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O rombo é ainda maior

Americanas escondeu tamanho da dívida com funcionários

O governo deveria encampar as Lojas Americanas e após o saneamento entregá-la para o controle dos milhares de funcionários ameaçados pelo desemprego.

fraude americanas

O caso das Lojas Americanas, talvez seja um dos maiores exemplos reveladores das piores fraudes do capitalismo acionário especulativo do país, pelo menos nos últimos tempos. A notícia mais “quente” que envolve as Americanas do trio de ferro Lemann, Sicupira e Telles, principais controladores acionários da Ambev, Eletrobrás e outros empreendimentos suspeitos, é o encobrimento da verdadeira dívida trabalhista da empresa, a partir do acordo de recuperação judicial requisitado e aceito pela justiça recentemente; com objetivo de manter a empresa “ainda de pé”.

A falência da empresa é apenas uma questão de tempo, é o que afirmou Júlio Damião afirma, professor e estrategista de investimentos em entrevista ao portal de notícias Brasil247. Na conversa com Leonardo Attuch, no YouTube, disse também que “A empresa já está falida, pois não tem a confiança dos investidores, não tem crédito, perdeu clientes e não tem mais apoio dos fornecedores”. “Pouquíssimas empresas saem da recuperação judicial”, acrescentou.

Em outra matéria aqui do DCO explicamos algumas vantagens que Lemann e seus sócios teriam ao adotar o dispositivo denominado DIP (“debtor-in-possession” – devedor em posse, em tradução literal do inglês) como modelo de empréstimos, no que tange um aporte de recursos no valor de 2 bilhões para ser injetado nas Americanas; que inclusive já foi aprovado pelo juiz a pedido dos acionistas controladores da empresa.

Uma parte desse empréstimo no valor de 1 bilhão de reais seria realizado a partir da emissão de debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas com capital aberto na bolsa de valores, e funcionam como uma captação de recursos). No caso desse modelo DIP os próprios acionistas teriam prioridade em receber os valores pretensamente injetados por eles próprios. Todas essas estratégias tendem a favorecer os próprios devedores (fraudadores) a partir de “artimanhas” jurídicas e “negócios” no mercado financeiro e de capitais na forma de títulos e ações.

Além de evidentes falcatruas e manobras costumeiras dos controladores das lojas Americanas, o que chamou a atenção, no caso dessa grande empresa de varejo nacional foi a tentativa de esconder dívidas trabalhistas – que são mais que o dobro das apresentadas junto ao pedido de recuperação judicial. Apresentaram R$ 119,6 milhões, mas a dívidaé de R$ 284 milhões, evidenciando a estratégia dos “fraudadores” de esconder e manipular o rombo das Americanas em favor dos seus próprios interesses.

Esse conjunto de fatos mostra que é necessário, no mínimo, questionarmos a possibilidade do encampamento das Lojas Americanas, isto é, trazer sob o controle do Estado a sua gestão, e, após saneá-la, entregar sua administração aos milhares de trabalhadores da empresa que poderão, caso não ocorra a devida intervenção, perder seus empregos. Essa medida deveria ser adotada como prática costumeira para toda e qualquer grande empresa, que se “aventura” às custas da volúpia capitalista em detrimento dos trabalhadores e do povo

O capitalismo predatório, acionista, fraudador e especulador precisa ser expurgado de maneira objetiva pelo governo eleito em nome dos trabalhadores e uma nova organização empresarial precisa contar com o mais absoluto controle dos trabalhadores e da população.

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