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Faltas ou "negacionismo"?

Qual o real motivo da demissão de docente da USP?

Ricardo Felício é acusado de excesso de faltas, mas é ridicularizado como "negacionista" do clima

Ricardo Felício, 53 anos, é professor do departamento de geografia da USP. Ele ministra a disciplina de climatologia no curso, o que, pelo menos do ponto de vista formal e burocrático da universidade, daria a ele certo reconhecimento como pesquisador do tema. Mas, o professor parece ter mesmo é ficado conhecido, como fica claro ao abrir jornais da burguesia e nos comentários das redes sociais, “um dos maiores nomes do negacionismo climático”. Ricardo Felício acaba de ser demitido da USP, coisa rara de se acontecer na universidade pública. A alegação seria a quantidade de faltas do docente.

Segundo o processo disciplinar na universidade, Ricardo se recusa a dar aulas, presenciais ou não, desde o início da pandemia de Covid-19, da qual ele também é acusado de ser “negacionista”. Há vídeos do professor se referindo à crise sanitária como “fraudemia”. Aqui, é preciso questionar algumas coisas.

Sobre o caso, o comportamento da imprensa e da própria direção da FFLCH-USP, jogam a suspeita se realmente a demissão se deve ao número de faltas ou se isso foi apenas um pretexto para demitir o professor. Quem conhece a USP sabe que não é incomum, professores se ausentarem por vários motivos, ainda que se possa dizer que Felício tenha praticamente abandonado o emprego, será que é isso?

A ironia do diretor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) chama a atenção: “Seria ótimo se pudéssemos notificá-lo pelas redes sociais ou pelo chat do YouTube, porque ele ainda está ativo lá. Esse cara (sic) não sai da Internet”, afirmou Paulo Martins. A ironia deve-se ao fato de que Felício tem uma presença constante na internet defendendo o seu ponto de vista considerado “negacionista”, mas é muito estranho que um diretor de faculdade, ao invés de procurar exercer formalmente as ordens burocráticas, sinta-se à vontade para brincar com a situação.

O que ocorre é que a posição de Felício vai completamente contra a posição oficial da burguesia imperialista sobre a questão do clima. A ridicularização tem a ver com isso, não com a ausência do professor. O que faz o diretor da FFLCH abandonar a formalidade para tirar sarro do docente, seu subordinado, é a propaganda imperialista. Quem está por cima da carne seca, reproduzindo a propaganda oficial, fica à vontade até mesmo para cometer abusos.

Na imprensa e nas redes sociais, o docente é tratado como “negacionista” e tudo dá a entender que isso justificaria sua demissão, não as faltas. A ausência do docente serve apenas como um pretexto para a demissão. É como se ele tivesse se tornado um leproso dentro da Faculdade de Geografia.

Esse problema joga luz sobre a questão da própria liberdade acadêmica. Por mais que se possa discordar das teses desse professor ou de qualquer outro docente ou aluna, a universidade deveria ser um local de total e irrestrita liberdade de pensamento e expressão. A ideologia oficial do imperialismo está criando uma universidade de pensamento único.

No caso das teses consideradas “negacionistas” de Felício é bom lembrar que a questão do clima está muito longe de ser um consenso no mundo. Qual seria então o problema de apresentar uma visão divergente? Quem discorde que apresente outra visão, é assim que deveria funcionar uma universidade.

É interessante notar a campanha contra o “negacionismo” de Felício enquanto os identitários promovem verdadeiras aberrações anticientíficas na universidade e tudo é considerado normal. Isso mostra que não é um problema de ser “negacionista”, o problema é de quem segue a ideologia oficial ou não. O identitarismo com suas teorias anticientíficas absurdas de não existência de sexo, de pronomes neutros e outras aberrações, está livre para ser o quanto “negacionista” for necessário. Já quem discorda da ideologia oficial, sem entrar no mérito de sua correção ou não, é avacalhado.

Felício pode até ter abusado das ausências – o que precisa ser devidamente apurado com todos os direitos dele de se defender como qualquer funcionário da instituição -, mas o tratamento dado a ele joga luz sobre a hipocrisia dentro da universidade e, mais ainda, sobre uma ditadura do pensamento oficial.

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