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Marcelo Marcelino

Membro Auditoria Cidadã da Dívida Pública (ACD) nacional, sociólogo, economista e cientista político, pesquisador do Núcleo de Estudos Paranaenses – análise sociológica das famílias históricas da classe dominante do Brasil e membro do Partido da Causa Operária – Curitiba.

O judiciário familiar

A Lava Jato e o Judiciário familiar no Sul: o caso de Sérgio Moro

O poder judiciário brasileiro é o pior dos denominados três poderes e, no caso da "República" do sul, é típico dessa burguesia togada e corrupta através do familismo histórico

Ao contrário do que muitos possam imaginar, inclusive da própria esquerda, o judiciário sempre pertenceu às famílias históricas da classe dominante, com óbvias exceções. O único dos três poderes da república burguesa que não passa pelo crivo eleitoral quando se trata de poderes representativos do Estado. Apontar de maneira crítica esse poder é uma maneira de denunciar as relações espúrias do poder nada imparcial do judiciário com todos os níveis hierárquicos do poder econômico e político. Quando afirmamos que essas relações são espúrias significa dizer que as decisões jurídicas não são jurídicas, mas sim políticas em grande medida. Não estamos nos referindo aos juízes do baixo clero espalhados pelos rincões do país, mas principalmente daqueles juízes, desembargadores e outros potentados magistrados e demais indivíduos dos altos escalões do ministério público, procuradorias estaduais e federais, promotores de justiça, etc. São aqueles que assumem altos postos na condução do poder judiciário. Compreendemos que não se trata de quaisquer juízes isoladamente ou indivíduos dos arautos do “direito”, mas de indivíduos pertencentes as elites jurídicas que comandam as principais instituições do Estado burguês.

Trouxemos aqui alguns desses exemplos que envolvem famílias do judiciário no sul do Brasil que orbitavam em torno da operação golpista em conluio com o imperialismo denominada de Lava Jato. Um artigo do professor Ricardo Costa Oliveira, professor do programa de pós-graduação em sociologia da UFPR, membro do NEP (núcleo de estudos paranaenses) inspirou a revelação desses nomes para essa coluna do DCO. Podemos verificar e constatar como os “tubarões” do judiciário estão todos entrelaçados por famílias históricas do poder da classe dominante.

Segundo o professor Ricardo “O sistema judicial apresenta múltiplas conexões e parentescos políticos. Analisamos alguns dos principais atores nos circuitos político-jurídicos da operação Lava Jato”. Nesse primeiro episódio apresentamos o caso do ex juiz e agora senador Sérgio Moro, um dos interlocutores principais do golpe de Estado no Brasil a mando da CIA.

Sérgio Moro foi indicado pelo ex-reitor da Universidade de Maringá, Neumar Adélio Godoy, para um dos primeiros empregos em escritório de advocacia, de direito tributário, com Irivaldo de Souza, um dos principais na região de Maringá e bastante envolvido com a política local. Neumar Godoy já apresentava conexões familiares e pessoais com os pais de Sérgio Moro, Dalton e Odete, de acordo com várias fontes. Neumar Godoy pode ter sido considerado um reitor no campo político da direita e mesmo no autoritarismo no final da ditadura. Em 1981 ocorreu um episódio afastando universitários do DCE e o Deputado Federal, Heitor Furtado, solicitou a destituição do reitor da UEM. Neumar Godoy também foi posteriormente secretário municipal de Sílvio Barros II.

Recomendado por Neumar Godoy, ex-reitor da UEM, Sérgio Moro foi contratado por Irivaldo de Souza para estagiar em um escritório de direito tributário, em 1994.

Carlos Zucolotto Junior, advogado, amigo e padrinho de casamento de Moro. A família Moro possuiu um desembargador no Tribunal de Justiça do Paraná, Hildebrando Moro, primo do pai do juiz Sérgio Moro.

A esposa Rosangela Maria Wolff de Quadros Moro, advogada. Procuradora da Federação das APAEs do Estado do Paraná. Uma das principais lideranças políticas no movimento das APAES foi o ex-senador Flávio Arns, de tradicional família religiosa e política. O sobrinho de Arns é o advogado Marlus Arns de Oliveira, filho do falecido procurador Luiz Carlos de Oliveira e criador de um dos mais prestigiados cursos para preparatórios nas carreiras e concursos jurídicos, o Centro de Estudos Jurídicos Luiz Carlos.

Marlus Arns apresenta grande destaque no campo advocatício das delações mais caras da operação Lava Jato. Rosangela Maria descende da grande família política Macedo do Paraná. Prima dos desembargadores Haroldo Bernardo da Silva Wolff e Fernando Paulino da Silva Wolff Filho, prima do empresário Luiz Fernando Wolff de Carvalho, Triunfo e Econorte, construtora e do ramo de pedágios. A esposa de Moro, Rosangela Maria Wolff de Quadros Moro, é prima distante de Rafael Greca de Macedo e de Beto Richa. A importância da família Macedo está presente no empresariado, na história da Associação Comercial do Paraná, nos inúmeros desembargadores e presidentes do Tribunal de Justiça (muitas vezes referidos como a poderosa “macedônia”), na universidade, na prefeitura e em várias outras instituições.

Reparamos claramente que essa biografia sintética das relações do ex-juiz e senador Sérgio Moro revela como as relações de poder são construídas pelos laços de parentesco e de afiliações jurídicas, políticas e empresariais com figuras importantes das elites e da classe dominante paranaense. Nas próximas colunas iremos revelar como o poder judiciário está repleto de conexões políticas e econômicas que tornam esse poder muito mais imparcial do que a história “contada” de que a justiça é cega e imparcial. Os poderosos da direita sempre tiveram clareza disso, assim como nós marxistas e a esquerda liberal continuará navegando na “onda” do “Estado democrático de Direito” ou acordará desse pesadelo eterno das profundezas das ilusões pequeno burguesas.

Artigo publicado, originalmente, em 01 de novembro de 2023.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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