A Volkswagen do Brasil vai dar férias coletivas, a partir de segunda-feira, aos 4,5 mil trabalhadores da produção em São Bernardo, no ABC paulista. Será por período de dez dias e no retorno irá reduzir a jornada e os salários alegando falta de peças, principalmente as eletrônicas. A notícia foi dada pelo sindicato dos metalúrgicos do ABC.
A jornada será reduzida em 24% e os salários em 12% “por prazo indeterminado”, tudo dentro do acordo coletivo assinado em 2020 com validade até 2025.
Esta é a segunda vez que ela paralisa a produção por falta de peças, no mês passado já havia paralisado a produção e dispensado 2,5 mil trabalhadores dos dois turnos.
O representante dos trabalhadores da Volks de São Bernardo, José Roberto Nogueira da Silva, diz que a falta de política industrial e de desenvolvimento no país tem levado à desestruturação da cadeia produtiva nacional. E que esse problema afeta não só a indústria automobilística mas também os trabalhadores.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz que de janeiro a maio 16 fabricantes suspenderam a produção por falta de peças e semicondutores, deixando de ser produzidos 150 mil veículos.
Todos sabemos que a crise capitalista afeta todo mundo, a produção para por falta de peças nas linhas de montagem, o comércio se reduz com a falta de consumo resultando na elevação dos níveis de estoque, trabalhadores são demitidos reduzindo ainda mais o consumo e o desemprego atinge níveis estratosféricos.
Mas curiosamente os lucros aumentam, como vemos noticiado na imprensa burguesa e imperialista, onde o número de bilionários aumentam enquanto que pelo lado dos trabalhadores impera a fome e miséria levando estes a morar nas ruas em quantidade jamais vista.
Não há dúvidas que o sistema encontra-se em plena decadência e prestes a sucumbir de uma vez por todas, e quer levar os trabalhadores ao fundo do poço, se suas organizações assim o permitir, coisa que estamos vendo que sim.
A direção do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo SP, ao noticiar o acordo com a Volks, aceitando redução dos salários por tempo indeterminado, está deixando claro que defendem os lucros das empresas à custa da fome e miséria dos trabalhadores.
O diretor administrativo do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, defende que a negociação foi de menor impacto para o trabalhador, pois a montadora queria suspender o turno inteiro.
Uma demonstração de subserviência ao capital, e com o pretexto do mal menor para os trabalhadores, aceita a redução de salários já bastante defasados pela crise e pela inflação, para diminuir a fome e a miséria. O que significa mais miserável ou menos miserável? Dá para quantificar isso? Os lucros não caem, mas os salários se reduzem, que política é essa para um sindicato? De que lado ele está afinal? Os trabalhadores precisam responder a essas perguntas para ficar bem situados na política.
O capitalismo sempre explorou o máximo dos trabalhadores, pagando sempre o menor valor possível e com isso criou impérios de empresas que hoje pertencem à casa de trilhões o patrimônio delas. Elas lucram ainda mais com os esquemas de aplicações financeiras, e com menores investimentos na produção, que é o que melhoraria o salário dos trabalhadores.
Como tudo na vida tem um final, agora é a hora do sistema capitalista dar adeus à existência, abrindo caminho para o poder dos trabalhadores.
Ao contrário do que pregam as direções sindicais, os prejuízos com a crise tem que ficar com os capitalistas e não com os trabalhadores. Afinal a crise é fruto das ações dos capitalistas, eles que organizam a produção e tem total controle sob o estado burguês, eles são quem provocam as crises, e nada mais justo que arquem com as consequências dela.
A política mais correta para a atuação dos trabalhadores é a de não aceitar redução de salários nem de empregos. Nos período de prosperidade aumentam os lucros, durante as crises jogam as contas para o trabalhador pagar, muito desonesto isso não acham?
Se ameaçam fechar as fábricas, tudo bem, que vão embora e deixem os trabalhadores assumirem ela e continuar com seus empregos e salários. Se não for por bem, que seja pela ocupação da fábrica pelos empregados e com greve, que podem continuar a produzir sem os capatazes de costume e com lucros.
Defendemos que as fábricas sejam ocupadas, as jornadas de trabalho sejam reduzidas para no máximo 35 horas semanais, isso contribui para aumentar a quantidade de empregados, reduzindo o desemprego, tudo sem redução nenhuma de salários.