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Luta Camponesa

Antônio Carlos: restrições à liberdade de Zé Rainha são um crime

O companheiro Antônio Carlos reuniu-se com o líder da FNL, José Rainha, logo após ele ter sido libertado do cárcere. A libertação se deu um dia após a III Conferência dos Comitês

Na esteira da libertação do companheiro José Rainha, da FNL, libertação esta que teve a fundamental contribuição do PCO, que realizou ampla campanha de denúncia contra a perseguição política ao líder camponês, em especial durante a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta; o companheiro Antônio Carlos relatou a reunião que teve com Zé Rainha, no Pontal do Paranapanema, interior de São Paulo.

DCO: Como foi a reunião que você teve com José Rainha, líder da FNL?

Antônio Carlos: Primeiro, queria destacar os objetivos da nossa ida ao Pontal para se encontrar com o companheiro Zé Rainha. Foi a nossa primeira reunião depois de ele ser colocado em liberdade, que se deu no dia seguinte à realização da Conferência Nacional dos Comitês de Luta. Entre as grandes causas da Conferência estava a luta pela liberdade do companheiro. Nós, em certo sentido, nos sentimos juntamente com todo o movimento dos sem terra e dos trabalhadores vitoriosos pela conquista da liberdade, ainda que provisória, em prisão domiciliar.

Essas restrições à sua liberdade são, obviamente, um crime, como a gente destacou desde o primeiro momento já em outras oportunidades. José Rainha é alvo de vários processos. Alguns tramitam há mais de duas décadas, inclusive colocando em risco a liberdade dele de maneira permanente. E tudo isso está ligado à perseguição àquilo que ele representa. O Rainha é uma das principais, senão a principal liderança da luta pela terra no Brasil. Ele foi dirigente do MST, do qual se afastou há muitos anos. Nos últimos anos, vem impulsionando a criação da Frente Nacional de Luta Cidade do Campo, que é um movimento que justamente procura impulsionar uma mobilização dos trabalhadores.

DCO: E o que você pode dizer sobre a atuação de Rainha no movimento camponês?

Antônio Carlos: Ao mesmo tempo em que ele é uma pessoa que, mesmo não militando organizadamente no interior de um partido, compreende a importância da luta política dos trabalhadores, ele tem interesse pela leitura sobre o marxismo. Nós temos uma admiração por ele, que é uma pessoa muito humilde que, embora não tenha tido acesso a educação formal na escola, fala muito bem, algo que mostra os limites da educação escolar. Nesse sentido, fomos levar a nossa solidariedade aos companheiros e também conversar um pouco com ele sobre a situação política, sobre as decisões da III Conferência Nacional.

DCO: Qual a apreciação de José Rainha sobre a atual situação política no País?

Antônio Carlos: Desse ponto de vista sobre a situação, nós vimos o Rainha com bons olhos. Ele deu uma entrevista no Programa de Índio, da Causa Operária TV, na qual ele fala muito sobre a apreciação dele sobre a situação política e tudo mais. E é muito evidente que isso também nos aproxima do companheiro, no sentido que ele tem clareza da importância da mobilização independente dos trabalhadores e de que a eleição de Lula foi uma vitória. Contudo, a eleição, por si só, não é suficiente.

É preciso mobilizar os trabalhadores no campo e na cidade para ter mudanças efetivas. Desse ponto de vista, a gente concordou sobre um conjunto de aspectos. Ele nos disse que considerou importante a participação da FNL na III Conferência Nacional dos Comitês e que o nosso objetivo – tanto o nosso como o dele – junto com vários outros setores que estavam na conferência, os setores do movimento da luta pela moradia, os índios etc., é procurar estreitar uma frente de luta, uma frente de mobilização em torno de reivindicações concretas, também no sentido de que esse movimento se organize, que o movimento dos comitês de luta se organize para ter um trabalho de formação política, de propaganda e agitação política própria entre os trabalhadores, que não seja uma atividade voltada exclusivamente para as direções, que não se restrinja ao trabalho nas redes sociais, mas que vá às ruas. Isso é muito positivo.

DCO: E como é o trabalho da FNL no Pontal do Paranapanema?

Antônio Carlos: Uma coisa que eu achei muito importante na atividade e que a gente conheceu de perto foi a realidade do Pontal do Paranapanema, região em que o companheiro Rainha atua há mais de três décadas. Primeiramente, o Pontal é uma grande grilagem, né? (José Rainha) falou para nós que há mais de 300.000 hectares na região que eram terras públicas, mas parte delas foi grilada com base em documentos falsos, situação esta que se repete pelo país afora.

