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Governo Lula

Combater os evangélicos ou combater o imperialismo?

Articulista do Brasil 247 apresenta aproximação de Lula com "evangélicos" como um grande perigo ao seu governo

Em artigo intitulado “Por que Lula erra ao propor mais diálogo com os evangélicos?”, publicado no Brasil 247, o cantor Ricardo Nêggo Tom propõe que o presidente da República não se aproxime dos evangélicos, alegando que Lula foi eleito sem precisar dos votos desse segmento da população. Trata-se, em primeiro lugar, de uma mentira: Lula venceu as eleições por 2,1 milhões de votos – isto é, caso 1,05 milhões tivesse votado em Jair Bolsonaro, o petista seria derrotado. Considerando que há cerca de 70 milhões de evangélicos no País, será mesmo que pelo menos 1,05 milhões dos votos que Lula recebeu não veio desse segmento?

Ainda assim, consideremos a hipótese de Ricardo Nêggo Tom estar correta. Ele então cita, em seu texto, os grandes males do segmento evangélico:

“Apesar do beneplácito tributário, as igrejas devem mais de 1 bilhão de reais de impostos previdenciários e tributários à União, segundo um levantamento feito pelo Estadão/Broadcast em 2020. Dívida esta que foi perdoada graças a uma emenda parlamentar proposta pelo deputado federal David Soares, filho do pastor R.R Soares, dono da empresa da Graça, também conhecida como igreja. O PL 1581/2020, que tratava sobre renegociação de precatórios, foi aprovado com louvor e glória na câmara”

A isenção de impostos para as igrejas é, de fato, um problema. No entanto, é preciso perguntar: Ricardo Nêggo Tom está criticando a aproximação de Lula com pastores evangélicos específicos, que são, na verdade, setores da burguesia brasileira, ou os evangélicos como um todo? Tratam-se, afinal, de dois casos completamente diferentes. O cantor não é muito claro em seu artigo, mas basta uma breve pesquisa para saber a resposta.

Nêggo Tom critica uma aproximação recente de Lula com os evangélicos. O único evento relevante que houve neste sentido foi uma carta de Lula, em que ele diz que o evangélico “é gente trabalhadora, gente de bem, gente que muitas vezes agradece a igreja de ter tirado o marido da cachaça para cuidar da família”. Isto é, o presidente se referia aos 70 milhões de evangélicos, não à meia-dúzia de pastores picaretas.

Nêggo Tom, então, continua:

“Não se dialoga com quem não quer dialogar e não se propõe raciocínio para quem crê e segue dogmas de fé e tem o inferno como ameaça caso os desobedeça. Lula está no poder, e lá chegou de forma democrática, tendo o apoio da maioria da população. Chamar potenciais inimigos ideológicos para a própria trincheira, como é feito nos acordos com o centrão, não é pacificar o país”.

Para o articulista, portanto, o maior erro que o governo Lula poderia cometer é “dialogar” com “inimigos ideológicos”. Se é assim, então, o que Nêggo Tom tem a dizer de Marina Silva, que é – essa sim – uma clara inimiga ideológica do governo, que fala abertamente que a Petrobrás não deveria ser uma empresa de exploração de petróleo?! O que dizer do ministro Silvio Almeida, que envolveu o governo em uma polêmica envolvendo o “banheiro unissex”, sendo que Lula já havia afirmado sua posição durante as eleições?

Os inimigos ideológicos do governo são aqueles que estão infiltrados para defender os interesses do imperialismo. Mas a palavra “imperialismo” sequer aparece no texto de Nêggo Tom…

A esmagadora maior dos 70 milhões dos evangélicos não são “inimigos ideológicos”. São parte da classe trabalhadora, pessoas que, pela ausência de iniciativa da esquerda, acabam sendo cooptadas parcialmente pela extrema-direita. Isso não significa, no entanto, que estejam dispostas a pegar em armas contra o “comunismo petista”, nem que as condições materiais, como emprego, moradia e fome, estejam acima de qualquer dogma.

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