“A ideia de que as Forças Armadas não devem discutir política é a fórmula do golpe de Estado”. Em seu tradicional programa Marxismo, em que debate vários temas sobre a teoria revolucionária da luta dos trabalhadores, Rui Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), estabeleceu uma linha muito clara em relação ao que o Ministério da Defesa do governo Lula vem defendendo. Sob o comando do direitista José Múcio, o Ministério propõe a completa exclusão dos militares da vida política nacional.
A posição de Pimenta, por mais que contraste com o que se tornou senso comum na esquerda nacional, é nada mais que parte do programa revolucionário para as Forças Armadas. Conforme explicado pelo presidente do PCO, o princípio fundamental desse programa é que as Forças Armadas “não podem ser um corpo separado da sociedade”. Na verdade, segundo ele, forças permanentes e burocráticas são “uma ameaça permanente da sociedade”. Afinal, as Forças Armadas permanentes, na medida em que se estabelecem, sempre acabaram se tornando uma ameaça.
O primeiro ponto do programa revolucionário seria, para Pimenta, impedir que os quartéis sejam um espaço dedicado à doutrina reacionária dos altos oficiais. Para isso, é necessário dar o direito de sindicalização da tropa, e que os militares possam inclusive discutir problemas políticos e levar as suas reivindicações ao governo e ao comando. Seria preciso, inclusive, que os quartéis sejam locais abertos, onde os partidos e a sociedade possam entrar e discutir política.
Como parte do programa para politizar os quartéis, Rui Pimenta ainda defende a eleição dos oficiais. O objetivo seria dificultar “a formação de uma casta de oficiais corrompida pelo imperialismo, que tem uma capacidade de poder econômico muito grande”. O presidente do PCO ainda defende que os militares possam ter uma imprensa própria para divulgar suas ideias.
Outro aspecto fundamental do programa diz respeito ao serviço militar. Rui Pimenta defende um serviço universal para homens e mulheres, com duração inferior a um ano. E mais: que os recrutas sejam treinados em local perto da residência e que sejam instruídos unicamente no manejo das armas. O presidente do PCO criticou duramente as tarefas a que os soldados são atualmente submetidos, como a de lava carros de oficiais e pintar meio fio.
Para não perder detalhe algum da discussão, assista ao programa Marxismo de número 90, no canal do Partido da Causa Operária: