O governo Lula decidiu liberar cargos do segundo escalão ao União Brasil para conseguir apoio em votações no Congresso e barrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. O governo avalia que a CPMI é uma manobra dos bolsonaristas para clocar a culpa dos atos no próprio governo Lula.
Essa concessão acontece uma semana depois de Lula decidir manter o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, do União Brasil, após denúncias de corrupção publicadas pela imprensa golpista.
A lista de cargos beneficia o União Brasil com diretorias nos Correios, no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e no Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). Além disso, o União Brasil também ficará com as presidências da Telebrás e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), dentre outros postos estratégicos.
Toda essa situação é parte da política do governo Lula de concessões à direita, tornando-o, em certa medida, um refém dos partidos golpistas que se infiltraram no governo. A chantagem desses partidos, como no caso do União Brasil, é uma armadilha e um ponto fraco do governo.
Além disso, há cargos prometidos para o MDB, que deve receber a diretoria do Banco do Nordeste e a vice-presidência da Caixa, além de quatro secretarias no Ministério das Cidades.
Esse é um problema grave do governo Lula. A presença da direita, infiltrada em várias esferas, é o que entrava qualquer tentativa de Lula de realizar políticas mais à esquerda. Fica cada vez mais óbvio que esses setores não são úteis ao governo, pelo contrário, são sabotadores abertos do governo Lula.
Seria preciso romper com esses setores. Para isso, Lula e os setores à esquerda dentro do PT e do governo precisam se apoiar imediatamente em uma mobilização popular. Ao mesmo tempo, e mais importante, as organizações populares precisam organizar uma ampla mobilização em torno das reivindicações do povo. Só assim o governo terá força para romper a chantagem feita por esses setores tanto dentro do Congresso como dentro do próprio governo.
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