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Renato Farac

Membro na Direção Nacional do Partido da Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Luta pela terra

É preciso formar comitês de autodefesa contra a direita

Assassinatos recentes realizados pela polícia militar contra integrantes da luta pela terra revelam a necessidade da formação de grupos de autodefesa

Nas últimas semanas, dois casos chamaram muito a atenção na luta pela terra. O primeiro foi o assassinato do sobrevivente e principal testemunha do Massacre de Pau d`Arco, o trabalhador sem terra Fernando Araújo dos Santos. Na noite do dia 26 de janeiro, Fernando dos Santos Araújo foi executado com um tiro na nuca, em seu lote, na Fazenda Santa Lúcia, palco do massacre realizado pelas polícias militar e civil que deixou 10 trabalhadores sem terra assassinados em 2017 no Pará.

Fernando já estava relatando as ameaças que vinha sofrendo e que tinha se intensificado no último período, e que as promessas para queima de arquivo foram cumpridas. Em entrevista ao Repórter Brasil relatou as ameaças realizadas abertamente pelos policiais que cometeram o massacre. “Os policiais estão pensando em vir aqui dar um jeito de não haver mais testemunha antes do julgamento. Não há testemunha, não há julgamento”, disse Fernando. “Fica ‘veiaco’ [em alerta]. Os policiais querem reunir pra vir aqui falar com vocês, pra darem uma quebra lá no tribunal”, foi alertado por pessoas de sua confiança.

Em outro crime cometido pela Polícia Militar contra a luta pela terra foi contra os indígenas Tembé-Theneteraha, também no Pará. Isac Tembé, uma jovem liderança responsável pela defesa das terras de seu povo, foi brutalmente assassinado pela PM enquanto caçava em suas terras, na Terra Indígena Alto Rio Guama, em Paragominas, no nordeste do Pará. O crime ocorreu sem nenhuma justificativa apresentada pelos PM`s dentro da terra indígena e a comunidade denuncia que os policiais estavam protegendo grileiros de terras e latifundiários que estavam invadindo a terra indígena.

Em nota, lideranças Tembé-Theneteraha dizem que “por que esses agentes da segurança pública servem de milícia privada para fazendeiros que invadem terra indígenas? Por que chegaram atirando contra nossos jovens, filhos, netos e sobrinhos, que caçavam, prática que faz parte da cultura de nosso povo? A Polícia Militar assassinou duas vezes Isac Tembé: mataram seu corpo e tentam matar sua memória quando atacam a índole de nosso jovem guerreiro e liderança exemplar”.

Nos dois casos, a ação criminosa da Polícia Militar ocorreu sem nenhuma tentativa de esconder quem assassinou os dois integrantes da luta pela terra. Ocorreram de maneira descarada e com claras evidências dos verdadeiros culpados e motivação: defender o latifúndio a qualquer custo.

Estes são apenas dois exemplos, mas esse cenário é muito pior. As entidades que representam os indígenas e trabalhadores sem terra pedem justiça e investigações sobre os culpados, mas é uma medida que não vai chegar a lugar nenhum. Um bom exemplo e mais conhecido recentemente é o caso da vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada pelas milícias do Rio de Janeiro e que a polícia não chega aos culpados e nem aos mandantes, o que é evidente.

Nesses casos com repercussão menor, a polícia vai esconder de maneira mais fácil os culpados e ainda colocar a culpa nas vítimas e continuar os seus crimes e defender o latifúndio e a grilagem de terras.

Esses crimes ocorrem em conluio entre o judiciário e as forças de repressão contra a luta pela terra e pedir para essas entidades resolverem é um equívoco que não chegará a nenhum resultado para as famílias.

Uma discussão para dar um resultado na defesa das famílias que lutam pela terra ou que lutam pela manutenção da terra nas mãos de indígenas, sem terra e outras comunidades tradicionais é a formação de comitês de autodefesa diante da ofensiva da direita no campo.

Nesse momento político em especial, as famílias somente podem confiar a sua segurança nas suas próprias mãos e organizações. E a maneira de fazer isso é criando esses comitês de autodefesa em todos os locais, como assentamentos, acampamentos, aldeias, vilarejos e outros pontos de concentração de pessoas para criar uma guarda comunitária controlada pelas próprias famílias dessas áreas.

Esses grupos de autodefesa também podem fazer parte de uma rede ainda maior, onde cada grupo esteja ligado a outros da mesma região, município, estados e país para que formem um grupo que possa um ajudar o outro em áreas com maior conflito e que esteja sendo o alvo no momento.

Diante desses grupos, a comunidade deve escolher quem serão os integrantes desses grupos de autodefesa, treinando e equipando-os, para realizar a defesa e, caso seja necessário, preparados para o enfrentamento, diante dos pistoleiros e das forças de repressão que atuam conjuntamente com o latifúndio.

Dessa maneira, a direita no campo poderá ficar intimidada sabendo que lideranças e famílias que lutam pela terra possuem grupos de autodefesa que estão prontos para se defenderem e dar uma resposta as ações criminosas da direita, do latifúndio e da polícia.

Essa mudança não vai ocorrer indo atrás do judiciário, do STF, dos parlamentares ou da polícia, pois estes fazem parte de todo o processo de ataques à luta pela terra.

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