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Eleições Brasileiras

Aécio, Alckmin, Moro, Tebet: as sucessivas derrotas imperialistas

Como os Estados Unidos vem sucessivamente fracassando na tentativa de emplacar candidatos de sua confiança à presidência da República Federativa do Brasil

Desde o fim do governo Fernando Henrique Cardoso, o imperialismo vem tentando eleger novamente uma pessoa de sua confiança para o cargo de presidente da República, a fim de implantar um governo neoliberal puro-sangue no Brasil, no sentido de continuar a sugar o restante das riquezas nacionais e transformar o povo brasileiro em escravo.

As sucessivas tentativas vêm fracassando sistematicamente, e é isto que buscamos expor no presente artigo, em especial as tentativas realizadas a partir do início da onda golpista da década passada na América Latina.

Com a crise mundial do capitalismo em 2008, que se iniciou no coração do imperialismo, os Estados Unidos, uma nova onda de golpes de Estado foi desatada na América Latina. O primeiro alvo foi Honduras, em 2009, derrubando o presidente Manuel Zelaya.

Não tardaria para que o golpismo chegasse ao Brasil.

Chegou em 2012, com o julgamento do Mensalão, no Supremo Tribunal Federal, resultando na condenação de importantes dirigentes petitas como José Dirceu e José Genoíno, em 2013. A imprensa burguesa brasileira, a soldo do imperialismo, já aproveitava a deixa para fazer campanha contra o governo federal, de Dilma Rousseff (PT).

No contexto do golpe, em 2014, ano de eleição presidencial, foi desatada a Operação Lava Jato pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e pelo FBI.

Seguindo a deixa e as ordens de seus chefes do norte, os jornais da burguesia brasileira intensificaram a campanha contra Dilma, Lula e PT, dando um caráter fascista à mesma.

Já era uma campanha eleitoral antecipada, a mando do imperialismo, a fim de derrotar o PT nas eleições.

O Fracasso do Imperialismo em 2014 – Aécio Neves

Eventualmente, o imperialismo lançaria como candidato seu homem de confiança: Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais.

Paralelamente, a burguesia também lançou Eduardo Campos como candidato pelo PSB, a fim de retirar votos de Dilma Rousseff, para que Aécio pudesse ir ao segundo turno. Campos morreu em um acidente de avião logo no começou da campanha presidencial. Mas isto não deteve a burguesia em sua manobra.

Então, lançou Marina Silva, também pelo PSB, que se mostrou bastante eficiente em diminuir a votação de Dilma. Ela obteve 22.176.619 de votos, 21,32% do total. Aécio obteve 33,55%. Dilma, por sua vez, 41,59%. Caso o imperialismo não tivesse utilizado Marina como manobra para diminuir a votação de Dilma, é possível que ela tivesse sido eleita em primeiro turno.

Assim, houve a segunda rodada entra ela e Aécio Neves. Contudo, Dilma consagrou-se vencedora, sendo reeleita presidenta da República, com 51.64%.

Um fracasso retumbante do imperialismo. Mas por que razão retumbante, se Aécio foi derrotado obtendo 48.36% dos votos? Pois, houve uma gigantesca operação política para ele vencer as eleições. Virtualmente toda a burguesia, nacional e imperialista, estava coadunada nesse sentido.

A imprensa burguesa, Globo, Estadão, Folha de São Paulo etc. fizeram uma intensa campanha eleitoral em prol dele, e contra a Dilma. Como informado acima, era a época em que o imperialismo havia desatado a Operação Lava Jato, a qual estava em seu auge. A imprensa burguesa, em especial a Revista Veja, aproveitava os processos judiciais farsa da operação para fazer denúncias caluniosas contra Dilma e Lula em momentos cruciais da campanha. Aproveitava também o recente julgamento do Mensalão, para associar Dilma e Lula aos dirigentes petitas condenados (injustamente, diga-se de passagem).

Em suma, o imperialismo coordenou a imprensa burguesa brasileira para alavancar a candidatura de Aécio Neves como sendo um candidato supostamente idôneo, enquanto que Dilma e o PT, os corruptos.

Apesar de tudo isto, Aécio ainda foi derrotado. Isto se deu por vários motivos.

O PSDB já estava em uma crise muito grande. Já era um partido muito impopular. A população do País não havia esquecido os anos de destruição neoliberal promovida pelos governos FHC. Em específico, a população do Estado de São Paulo, o principal estado do País, não havia esquecido os anos de governo tucano, que havia promovido e continuava a sucatear o estado e jogar a população na miséria. Tanto é assim que o partido precisou ter como candidato a presidente um político que não fazia parte do esquema tradicional de São Paulo. Aécio Neves era de Minas Gerais.

