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Propaganda do imperialismo

Crença no poder de libertação da Barbie é a despolitização total

Uma parte da esquerda não consegue conter as lágrimas diante da demagogia de filmes de Hollywood. Ainda que sejam proferidas pelos símbolos do conservadorismo norte-americano

Quando se pensa que a falência da esquerda nacional não tem limites, após a exaltação do ministro Alexandre de Moraes como grande salvador da democracia, do aplauso ao criminoso “pacote da democracia” de Flávio Dino, dos ataques à Venezuela, apoio à Ucrânia, defesa enfática da política de censura, classificação de manifestantes como “terroristas” e muitos outros erros políticos que arrepiam a espinha de qualquer pessoa com um senso minimamente democrático ou de luta, vem algo que mostra que tudo que está ruim, sempre pode piorar: o lançamento do novo filme da Barbie.

Com arrecadação de mais de 150 milhões de dólares até o momento, a película da boneca loira magricela da Mattel dividiu críticas na própria imprensa burguesa, que teve matérias classificando a peça como uma grande defesa da luta da mulher ou então como uma verdadeira porcaria, com jargão feminista jogado ali de forma gratuita e oportunista. No entanto, na imprensa dita progressista, a peça de propaganda de Hollywood teve lugar de destaque e foi aplaudida de forma emocionada por seus articulistas.

No sítio Brasil 247, a colunista Denise Assis desmanchou-se em elogios em uma matéria com o título “A atração era Barbie, o filme, mas o show estava na plateia”. A colunista, como é típico dos “intelectuais” da pequena-burguesia, começa expondo todo o seu currículo de feminista, dizendo que, numa sala de cinema repleta de adolescentes vestidas de rosa, ela afirma ser a única que podia ostentar ter vivido acontecimentos como “cenas da Betty Friedan a queimar sutiãs pelas ruas de Nova Iorque”, ou a leitura do “Relatório Hite” e ter visto a chegada da pílula anticoncepcional.

Toda essa vivência feminista não foi o suficiente, no entanto, para impedir que a “velha guerreira” caísse na “ladainha” do imperialismo que hoje se apresenta com uma faceta identitária e, nesse caso, de forma extremamente superficial e comercial. Para a esquerda pequeno-burguesa, as diretrizes da luta da mulher agora vêm da boneca que sempre foi o símbolo da mulher conservadora norte-americana.

A autora afirma que passou todo o tempo com “um olho na tela e outro na plateia”, preocupada com a reação de adolescentes vestidas de rosa à porcaria que Hollywood estava vendendo para elas como discurso feminista. Segundo ela, as jovens “entenderam tudo”. A nossa guerreira vibrou junto com as crianças quando viu a suposta “virada da Barbie”. Se emocionou com os “discursos potentes da ‘boneca’” e ao ver que, quando batia a luz no rosto das crianças, podia-se ver seus “rostinhos banhados em lágrimas nas falas mais enfáticas a favor dos direitos femininos. (Vamos respeitar! Elas estão amadurecendo)”.

A “virada identitária” da Barbie, de Hollywood e da burguesia norte-americana, teria mudado alguma coisa na situação dos milhões de mulheres no Brasil? A própria autora demonstra que não. Segundo ela, o filme a fez se lembrar “dos dados do relatório do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na véspera, que atestou o crescimento de todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes, em 2022”. Ela ressalta ainda que “cresceram o número de casos de abandono, maus tratos, lesão corporal e de crimes sexuais, apontava o estudo, que demonstrou também que os registros de crimes contra crianças e adolescentes já superam os números de antes da pandemia de Covid-19”.

Ou seja, a Barbie lacradora não resolveu nada para as mulheres de lugar algum, no que diz respeito à questão do estupro. O mesmo vale para os outros temas relativos à sua luta: direito ao aborto, ao divórcio, igualdade salarial, fim da escravidão doméstica, etc. Para a grande maioria das mulheres do planeta, que não são loiras e magrelas, a situação continua a mesma.

A propaganda de Hollywood realmente tocou o coração da articulista. Ao fim de sua jornada emocional e reflexiva, ela afirma que viu na plateia “um exército de meninas conscientes, fortes e dispostas a lutar pela liberdade de escolha e por seus destinos”. A autora, que se reivindicava feminista nos anos idos, hoje entrega nas mãos de Hollywood e do imperialismo norte-americano a formação da consciência das mulheres de todo o planeta. Não há mais a necessidade de se organizar e de lutar pelos seus direitos, tudo que precisam as meninas do século XXI é assistir ao filme da Barbie e sair com seus trajes cor-de-rosa direto para a luta política.

A esquerda que tem na boneca Barbie o símbolo maior da luta da mulher já não é simplesmente uma esquerda oportunista, pró-imperialista, confusa e até vendida. Trata-se de uma esquerda que já perdeu o senso do ridículo. O imperialismo é o principal responsável pela situação de atraso não só das mulheres, mas de todos os setores oprimidos do planeta, mas as feministas como Denise Assis não sabem ou não levam isso em consideração. Para elas, basta botar meia dúzia de palavras sem significados numa atriz oxigenada, ambientada num cenário cor-de-rosa choque, que ela já se emociona e vê o futuro de toda a luta política pavimentado pelas patifarias de Hollywood.

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