Nesse sentido, a atuação dos companheiros na região há décadas se configura como algo muito positivo, dado o conhecimento que eles têm sobre a região. O estado de São Paulo, por exemplo, neste momento, está querendo legalizar essas terras para os latifundiários, entregando as terras nem por 10% do valor, coisa que eles não fazem para as famílias de camponeses pobres que teriam interesse e que dariam a essas terras um uso produtivo

Uma outra coisa que me chamou a atenção é o alcance que o resultado dessa luta do companheiro Rainha deu ao longo dos anos. Já há mais de 5.000 famílias assentadas, produzindo e vivendo em agrovilas e assentamentos. Os camponeses criaram verdadeiras comunidades de bairros, são moradias simples. Inclusive a casa onde o José Rainha mora é uma casa muito simples, ao contrário da campanha contra ele, que faz de conta que ele virou milionário às custas do movimento, que é coisa que a direita faz tradicionalmente.

Inclusive, lá tem escola que têm até 1.000 alunos. Eles povoaram a região, trouxeram progresso para a região e produzem uma série de produtos importantes e estão procurando fazer até uma venda mais externa e agregar valor nesses produtos. Eles buscam se organizar nesse sentido, como acontece com outros movimentos também, tais como o MST e outros movimentos, porque eles são um fator de progresso para o País.

DCO: Há algo mais que você gostaria de acrescentar?

Antônio Carlos: Por último, eu destacaria uma coisa importante: que o movimento de luta dos sem terra, não só o MST, mas todos os movimentos, estão sendo alvos de um ataque importante. A direita organizou uma CPI na Câmara dos Deputados e o próprio Rainha já foi convidado para depor lá. A FNL teve um acampamento invadido porque a direita não sabe a diferença de MST para FNL, não compreende que são vários movimentos e fizeram toda uma papagaiada lá. Mas eu achei interessante a disposição do Rainha e vamos ver se confirmam a convocação dele, porque ele se diz disposto a ir lá e denunciar. Aliás, caso o depoimento aconteça, nós combinamos de fazer um ato junto com os companheiros da FNL e de outros movimentos em Brasília, porque ele se dispôs a usar o depoimento para denunciar a situação de grilagem e de perseguição aos trabalhadores do campo na região do Pontal e em todo o País.

Essa CPI é um ataque da direita contra a tendência que existe de haver uma grande ofensiva da luta dos trabalhadores do campo contra a situação de miséria do País, de fome e a necessidade dessa luta para mudar efetivamente essa situação.

Por fim, eu gostaria de falar a respeito da rifa que estamos fazendo. Aqui no PCO, embora haja muita calúnia contra o partido, [ele] não é milionário, sequer recebe o fundo partidário. É muita campanha de que a gente nada em dinheiro. Contudo, nós não temos, tanto é assim que ninguém consegue provar.

E toda atividade do PCO é sustentada com a atividade de colaboração dos militantes, simpatizantes. Tudo para a gente também é feito com dificuldade. Nós acabamos de realizar uma conferência junto com os companheiros dos Comitês de Luta, uma conferência nacional dos comitês, onde foi preciso realizar uma campanha de arrecadação, venda de rifas. Conseguimos poucas, mas importantes contribuições de companheiros, sindicatos e movimentos da esquerda, mas que nesse momento foram bem abaixo da nossa necessidade pela falta de compreensão da importância da conferência.

Então, essa rifa é para nos ajudar com os gastos que tivemos com a viagem ao Pontal do Paranapanema. Algo que me chamou a atenção é que, para viajar para lá, partindo aqui da capital (São Paulo), você gasta coisa de R$450 a R$500 de combustível e mais R$300 de pedágio. É uma coisa totalmente absurda. É um roubo para impedir os trabalhadores de se movimentarem. Mas a gente não se curva perante os obstáculos.

Como forma de solidariedade, os companheiros da FNL doaram para a gente, deram de presente uma cesta. Foi um presente do Rainha para o pessoal. Aí nós vamos fazer um sorteio. Estamos vendendo números para ajudar a bancar as despesas da viagem. Se sobrar, a gente usa para tirar mais alguns boletins que estamos tirando para divulgar essa importante luta pela liberdade total do companheiro Rainha e pela defesa das reivindicações do movimento camponês.

Então eu também aproveito e peço ao pessoal que contribua, para nos ajudar a continuar travando essa luta. Basta enviar alguma quantia para o Pix: 14 99728-0289.

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