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Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

5 x 1

Com mais taças em vinte anos, seleção arranca nas eliminatórias

Que a seleção faça seu papel nas eliminatórias, e ignore seus detratores

Começa bem a seleção brasileira na Copa do Mundo e já vêm os mal-intencionados denegrir o trabalho que mal começou, afirmando que uma vitória por goleada contra a Bolívia nada tem a dizer, visto ser o adversário tão fraco quanto o time do Cruzeiro dos últimos anos, rebaixado e sem conseguir o acesso, enquanto o glorioso Clube Atlético Mineiro levantava três taças no ano em 2021, Brasileirão, Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. No caso do Brasil, porém, está se falando de uma equipe simples, é verdade, mas que segurou todo um primeiro tempo de ataques do Brasil. E, falta de tradição e nomes individuais por falta de tradição e nomes individuais, a Itália perdeu a vaga na Copa de 2022 para a Macedônia do Norte, com a qual voltou a empatar, nesta data FIFA, pelas eliminatórias da Eurocopa 2024.

A narrativa que quer estigmatizar o Brasil como uma equipe como outra qualquer, que para alguns asseclas da burguesia disfarçados de esquerdistas, como o jornalista Juca Kfouri, tornou-se uma seleção de meio de tabela, torna a Copa do Mundo o único objetivo de quaisquer equipes nacionais, como se sua existência não tivesse razão nos quatro anos que separam um Mundial de outro. Primeiro, há de se ter a leitura de que parar nas quartas de final da Copa não define uma seleção de meio de tabela. O primeiro entre os desclassificados nas quartas fica na quinta posição, onde o Brasil andou terminando, graças às boas campanhas até a eliminação. O último, fica em oitavo.

Um quinto lugar, por si só, é alto de tabela em qualquer torneio de vinte a mais competidores, em qualquer esporte. No entanto, há de se considerar que a Copa do Mundo não é um Brasileirão. Ao invés de vinte, são trinta e dois times, o que eleva até mesmo o oitavo colocado à equivalência com o quarto ou quinto de um torneio com vinte, como é a maioria dos campeonatos nacionais. O paralelo com esses certames serve para demonstrar como o que define o alto de tabela, na Copa do Mundo, são as quartas de final, e não as semifinais. Ao contrário do que diz o indigente Kfouri, o Brasil vem batendo na trave há quase vinte anos, caindo sobretudo pela pressão sobre os jogadores, que se torna maior à medida que a última vitória fica distante. Em 2022, isso ficou latente no jogo contra a Croácia e na forma como ocorreu a derrota.

Esse peso se torna ainda maior porque, nas mentes bem-pensantes da imprensa brasileira, os demais títulos não têm qualquer valor. Ser a seleção que mais venceu a Copa América nos últimos vinte anos, sendo a última em 2019, não tem valor (estranhamente, a Eurocopa é tratada como a Copa do Mundo sem Brasil, Argentina e Uruguai, mas a Copa América não é a Copa do Mundo sem Itália, França e Alemanha). Venceu o mundialito nomeado Copa das Confederações três vezes e as Olimpíadas, que então jamais tinha vencido, em 2016 e 2022, indo em busca de um inédito tricampeonato seguido de uma seleção em 2024. Nas eliminatórias, que poderiam contar como um torneio sul-americano de pontos corridos, venceu todos com folga. A medida dos pontos corridos é interessante, inclusive, por mostrar o quanto o Brasil é superior, quase invencível sem o fator imponderável do mata-mata. Além do mais, é a seleção que mais aparece no topo do ranking da FIFA, em que pese ele medir equipes que não necessariamente se enfrentam.

O futebol brasileiro foi disparado o mais vitorioso dos últimos vinte anos, desde o penta. São nove títulos (Copa América de 2004, 2007, 2019; Copa das Confederações de 2005, 2009, 2013; Jogos Olímpicos de 2016, 2020). A Argentina, por exemplo, tem quatro (Copa do Mundo de 2022, Copa América de 2021, Jogos Olímpicos de 2004, 2008). A Espanha, louvada como a estrela ascendente do futebol de seleções, três (Copa do Mundo de 2010, Eurocopa de 2008, 2012). A toda poderosa Alemanha do 7×1, dois (Copa do Mundo de 2014, Copa das Confederações de 2017). E a gigante França? Dois. (Copa do Mundo de 2018, Copa das Confederações de 2003). A Itália venceu apenas a Eurocopa de 2021 e ficou sem ir à Copa do Mundo por duas edições seguidas, 2018 e 2022. O recorte entre as campeãs termina com o Uruguai e um único título, assim como a Itália, a Copa América de 2011. 

Ninguém ganhou mais de quatro títulos neste tempo entre o penta e o começo dessas eliminatórias, que praticamente fecha um ciclo de vinte anos. O Brasil tem mais que o dobro de títulos da segunda, a Argentina, que usualmente possui o segundo melhor futebol, com algo do futebol brasileiro, mas que compensa a deficiência com muita porrada. Desta forma, a América do Sul mostra-se também hegemônica, somando oito títulos intercontinentais (Copa do Mundo, Copa das Confederações, Jogos Olímpicos) contra cinco dos europeus. 

Não tem discussão. A excelência do futebol se pratica no Brasil, com o restante da América do Sul como seu aprendiz. Falta ao país melhor sorte na Copa, da bola que desvia e sai, em vez de entrar. Do pênalti não marcado que é marcado. Mas, sobretudo, falta a estabilidade emocional dos jogadores quando chega a hora de ganhar o que, naturalmente, ganhariam, mas que a pressão transforma o trivial numa tarefa de Hércules.

Que a seleção faça seu papel nas eliminatórias, e ignore seus detratores.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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