Prova do enfraquecimento progressivo do PSDB são os resultados das eleições anteriores. O partido vinha perdendo prefeituras, cargos nas câmaras de vereadores, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Em 2006, perdeu 6 deputados federais. Já em 2010, perdeu 11 deputados federais e 3 senadores. No que diz respeito às eleições municipais, em 2008, o PSDB elegeu 870 prefeitos, mantendo o mesmo número de 2004. Contudo, notou uma queda de 79 vereadores. Já em 2012, perdeu 83 prefeituras e 94 assentos em câmaras de vereadores, mostrando uma progressiva desagregação do partido.

Mas o enfraquecimento do PSDB não foi o único motivo para a derrota de Aécio. Deve-se frisar também que, embora a primeiro momento a esquerda estivesse na defensiva por causa da Lava Jato e de toda a campanha virulenta anticorrupção, houve reação do PT e de sua militância, tanto contra Aécio, como contra Marina Silva. A campanha eleitoral tornou-se, assim, uma das mais militantes dos últimos anos, permitindo a vitória do PT.

Assim, em 2014 o imperialismo fracassou em eleger uma pessoa de sua confiança à presidência da República do Brasil.

O Fracasso do Imperialismo em 2018 – Geraldo Alckmin

Apesar da derrota em 2014, o imperialismo ainda precisava implantar um programa de governo neoliberal puro-sangue. Sendo impossível fazer isto com os governos de Lula e Dilma, dada a base social operária que constitui a força política de Lula, foi necessário dar o golpe de Estado de 2016. Com ele, o imperialismo foi bem sucedido em alçar à presidência da república o vampiro neoliberal golpista Michel Temer. Por um breve período, conseguiram implementar o neoliberalismo puro sangue que tanto queriam. A devastação foi grande. E os danos produzidos perduram até hoje. Justamente por causa da profundidade da devastação, o governo golpista desmanchou-se diante da reação popular.

Após manobrar muito, a burguesia conseguiu mantê-lo até as eleições de 2018.

Vieram, então, as eleições. Contudo, houve um desvio no caminho.

Por causa da campanha golpista que levou ao golpe de Estado de 2016, a burguesia acabou criando um movimento de extrema-direita, o qual produziu uma liderança com real popularidade: Jair Bolsonaro.

Sua real popularidade o tornava uma pessoa com relativa independência em relação ao imperialismo. Logo, Bolsonaro não pode ser considerado um homem de confiança do “norte” na mesma medida em que outras figuras do PSDB o são, apesar de ter se mostrado um capacho quando foi presidente.

Diante da relativa independência de Bolsonaro, o imperialismo viu a necessidade de escolher outro candidato em 2018. Lançou Alckmin.

Este é o típico homem de confiança do imperialismo, por essa razão foi lançado como candidato em 2018. Contudo, tinha como adversário, inicialmente, Lula e Bolsonaro. Era simplesmente impossível que fizesse frente a ambos. Para impedir uma derrota tática do golpe de Estado, a burguesia não poderia aceitar uma vitória eleitoral de Lula. Então, condenou o ex-presidente em um processo farsa, do qual resultou sua prisão. Com auxílio do antidemocrático STF, as regras do jogo foram modificadas, aos 45 minutos do segundo tempo, e Lula não pôde concorrer sub-judice.

Assim, a burguesia conseguiu manobrar para retirá-lo das eleições.

O PT, então, lançou Fernando Haddad para substituir Lula. Apesar disto, após novas pesquisas de opinião, Alckmin ainda não tinha a menor chance de ir para o segundo turno.

Assim, o imperialismo tentou a última cartada: procurou desgastar Bolsonaro com as manifestações artificiais do “Ele Não”.

Fracasso retumbante.

Em novas pesquisas de opinião, as intenções de voto para Alckmin continuaram na casa do um dígito. O imperialismo fracassou novamente em emplacar seu homem de confiança e em recuperar o principal partido representante de seus interesses no Brasil, o PSDB.

Os Fracassos do Imperialismo em 2022 – Sérgio Moro e Simone Tebet

Da mesma forma que se deu em relação a Aécio Neves e a Geraldo Alckmin, Sérgio Moro é uma pessoa de confiança do imperialismo.

Nos anos que precederam o pleito presidencial de 2022, o ex-juiz representou a primeira opção eleitoral dos Estados Unidos à chefia do Executivo brasileiro. Contudo, os norte-americanos fracassaram em viabilizar sua candidatura.

