Desde a última semana, tem ocorrido na Geórgia uma série de manifestações nas ruas em decorrência de um projeto de Lei do governo nacional que visava classificar como agentes estrangeiros ONGs, um meio de proteger a soberania do país contra o imperialismo. Essas manifestações são um golpe organizado contra a Geórgia a favor do imperialismo.
Os protestos são resultado de um projeto de lei “Sobre a Transparência da Influência Estrangeira”, que foi aprovado pelo parlamento georgiano em sua primeira leitura. O projeto de Lei teve como oposição a ideia de que seria uma “Lei russa”, já que a Rússia também está atenta à atuação de ONGs internacionais (geralmente ligadas aos Estados Unidos) para desestabilizar governos anti-imperialistas.
Acontece que as cenas dos protestos da semana passada mostram que a Geórgia está mesmo certa em se preocupar com a ação dessas ONGs. Os atos foram muito parecidos com o que se viu na Ucrânia em 2014, por exemplo, na ocasião do golpe de Estado promovido pelos Estados Unidos. Além disso, não foi incomum ver bandeiras dos Estados Unidos e da União Europeia entre os manifestantes. O governo georgiano acabou cedendo e derrubando a lei.
Estimativas de 2022 dão conta que cerca de 8.000 organizações na Geórgia recebiam financiamento estrangeiro, de um total de 12.000 ONGs atuantes. Levando em conta que a população do país é de 3,7 milhões de pessoas, esse número de ONGs torna-se surreal. Atualmente, o investimento vindo de ONGs chega a 1,2 bilhão de dólares. A Fundação Soros, de George Soros, por exemplo, investe mais de 10 milhões de dólares no país via ONGs. O National Endowment for Democracy (NED), organização de fachada da CIA, investiu 1,2 milhão em 2013.
Isso criou na Geórgia uma casta de pessoas que vivem às custas do que é investido pelas organizações estrangeiras. Uma classe média quase toda vivendo a partir de capital estrangeiro. Contudo, a vida daqueles que não vivem às custas de ONGs é infinitamente pior do que de quem vive.
Desse modo, levanta-se o questionamento de o que teria levado a um número tão grande de pessoas a saírem às ruas em defesas de ONGs que, em geral, são organizações pouco populares em todo o mundo. Fica evidente, então, que os atos foram organizados e inflados por ingerência estrangeira, a fim de desestabilizar o país.
Essa questão da Geórgia é de extrema importância para o mundo inteiro, não apenas uma crise local. É mais um episódio gritante de ingerência imperialista em territórios que deveriam ser soberanos. Para o Brasil, especialmente, fica a lição de como encarar as ONGs internacionais que querem, por exemplo, atuar em áreas indígenas com discurso bem-intencionado de proteção a esses povos e ao meio-ambiente.