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Dourados/MS

Comissão Parlamentar invade retomada Avaete para intimidar índios

Membros da comissão parlamentar da câmara de Dourados infiltraram-se na retomada Avaeté para intimidar os moradores

Na última terça-feira, membros da comissão parlamentar da câmara Muncipal de Dourados/MS, criada para reprimir os índios da retomada Avaeté dos índios Guarani-Caiouá, infiltraram-se na área para intimidar os moradores. Entre eles estava o Presidente da Comissão, vereador Rogério Yuri, investigador da polícia civil. Nas imagens os índios aparecem de máscara para tentar se defender da ação intimidadora da comissão parlamentar. 

A comissão foi formada pelos vereadores da direita latifundiáira da câmara municipal há cerca de um mês. Na semana anterior, quando ocorreu a primeira reunião oficial da comissão, o secretário de segurança do estado, Antônio Carlos Videira, conhecido pelo histórico de repressão às retomadas, deslocou-se da capital Campo Grande especialmente para o encontro em Dourados. Isto revela o grau de articulação nos bastidores da comissão.

Participantes da reunião relataram que o secretário não veio para ouvir, mas para dizer que iria usar todas as medidas necessárias para impor a ordem na área. Esse ano, 14 índios foram presos em operações violentas da polícia ao arrepio da lei. No mesmo dia da vinda do secretário, dois menores foram baleados com arma de calibre 12, mas nenhuma medida foi tomada em resposta ao crime cometido. Isto mostra claramente o envolvimento da comissão com os latifundiários da região. A participação da OAB local nas articulações completa o cenário que é bastante comum na nossa história: os três poderes do Estado: executivo, legislativo e judiciário contra os índios.

Em depoimento para o Diário Causa Operária, moradores do Awaete denunciaram o constrangimento por que passaram no MPF e na “visita” da comissão parlamentar sem nenhuma consulta a comunidade. Os índios relatam o susto e o medo porque os parlamentares e os acompanhantes eram pessoas ligadas aos grileiros e latifundiários que foram a retomada para intimidar e identificar as pessoas e lideranças no local para após perseguir e garantir que os índios saiam da retomada e deixem de lutar por suas terras.

“Tem muito detalhe para me explicar para você sobre isso… é muito longa para falar…  Ligaram para nós, mas não sabiam certinho como que era a reunião… [falaram]: amanhã é reunião com DPU (Defensoria Pública da União), Marco Antônio (Procurador), Funai e com o Vereador… então nós fomos lá, chegamos no MPF, apresentamos nosso documento certinho, sentamos, esperamos… aí uns meia hora chegaram os Vereador. Esse cara [foto], chegaram quatro pessoas, aí entram lá no fundo … quando eu vi, rapaz, fiquei bravo, fiquei injuriado, nervosão… eu falei: vou sair fora, eu vou sair fora, lá fora. Depois tempão chegou a DPU, quando chegou a doutora eu falei assim: eu não vou participar, nós estamos no meio do nosso inimigo, você não vai proteger a gente aí”, disse um morador índio da retomada Avaeté.

Mesmo depois de se retirarem da reunião do MPF por se sentirem constrangidos, a Comissão Parlamentar decidiu ir a casa dos moradores:

“Aí à tarde, 3 horas me ligaram que ia vir aqui, conversar com a gente. Eu cheguei em casa muito assustado, toda a comunidade ficou assustada, aquilo lá é armadilha… aí veio à tarde, eu culpei o Procurador e a Funai, mas não era,  era aquele Vereador, ele confessou”, disse outro morador da comunidade indígena.

Comissão Parlamentar tentou filmar os moradores indígenas para identificar e posteriormente perseguir atráves do estado e a polícia as lideranças e moradores da retomada. “O parceiro dele [do vereador] já chegou descendo e começou a filmar o rezador daqui entendeu, quando eu vi filmando, eu… eu… rapaz fala a verdade… eu já não gostei mesmo… aí eu mandei apagar os vídeos e fotos, eu conferi o celular dele… aí o parceiro dele ficou perto do carro, não falou nada, ficou quieto. Aqui é Avaete, não é qualquer pessoa que vai chegar aqui e tirar foto né, é muito perigoso… É muito perigoso, eu mesmo assim às vezes eu fico com medo né, às vezes eu cria de novo coragem, a luta não é fácil né… é isso”, disse um morador no momento da invasão a retomada.

Índios denunciam as verdadeiras intenções da Comissão Parlamentar

“Ele [a comissão parlamentar] veio para negociar, entendeu? Eles falaram que os moradores estão com medo da gente, aí o nosso Guerreiro falou para ele assim: “como que você eles vão ficar com medo da gente, a gente não tem arma, não tem nada e eles tem arma mais perigoso, arma mais pesada e você não fala… mas na verdade nós tá com medo deles porque são pistoleiro”, nós falamos assim… só que eu mesmo e o pessoal próximo Comissão [aqui da comunidade] não levou moral com eles… entendeu. Aí ficou sem graça né… aí marcou para outro dia… era para amanhã só que cancelamos esse tal de reunião. Ele ia vir aqui saber se a gente concorda ou a gente ficasse de acordo com ele, entendeu? com fazendeiro… tipo assim né… aí cancelou… é isso.”

Os índios sabem muito bem porque foi criada a comissão parlamentar e sequer foram consultados para apresentar suas reivindicações ou da legitimidade desta comissão. Este fato evidencia ainda mais o caráter de perseguição a luta pela terra realizada pelos índios, sendo muito similar a CPI do MST e a CPI do CIMI de anos atrás e a tarefa é denunciar essa frente parlamentar hostil aos índios e lutar pela sua dissolução.

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