Havia-se passado 08 anos desde que os EUA, através de seu Departamento de Justiça e do FBI desataram a Operação Lava Jato, operação esta voltada para realizar uma perseguição política contra o Partido dos Trabalhadores, a fim de viabilizar o golpe de Estado contra Dilma Rousseff e, é claro, impedir Lula de ser presidente uma outra vez, o que conseguiram temporariamente com sua prisão em 2018. Visavam também proscrever o PT do regime político.

Caso conseguissem, desatariam uma perseguição contra toda a esquerda. Fracassaram nesse objetivo. Por trás da perseguição contra o Partido dos Trabalhadores, a Lava Jato foi desatada pelo imperialismo para promover uma profunda mudança no regime político brasileiro, a fim de retirar boa parte do poder das oligarquias regionais, ou seja, daquele setor da burguesia nacional mais ligado ao mercado interno. E, com isso, permitir um maior domínio do imperialismo sobre o País. Diante da ameaça, esse setor da burguesia reagiu através de seus burocratas e representantes políticos, desmantelando a Lava Jato.

Nas eleições de 2022, isto se manifestou em uma falta de apoio a Sérgio Moro, o candidato originalmente preferencial do imperialismo. Tanto é assim que ele teve de recuar em sua eventual candidatura e apoiar Bolsonaro.

Novamente, os EUA fracassaram em emplacar um homem de confiança seu. Isto se deu no campo da extrema-direita. Contudo, o imperialismo não desistiu. Nas mesmas eleições presidenciais, ainda tentou outra manobra. Tentou contrabandear como democrática a latifundiária do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet (MDB), tendo com vice Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo. Dessa vez, utilizaram-se da demagogia identitária em prol da mulher. Aproveitaram também para apresentá-la como candidata no último momento, para que o eleitor não pudesse vasculhar seu passado reacionário e desmascará-la. Contudo, a operação não funcionou, afinal, a popularidade de Lula e Bolsonaro era esmagadora.

Vê-se, então, que o imperialismo vem fracassando de forma reiterada na tentativa de vencer as eleições presidenciais brasileiras. Aécio Neves em 2014, Geraldo Alckmin em 2018, Sérgio Moro e Simone Tebet em 2022… todos candidatos de confiança do imperialismo… todos fracassaram. Isto sem mencionar os pleitos presidenciais de 2006 e 2010, em que Alckmin foi derrotado por Lula e Serra por Dilma.

Considerando que nem mesmo Bolsonaro é um homem de confiança de Washington, há duas décadas os EUA vêm falhando em conquistar a Presidência da República brasileira por meios legítimos.

Conseguiu apenas através de um golpe, em 2016, ocasião em que alçaram ao posto o golpista Michel Temer, assíduo frequentador da embaixada norte-americana em Brasília.

É fundamental entender essa situação no cenário geral de decadência do capitalismo.

A decadência dos países imperialistas é sem precedentes na história. Desde a derrota catastrófica dos Estados Unidos no Afeganistão, o imperialismo, ao exercer sua política colonial, vem cometendo profundos erros, um atrás do outro, dando mostras de sua debilidade. Na tentativa de frear sua decadência, tentou dominar a Rússia, utilizando a Ucrânia como bucha de canhão. O gigante do leste europeu reagiu, não aceitando tropas da OTAN às suas portas. Incontáveis sanções foram impostas pelo imperialismo, mas o tiro saiu pela culatra, provocando uma enorme crise econômica e social nos países imperialistas, em especial na Europa Ocidental.

A cada dia que passa, novos acontecimentos aprofundam a crise. Países oprimidos se sentem confortáveis a se rebelarem. O imperialismo se encontra preso em uma espiral da qual tenta desesperadamente escapar.

Assim, se o imperialismo encontra-se profundamente enfraquecido, em uma crise da qual tem enormes dificuldades de escapar, e se há mais de duas décadas não consegue eleger uma pessoa de confiança para a Presidência da República do Brasil, o principal país da América do Sul, e um dos principais países oprimidos do mundo, a classe trabalhadora, suas organizações e todo o povo brasileiro deve ter sua atenção redobrada, pois as movimentações golpistas dos Estados Unidos e da Europa Ocidental já surgem no horizonte, e não tardará para que uma ofensiva seja desatada.

Ainda não se sabe em que etapa exatamente estamos desse processo, tampouco de qual maneira ele se dará. Todavia, fato é que o golpe já está em marcha e, justamente por sua fraqueza, o imperialismo tende a ser mais truculento do que nunca.

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