Até quando vamos aceitar esse tipo de confusão proposital, que tenta nos dizer que a culpa pelos ataques sistemáticos à população palestina é de uma “direita israelense” de caráter fascista e racista? Este tipo de informação quer nos fazer acreditar que a “esquerda judaica” seria progressista e pró Palestina, e que a culpa das arbitrariedades e da limpeza étnica na Palestina é da direita – o que é claramente um absurdo que pode ser comprovado analisando a própria história do Estado Sionista de Israel. É preciso, abandonar essa confusão criada pela “esquerda sionista”, da mesma forma como já está na hora de acabar com a velha conversa de que este grupo “apoia a população palestina e desejam uma solução de dois Estados”, algo que sempre existiu apenas como recurso retórico e diversionismo durante décadas. Jamais houve, por parte de Israel, o interesse de produzir uma solução negociada com os palestinos, pois que eles sabem que o futuro de Israel está vinculado ao desaparecimento dos palestinos. Tanto os governos de esquerda quanto os de direita boicotaram todas as tentativas de uma negociação justa, porque uma solução que reconheça os palestinos e um Estado Palestino soberano não lhes interessa.
Vamos assumir que o culpado para as tensões infinitas e crescentes na Palestina atende pelo nome de sionismo. Esse modelo etnocrático e excludente de colonialismo é uma questão de Estado, não de governo. O sionismo é a força unificadora de Israel, inobstante o partido no comando. Por exemplo; o Ha-Avoda é um dos grandes partidos do país, de centro-esquerda. É um partido social-democrata e sionista, membro da Internacional Socialista. Ou seja, até a esquerda israelense é sionista, portanto luta por um Estado judeu exclusivo, que visa a expulsão dos palestinos – ou os considera cidadãos de segunda classe.
Os massacres contra os palestinos não se relacionam com a direita ou a esquerda israelense, mas com o núcleo ideológico sionista que mantém a coesão do país. No último grande massacre em Gaza em 2014 foram mortos 2500 palestinos, dos quais 500 crianças. Ao se realizar uma pesquisa em Israel durante os ataques 95% da população apoiou abertamente os bombardeios contra a cidade sitiada. Pergunto: havia 95% de fanáticos de extrema-direita em Israel? Não… porém 95% dos habitantes daquele lugar não aceitam a existência da Palestina e de seu povo. A ideia de que os problemas de direitos humanos contra palestinos é por causa da direita israelense não passa de um mito. Não convém esquecer que Israel foi criado por socialistas ateus.
E quanto a grande supremacia da direita em Israel… a direita sempre se evidencia nas crises. Israel está em eterna crise desde o Nakba em 1948, a qual jamais acabará. A tendência é o crescimento das contradições e um lento abandono do suporte internacional a Israel, em especial dos sionistas evangélicos do “Bible Belt” americano. Aí recai toda a esperança das futuras gerações de palestinos.
“Uniforme nazi? Não pode, manda prender. O contexto não interessa”.
Quanto aos ataques a Roger Waters, acusando-o de ser antissemita, esta é uma tática antiga. Qualquer um que critique a política de Israel – em especial sobre os direitos humanos de palestinos – receberá este rótulo, com o claro objetivo de desqualificar todos que ousem criticar os desmandos de Israel. Assim, se não é possível atingir a mensagem, que se ataque o mensageiro, chamando-o de “racista”, ou antissemita – o que o aproxima dos executores do holocausto. A mesma estratégia foi usada para o líder trabalhista inglês Jeremy Corbyn e qualquer outro que coloque o dedo na ferida viva da Palestina. Portanto, nenhuma novidade nas acusações contra o músico Roger Waters – ex Pink Floyd – mas já podem ser observadas grandes diferenças, pois que hoje se observa um grande apoio ao músico que chegam da comunidade artística internacional e de todos aqueles que desejam a paz no Oriente Médio.