No dia 03 de abril de 2023, uma generosa alma nos fez a bondade de vazar um vídeo de Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena confraternizando, tomando uma cerveja, conversando sobre política e conspirando contra Lula.
No vídeo, como um mentor, como se fosse Steve Bannon para Bolsonaro ou Trump, Datena diz que Boulos deveria peitar Lula e colocá-lo como seu vice para a prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024.
Contextualizando, Boulos tem um acordo com o Partido dos Trabalhadores e Lula: ele se lança candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2024 e o PT deixa de lançar candidato próprio, com a condição de que seu vice seja alguém do próprio PT.
Datena segue argumentando perante Boulos, defendendo sua proposta. Em nenhum momento, Boulos demonstra estar incomodado ou discordar do que Datena está dizendo.
Diante da receptividade de Boulos, o apresentador então levanta o seguinte questionamento: “Você quase ganhou as últimas eleições por mínimos detalhes. Se o Lula naufragar na política econômica, ele vai te empurrar para baixo. Se você sair candidato pelo PSOL, sem o PT (de vice), não tem esse risco”.
Datena então prossegue: “Agora, como peitar o Lula? Não é o PT… como peitar o Lula?” e Boulos concorda “Esse é o tema”.
O que o vídeo revela é o que o Diário Causa Operária já vem denunciado há tempos: que Guilherme Boulos é um cavalo de Tróia dentro da esquerda brasileira.
Agora, ele foi flagrado conspirando contra o presidente Lula.
Para os incautos que ainda acreditam no conto de fadas de que Boulos seria um grande revolucionário, ou que seria o próximo Lula, isto pode parecer algo surpreendente.
Contudo, não há nada de surpreendente nisto.
Todo o histórico anterior da atividade política de Guilherme Boulos deixa claro que estamos diante de um oportunista da pior espécie, de um verdadeiro infiltrado da burguesia dentro do movimento popular.
Este diário aproveita, então, a oportunidade para fazer um breve resumo das atividades anteriores de Boulos, das vezes em que ele atuou para frear com mobilizações populares ou colocá-las a reboque da burguesia, e fatos que demonstram que ele é um verdadeiro infiltrado.
A Campanha do “Não vai ter Copa”
Guilherme Boulos se alçou ao estrelato no ano de 2014, como líder do movimento “Não vai ter Copa”.
Trata-se de um movimento arquitetado e impulsionado pela direita golpista contra a Copa do Mundo, que naquele ano fora realizada no Brasil. O objetivo da direita com este movimento era atacar o governo de Dilma (PT).
E como isto seria feito? A direita insuflaria setores da esquerda a se mobilizarem nas ruas, tornando a realização do evento no país algo caótico e, se possível, também desestabilizar emocionalmente os jogadores, de forma a impedir a vitória da Seleção Brasileira. Ambos os objetivos foram concretizados. Dilma ganhou a eleição, mas com pouca diferença e a campanha foi um primeiro passo para as manifestações golpistas posteriores.
Uma vez que a realização do evento se mostrou problemática, e a seleção foi eliminada, o governo de Dilma não pôde utilizar a Copa de 2014 como trunfo eleitoral nas eleições. O objetivo da direita com o movimento “Não vai ter Copa” foi conquistado. E Boulos foi sua principal liderança.
Como sabemos que o movimento foi arquitetado pela direita, ou seja, pelo imperialismo? Há inúmeros indícios. Contudo, basta colocar o principal deles: os atos do “Não vai ter Copa” eram articulados pelos Comitês Populares da Copa, os quais, por sua vez, eram financiados indiretamente pela Fundação Ford, histórica fachada da CIA.
Não é coincidência que, em junho do mesmo ano, Boulos tornou-se colunista semanal do site do jornal golpista Folha de S. Paulo, onde ficou até março de 2017. Certamente um presente por seus serviços prestados.
Sobre sua estadia na Folha, falaremos a seguir.
Boulos foi um dos principais líderes do movimento “Não vai ter Copa” para atacar o governo Dilma
A Campanha a favor do Golpe de 2016
Qual era o principal conteúdo de seus escritos no jornal? À parte de dizer aqui e acolá ser contra o impeachment, Boulos dedicava a maior parte de suas forças a atacar o governo de Dilma por causa do ajuste fiscal, dizendo que o governo era indefensável.
Contudo, a crítica não ficou apenas nas palavras.
Quando a luta contra o golpe se acirrou e tomou conta das ruas, ao invés de Boulos participar da frente única que se formou contra o golpe que já estava em andamento (a frente Brasil popular), ele tomou a iniciativa de fracionar o movimento. Aproveitou o controle que ele tinha sobre o MTST e dividiu o movimento, criando a frente povo sem medo.
