que apresentou o PSOL, Guilherme Boulos, a proporem uma frente com a “direita civilizada” para derrotar o fascista sem modos, Jair Bolsonaro. O PSOL só ‘aderiu’ à candidatura Lula (que vinha sabotando) quando não teve mais jeito. Tentou o quanto pôde viabilizar um candidato da terceira via.

A questão da não exploração do petróleo é outra capitulação da esquerda identitária, ‘ecológica’, amplamente financiada pela CIA, que se utiliza do clima para pressionar países atrasados a guardarem no subsolo suas riquezas, até o dia em que as grandes multinacionais possam elas usufruir.

Cavalo de Troia

O texto lamenta que Yaku Pérez tenha “ficado fora do segundo turno, nas eleições de fevereiro de 2021, por apenas 0,35% dos votos, com uma grande suspeita de fraude que favoreceu a Guillermo Lasso. Este foi para o segundo turno e foi eleito contra o candidato então apoiado por Rafael Correa, Andres Arauz”. A questão é que Pérez não estava nas eleições para vencer, mas para dividir e assim facilitar a vida da direita.

A plataforma da candidatura de Yaku Pérez é completamente direcionada pelo imperialismo, como vemos a seguir: “A chapa Yaku e Nori articula o fortalecimento dos direitos sociais com a defesa da natureza e a crítica do neoextrativismo e ao desenvolvimentismo predador. Ganha assim o apoio da maioria da CONAIE e do Pachacutik, organizações decisivas do movimento indígena e tece laços fortes com os movimentos ambientais e de mulheres”.

Essas organizações que se dizem de esquerda são, na verdade, sucursais do Greenpeace e outras organizações do imperialismo que se vestem de defensoras da natureza, mas que são obstáculos para o desenvolvimento social dos países atrasados e das lutas sociais.

É preciso denunciar esses grupos pequeno-burgueses que embora se digam trotskistas, estão empenhados em levar adiante ideologias burguesas, tais como o identitarismo e uma falsa defesa da natureza.

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