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O que realmente aconteceu

Compreender 2013 para adotar a política correta em 2023

É preciso analisar as jornadas de junho de 2013 para não elaborar uma política incorreta para o momento atual e para o momento futuro

Neste momento dos acontecimentos políticos, com a ameaça golpista contra o governo Lula e uma articulação da esquerda pequeno-burguesa golpista visando dar base pela esquerda para um eventual golpe de Estado impulsionado pelo imperialismo contra Lula, se torna patente a necessidade de analisar os acontecimentos de junho de 2013, que completam 10 anos neste mês.

Nesse sentido, não se trata apenas de uma discussão sobre o que ocorreu no passado, mas de uma discussão para compreender as ações a serem tomadas no presente. É sobre a base das conclusões tiradas com relação àquele movimento que podemos definir uma política para a situação atual no Brasil.

Primeiramente, deve-se esclarecer e suprimir a confusão a respeito do que realmente aconteceu naquele momento. Por um lado, existe um setor associado a um espectro governista (que vai desde um setor mais de esquerda dentro do governo até a sua ala direita), que considera que junho de 2013 foi quando a direita tomou as ruas para protestar contra o governo Dilma Rousseff. Por outro lado, há um setor da esquerda pequeno-burguesa que se organiza agora para procurar atacar o governo Lula, que considera que os acontecimentos daquela época foram verdadeiras manifestações populares contra o PT.

No entanto, a realidade é que nenhuma das duas coisas aconteceu de fato. Para fazer uma análise mais precisa do movimento, seria preciso ter estado lá no momento, e o PCO esteve em todas as manifestações, de modo que tem uma visão clara do que realmente aconteceu nas “jornadas de junho” de 2013. O movimento começou quando um pequeno grupo chamado Movimento Passe Livre organizou protestos em São Paulo contra o aumento das passagens do transporte público. As primeiras manifestações, embora pequenas, enfrentaram uma duríssima repressão da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Diante da repressão imposta aos manifestantes, houve um crescimento grande das manifestações. A população assistia à violência da polícia do então governador Geraldo Alckmin e isso causava em todos uma revolta, o que induziu muita gente a sair às ruas. Uma manifestação em particular, cuja repressão se deu na região da Consolação, teve um nível de repressão tão alto que até um jornalista chegou a ficar cego por uma bala de borracha.

Depois desse episódio de repressão brutal, foi chamado um novo ato, com seu anúncio no Facebook tendo mobilizado 300 mil pessoas para comparecer à manifestação. Como isso colocava em risco o próprio governo Alckmin, a direita resolveu agir.

Os organizadores das manifestações tinham a proposta de que todo o movimento fosse horizontal e apartidário, o que gerou uma gigantesca confusão. A proposta era um ato que não tivesse nenhuma liderança visível, sem carros de som, sem faixas e bandeiras, sem organização evidente. Isso era um prato cheio para a infiltração da direita e da polícia, que procuraram sabotar o movimento a partir de então.

Essa brecha permitiu à polícia infiltrada nos atos levar adiante uma manipulação do movimento, que foram, sucessivamente, ficando mais agressivos contra os elementos de esquerda da manifestação e os colocando na defensiva.

Os infiltrados se utilizavam de violência física e de agressividade para coagir os manifestantes a baixarem suas bandeiras e faixas, o que foi descaracterizando o ato. Aos poucos, foi simples mobilizar setores ligados ao PSDB, que saíram às ruas com cartazes trazendo reivindicações direitistas, como o fim da corrupção ou pautas que atavam diretamente o governo do PT. 

A imprensa burguesa e golpista, naturalmente, retratava esses setores direitistas como sendo a maioria da manifestação, o que não era fato. A maioria das pessoas estavam lá para protestar contra o aumento da passagem e contra a violência da polícia de Geraldo Alckmin. No entanto, a infiltração da direita serviu para dissipar o movimento e colocar uma boa parte da esquerda na defensiva. 

Não era fato, portanto, que a maioria dos manifestantes era da direita. Prova disso é que, quando o governo, finalmente abaixou a passagem, as manifestações logo se esvaziaram, provando que a direita não tinha capacidade de mobilizar todas aquelas pessoas e de levá-las às ruas.

Pelo relato, fica claro que as duas conclusões citadas anteriormente a respeito do movimento estão incorretas. E o perigo das conclusões incorretas sobre eventos do passado é que estas levam a assumir políticas incorretas para o presente. No caso aqui, são duas políticas assumidas por dois setores da esquerda.

Por um lado, os setores da esquerda que acreditam que 2013 foi uma grande tomada das ruas pela direita, advogam a posição de que não se deve chamar manifestações de rua com o PT no governo porque elas necessariamente levariam a um golpe da direita. No entanto, essa é uma posição suicida, já que o governo precisa mobilizar os trabalhadores para impulsionar sua política à esquerda e não ficar na mão do Congresso direitista e reacionário. Foi justamente a falta de mobilização do PT entre 2003 e 2016, período em que permaneceu no governo, que levou a manifestações golpistas, já que deixaram as ruas livres tanto para a direita quanto para a esquerda pró imperialista e para a esquerda desorientada, facilmente cooptada pela burguesia.

Por outro lado, a esquerda mais dada a fazer oposição impensada contra o governo do PT, acredita que junho de 2013 foi um grande movimento popular contra o PT, então tende a embarcar em mobilizações impulsionadas, inclusive, pelo imperialismo, para apoiar uma política de derrubada do governo nacionalista. 

É preciso esclarecer, por fim, que a verdadeira manifestação que inaugurou os atos contra o governo Dilma Rousseff se deu em 2014, foram os atos do movimento “Não vai ter Copa”, liderado pelo funcionário do IREE, instituição financiada pelo serviço secreto norte-americano, Guilherme Boulos. Infelizmente, a esquerda nacional não soube interpretar isso na época. 

É fundamental compreender os acontecimentos de 2013 porque hoje, 10 anos depois, temos um cenário relativamente parecido com aquele se desenhando e é preciso assumir uma política correta para combatê-lo: a de mobilizar contra o congresso e para apoiar o que tiver de esquerdista e correto na política do governo, além de estar dispostos a tomar as ruas para defendê-lo contra o golpe da direita. As críticas ao governo devem ser feitas quando pertinentes, mas sempre num sentido de impulsionar uma maior tomada de consciência da população para a luta contra a direita, e não para chamar a derrubada do governo de esquerda eleito pelo povo. 

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