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Teoria Marxista

Acerca das Formas do Movimento Operário

O texto reproduzido aqui foi escrito por Lênin em 4 de Abril de 1914

Os lock-outs, isto é, os despedimentos em massa de operários pelos empresários em conivência, são um fenómeno tão necessário e inevitável na sociedade capitalista como as greves dos operários. O capital, que descarrega todo o seu peso sobre os pequenos produtores arruinados e sobre o proletariado, ameaça constantemente reduzir as condições de vida dos operários à fome aberta e à morte pela fome. E houve em todos os países exemplos, mesmo períodos inteiros da vida dos povos, em que a inexistência de resistência por parte dos operários os conduziu a uma incrível miséria e a todos os horrores da fome.

A resistência dos operários decorre das próprias condições de vida — da venda da força de trabalho. É só graças a essa resistência, apesar dos enormes sacrifícios suportados pelos operários na luta, que eles defendem um nível de vida minimamente suportável. Mas o capital concentra-se cada vez mais, crescem as associações de fabricantes, aumenta o número dos indigentes e dos desempregados, e ao mesmo tempo a miséria do proletariado, e torna-se cada vez mais difícil lutar por um nível de vida suportável. O custo de vida, em rápido aumento nestes últimos anos, reduz frequentemente a nada todos os esforços dos operários.

As organizações operárias, e em primeiro lugar os sindicatos dos operários, atraindo uma massa cada vez maior do proletariado para a participação na luta organizada, tornam a resistência dos operários mais metódica e mais sistemática. A luta grevista, com a existência de sindicatos de massas e diversificados, torna-se mais obstinada: as greves são mais raras, mas cada choque é mais importante.

Os lock-outs dos empresários são provocados pela agudização da luta e por sua vez agudizam-na. E o proletariado, unindo-se na luta, desenvolvendo pela luta a sua consciência, a sua organização e a sua experiência, adquire cada vez mais amplamente a convicção cada vez mais firme da necessidade da completa transformação económica da sociedade capitalista.

A táctica marxista consiste em unir os diferentes métodos de luta, em passar habilmente de um a outro, em elevar incessantemente a consciência das massas e a amplitude das suas acções colectivas, cada uma das quais separadamente pode ser ora ofensiva ora defensiva, mas que no seu conjunto conduzem a um conflito cada vez mais profundo e decisivo.

Na Rússia não há a condição fundamental para um tal desenvolvimento da luta como o vemos nos países da Europa ocidental — a luta com a participação de sindicatos fortes e que se desenvolvem sistematicamente.

O movimento grevista, diferentemente da Europa, onde a liberdade política existe desde há muito, saiu no nosso país em 1912-1914 do quadro estreitamente profissional. Os liberais negaram-no, os políticos operários liberais (os liquidacionistas) não o compreenderam ou não o quiseram ver. Mas o facto impôs-se por si mesmo. No discurso de Miliukov na Duma de Estado na interpelação sobre os acontecimentos do Lena reflectiu-se claramente este reconhecimento forçado, tardio, incompleto, platónico (isto é, acompanhado não de uma ajuda real, mas apenas de suspiros), da importância geral do movimento operário. Os liquidacionistas, com os seus discursos liberais sobre o «arrebatamento grevista», contra a combinação dos motivos económicos e outros no movimento grevista (recordemos que os senhores Ejov e Cª começaram a fazer tais discursos em 1912!), suscitaram a legítima repugnância dos operários. Por isso os operários consciente e firmemente «demitiram das suas funções» no movimento operário os senhores liquidacionistas.

A atitude dos marxistas em relação ao movimento grevista não suscitou quaisquer vacilações ou descontentamentos entre os operários. Entretanto, a importância dos lock-outs foi formal e oficialmente analisada pelos marxistas organizados já em Fevereiro de 1913 (2) (é certo, numa arena, que os escravos dos liberais, os senhores liquidacionistas, não vêem). Já em Fevereiro de 1913 uma resolução formal dos marxistas apontara clara e fortemente os lock-outs e a necessidade de os ter em conta na táctica. Tê-los em conta como? Discutindo com mais atenção a oportunidade de determinadas acções, modificando as formas de luta, substituindo (era precisamente de substituição que se tratava!) umas formas por outras, devendo a elevação das formas manter-se uma tendência constante. Os operários conscientes conhecem muito bem também algumas formas concretas de elevação, repetidamente experimentadas ao longo da história e «incompreensíveis», «estranhas» apenas para os liquidacionistas.

Em 21 de Março, imediatamente após a declaração do lock-out, os pravdistas(3) formularam a sua palavra de ordem clara: não escolher o momento e as formas de acção segundo a vontade dos fabricantes, não fazer greve neste momento. Os sindicatos operários e os marxistas organizados sabiam e viam que essa palavra de ordem era a sua própria palavra de ordem, elaborada por essa mesma maioria do proletariado avançado que introduziu os seus representantes no Conselho dos Seguros(4) e que dirige todo o trabalho dos operários de Petersburgo a despeito de todo o berreiro desorganizador e liberal dos liquidacionistas.

A palavra de ordem de 21 de Março, não fazer greve neste momento, era uma palavra de ordem dos operários, que sabiam que saberiam substituir uma forma por outra, que pretendiam e pretenderão — através de todas as modificações das formas do movimento — a elevação geral do seu nível.

Que os desorganizadores do movimento operário — os liquidacionistas e os populistas — tentariam, também neste caso, desorganizar a causa operária, sabiam-no os operários e prepararam antecipadamente a sua resposta.

Em 26 de Março o grupo liquidacionista e populista de desorganizadores e violadores da vontade da maioria dos operários conscientes de Petersburgo e da Rússia publicaram nos seus jornais as trivialidades burguesas habituais nesses campos: os populistas palravam (para satisfação dos liquidacionistas) de «leviandade» (os operários conscientes sabem há muito que não há ninguém mais leviano que os populistas), os liquidacionistas proferiam discursos liberais (já desmascarados e verberados no n° 47 do Put Právdi(5)) e pregavam a substituição das greves… não por formas adequadas, não por formas mais elevadas, mas… por petições e «resoluções»!!!

Repudiando os vergonhosos conselhos liberais dos liquidacionistas, repudiando as palrações levianas dos populistas, os operários de vanguarda seguiram firmemente o seu próprio caminho.

Os operários conheciam bem e aplicaram correctamente a antiga decisão sobre a substituição das greves, em certos casos de lock-out, por certas formas de luta adequadas e mais elevadas.

A provocação dos lock-outistas não teve êxito. Os operários não aceitaram o combate onde os seus inimigos o queriam impor aos operários; os operários aplicaram oportunamente a decisão dos marxistas organizados e, com uma energia ainda maior, ainda mais claramente compreendendo toda a importância do seu movimento, continuam a seguir o velho caminho.

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