Formado como comunicador nas trincheiras sórdidas da Rede Globo, o ex-jogador Walter Casagrande Júnior ganhou enorme cartaz recentemente para atacar tudo o que seja brasileiro no futebol. Coadjuvante entre feras como Sócrates e Wladimir no movimento conhecido como “Democracia Corinthiana”, usa essa experiência para dar carteirada de esquerdista como se fosse o grande líder desse movimento e como se sua vida fosse uma vida militante de fato. Perto de completar seus 60 anos de idade, o comentarista de futebol intensificou sua abordagem moralista, que recai obviamente com todo o peso sobre os profissionais brasileiros, como se fosse uma autoridade no campo da moral e dos costumes.
A cruzada atual de Casagrande tem como inimigos imediatos os ex-jogadores da Seleção Brasileira Robinho e Daniel Alves, acusados de abuso sexual na Europa. O hoje colunista do Uol faz campanha para que o Brasil extradite Robinho para a Itália ou então que prenda o jogador aqui mesmo, atendendo pedido do governo italiano para que a justiça brasileira execute a pena decretada na Itália. Nesse sentido, sua camuflagem de esquerdista é beneficiada pela infiltração da ideologia identitária na esquerda, possibilitando que alguém que se apresenta como progressista defenda com tanta paixão a repressão estatal como se fosse a coisa mais normal do mundo. No caso de Daniel Alves, exaltou os espanhóis por prenderem o jogador antes mesmo do devido de ser julgado.
O que chama muito a atenção nessa campanha é o fato de que Casagrande está muito longe de ser um bom exemplo na moral e nos costumes durante toda a sua vida. Além do uso de drogas desde os tempos em que atuava profissionalmente no futebol, até muito recentemente o comentarista ainda era usuário. Um fato marcante foi um acidente de carro em 2007, quando aos 44 anos e sob efeito de uma mistura de drogas capotou o carro batendo em cinco carros. Além dele próprio e da namorada, por sorte ninguém mais se feriu. No entanto, o paladino da moral e dos costumes colocou a vida de completos desconhecidos em risco e assumiu esse risco ao dirigir completamente fora de si.
Agora vejamos. É razoável acreditar que a conduta sexual desse senhor tenha sido exemplar? Que durante uma vida de abusos com drogas nos bastidores do mundo do futebol e da imprensa burguesa ele tenha sido um exemplar cavalheiro? Um homem “desconstruído”? No episódio citado, nosso paladino do politicamente correto ainda mentiu no boletim de ocorrência dizendo que tinha tomado medicação prescrita em tratamento médico e uma “pequena quantidade de vinho”. Anos depois, Casagrande se promove como uma espécie de inquisidor identitário, lutando contra o direito à defesa dos acusados, pedindo por mais punição, por menos direitos democráticos das pessoas diante do poder estatal.
Como Marx já havia escrito há bastante tempo, “o caminho do inferno está pavimentado de boas intenções”. No caso de Casagrande estamos lidando com um cínico a serviço do monopólio das comunicações, uma prostituta da opinião. Mas muitas pessoas caem nesse conto do vigário pensando estarem em defesa da mulher. A campanha levada adiante pelo comentarista não passa de uma defesa da política do imperialismo, seja nos ataques aos direitos de atletas brasileiros, seja no ataque em geral contra o futebol brasileiro, expresso atualmente na defesa apaixonada pela importação de um treinador estrangeiro para comandar a Seleção.
