Nesta quarta-feira (3), terminará a terceira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), evento periódico que tem, entre outras finalidades, o objetivo de definir a taxa básica de juros, a Selic. São nas reuniões do Copom, portanto, que Roberto Campos Neto tem mantido a taxa de juros do País nas alturas – a mais alta do mundo.
Até o fechamento desta edição, a taxa de juros para o próximo período ainda não havia sido oficializada. No entanto, ao que tudo indica, ela será mantida nos inacreditáveis 13,75%. A taxa permanece no mesmo patamar desde agosto de 2021 e é a mais alta dos últimos seis anos.
Segundo os “analistas do mercado financeiro” escutados pelo portal R7, a Selic só passará a cair no segundo semestre. Eles avaliam que o primeiro corte acontecerá no dia 20 de setembro, quando a taxa cairá 0,25 ponto percentual, dos atuais 13,75% para 13,5% ao ano.
Na última reunião do Copom, o presidente do Banco Central chegou a considerar aumentar a taxa de juros, caso as metas de inflação não fossem cumpridas.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, destaca a ata.
Essa também será a primeira reunião após a proposta de arcabouço fiscal enviada por Lula – um arcabouço que significa, na prática, o fim do teto de gastos e que não foi bem recebido pelos grandes capitalistas.
O pretexto da inflação, no entanto, já caiu por terra. O Brasil foi um dos países que apresentaram menor inflação recentemente. E nem há uma inflação por excesso de demanda, o que poderia ensejar uma taxa de juros mais alta, de modo a desincentivar o consumo.
A taxa de juros estratosférica tem um único motivo: a sabotagem à política econômica que o governo eleito – o governo Lula – pretende levar adiante. Os altos juros são um grande obstáculo à política de crédito que Lula defende como alavanca para o crescimento econômico.
A insistência de Campos Neto, assim, se soma aos esforços cada vez maiores da oposição de fazer o governo fracassar. No Congresso, a CPMI de 8 de janeiro deverá representar um duro ataque contra o presidente, que tende a se tornar cada vez mais refém das negociatas no parlamento. Na imprensa, a hostilidade ao governo cresce dia após dia, especialmente após Lula se posicionar a favor do bloco liderado pela China e pela Rússia, em oposição ao imperialismo norte-americano.
Com sabotagens como a de Campos Neto, o governo tende a ficar em uma posição cada vez mais delicada, pois, com a economia travada, o apoio popular tende a se dispersar. Por isso, é preciso denunciar amplamente a sabotagem da direita e convocar os trabalhadores para que se mobilizem em torno de suas reivindicações, criando as condições para um enfrentamento com os capitalistas.