Dias após a votação do TSE que definiu a inelegibilidade de Bolsonaro, a imprensa golpista apresenta uma série de reportagens para tenar provar certo isolamento do ex-presidente.
Primeiro, mostraram um suposto desentendimento com Tarcísio. Claramente, o governador de São Paulo tem objetivo de alçar voo próprio, de repente sendo o nome da “direita civilizada” para 2026. Mas o trunfo de Tarcísio é justamente o de ser um bolsonarista o que o obriga a trabalhar na linha tênue entre agradar a extrema-direita e, ao mesmo tempo, parecer um direitista mais palatável para a burguesia. Por isso, na reunião com Bolsonaro os dois se disseram amigos inseparáveis.
Nessa segunda-feira (10), foi a vez de O Globo apresentar uma crise entre bolsonaristas. “Barraco no WhatsApp: deputados do PL trocam xingamentos sobre voto na Reforma Tributária e ameaçam saída do partido”, dizia o artigo do jornal dos Marinho.
A Reforma Tributária, aprovada em comum acordo entre governo e o chamado “centrão”, teria sido o pivô na crise. Os bolsonaristas, digamos assim, raiz, não gostaram da votação dos outros bolsonaristas, digamos assim, mais “pragmáticos”.
“Tá igual o PSL”, relata a reportagem de O Globo, reproduzindo a declaração de um deputado que participa do grupo de Whatsapp. A matéria aproveita para dizer que a presença de Bolsonaro e dos “bolsonaristas fiéis” no PSL teria feito desintegrar o partido em 2019.
O Globo, com o gosto de uma velha fofoqueira, conta os detalhes do barraco de Whatsapp que alguém “vazou”.
A grande questão é qual o interesse da imprensa golpista em reforçar a crise no PL.
Com certeza, há um movimento da burguesia na tentativa de isolar Bolsonaro e os bolsonaristas. Aprofundar uma crise no PL seria uma maneira de enfraquecer os bolsonaristas.
O PL é um partido de aluguel que, alugado por um presidente da república, com uma base social relativamente grande como Bolsonaro, acabou ficando grande. Sem o bolsonarismo, o PL volta a ser nada mais do que um partido fisiológico como sempre foi.
Bolsonaro tem dificuldades de criar seu próprio partido, como já tentou anteriormente e foi barrado pelo TSE. Caso saia do PL, teria que encontrar outra legenda de aluguel como o PL e como foi o PSL. Não seria difícil, mas há a pressão contrária da burguesia que está jogando inclusive com a cartada de sua inelegibilidade.
O que busca a burguesia é de um nome de confiança capaz de aglutinar a direita. Um nome que possa agrupar um setor dos bolsonaristas, mas que seja controlado por ela. Ao mesmo tempo, um nome capaz de agrupar setores conservadores que não gostam de Bolsonaro graças à campanha negativa feita durante todos os anos de seu governo.
Impossível saber se a burguesia quer a expulsão de Bolsonaro do PL. Mas o certo é que ela está trabalhando para enfraquecer setor político mais bolsonarista.
Se ela conseguirá, isso já é outra história.