Assim, Boulos prestou um grande serviço à direita e ao imperialismo já nos anos de 2014-2016, sendo uma peça fundamental dentro da esquerda para o sucesso do golpe de Estado contra Dilma Roussef.
Boulos fecha acordo com a PM para entregar Av. Paulista aos bolsonaristas
No ano de 2020, revoltados com a imposição da política do fique em casa, imposta em especial por setores da direita tradicional, tais como o então governador de São Paulo, João Dória, hordas da extrema direita bolsonarista estavam saindo às ruas para expressarem sua indignação.
A esquerda, por outro lado, estava quieta, obedecendo feito um cordeirinho às diretrizes da direita. Diante deste cenário, um importante movimento liderado pelas torcidas organizadas tomou as ruas para expulsar as horas fascistas.
Com a entrada de um setor proletário na equação, e temendo um acirramento da polarização política em uma época de crise econômica, a burguesia resolveu lançar mão de seu cavalo de Tróia dentro da esquerda: Guilherme Boulos.
Um representante da Frente povo Sem Medo (frente esta liderada por Boulos) se reuniu com elementos do Ministério Público, da Procuradoria Geral do Estado e da Polícia Militar na sede do comando geral da polícia militar do estado de São Paulo. Resultado da reunião: a esquerda teria que revezar a Avenida Paulista com a extrema direita!
Fazendo um salto temporal para o ano de 2021, em que centenas de milhares de brasileiros tomaram as ruas Brasil afora levantando o “Fora Bolsonaro”, cumpre relembrarmos que este acordo fez com que a esquerda fosse impedida de realizar o seu ato do 07 de setembro da Avenida Paulista.
Novamente, Boulos se mostrou como um infiltrado dentro da esquerda.
Reveja em detalhes a denúncia:
Boulos fechou acordo com a PM para entregar AV. Paulista a bolsonaristas
Boulos entregou a Avenida Paulista para os bolsonaristas
Boulos na folha de pagamento do IREE – Instituto ligado ao governo dos EUA e golpes na América Latina
Em 1º de novembro de 2021, o Diário Causa Operária fez uma denúncia avassaladora contra Guilherme Boulos, expondo que o coordenador do MTST “trabalhava” como professor e colunista do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE).
O instituto, por sua vez, contava como figuras de proa no golpe de Estado de 2016, como Sérgio Etchegoyen (militar fascista, ministro-chefe do GSI no governo Temer) Leandro Daiello (diretor da Polícia Federal durante o golpe), Raul Jungmann (ministro da defesa no governo Temer).
Não bastando, o IREE é parceiro da think thank norte americana Global Americans, uma organização formada inteiramente por funcionários, ex-funcionários ou funcionários indiretos do governo dos EUA. Seu objetivo é fornecer análises “para promover mudança no sentido de uma relação mais próspera entre a América Latina e os EUA”.
A Global Americans, por sua vez, é financiada pelo NED (Nation Endowment for Democracy), uma agência norte-americana criada basicamente para fazer um trabalho que era feito de forma encoberta pela CIA nas décadas de 60 e 70.
Em suma, o Diário Causa Operária revelou Boulos é uma pessoa financiada pelo imperialismo, em especial o norte-americano, mesmo que tal financiamento venha de forma indireta.
Eis aí outro exemplo de que ele vem sendo um cavalo de Troía na esquerda durante todo o decorrer de sua história política.
Relembre os detalhes dessa denúncia bombástica:
Instituto que paga Boulos é ligado ao governo dos EUA e golpes na América Latina
Eleições de 2022 – a defesa da “Frente Ampla”
Durante as eleições presidenciais de 2022, em que havia uma disputa acirrada entre o presidente Lula e Jair Bolsonaro, Boulos era um defensor da chamada frente ampla, ou seja, um defensor de que Lula ficasse dedicasse todas suas forças a fechar alianças com aqueles que deram o golpe de 2016, jogaram-lhe na prisão, e afundaram o país na miséria.
Uma política completamente impopular, que estava custando os votos de Lula. Felizmente, por sua experiência política, o presidente Lula se ancorou na mobilização popular dos trabalhadores e conseguiu ser vitorioso no pleito.
Boulos, por outro lado, foi um defensor da aliança com os golpistas.
Hoje, conspira contra Lula e contra todo o povo brasileiro
Já não bastando o seu histórico, Boulos consegue se mostrar mais execrável do que já aparentava.
Hoje conspira contra Lula com um notório fascista, José Luiz Datena, apresentador de um programa sensacionalista policialesco, que possui a única função de insuflar um sentimento fascistoide na população.
