Nessa semana, o Programa de Índio, da COTV Canal Reserva, apresentado todas as segundas-feiras às 17h, pelo companheiro Renato Farac, dirigente nacional do PCO, abordou o assassinato do índio Raimundo Nonato de Oliveira, o Cacheado, ocorrido em Tocantins.
O crime ocorreu na madrugada do dia 13 de dezembro, terça-feira, quando pistoleiros executaram o indígena em sua própria residência no município de Araguatins (a 601 km de Palmas, Capital), localizada na microrregião do Bico do Papagaio, com forte histórico de luta pela terra. Militante antigo e importante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Tocantins, Raimundo Nonato já havia sido ameaçado várias vezes por sua luta pela terra, sobrevivendo a diversas tentativas de assassinato.
No apagar do governo Bolsonaro, mais um assassinato brutal contra os trabalhadores do campo, cuja labuta não terá tréguas nem no governo Lula, durante o qual os latifundiários e seus jagunços podem aumentar a violência. Ao lado de convidados ligados aos movimentos sociais e de luta pela terra, como Carmen Hannud, do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e militante do PCO, Marcelo Batarce e Bismarque, do MST, PT e MNLM, Renato Farac afirma que “Nada é feito pelo Estado, nada é feito pela justiça e os militantes acabam sendo executados a sangue frio”.
Bismarque informa que Raimundo Nonato cresceu na luta pela terra. Liderou várias ocupações na região e, em Araguatins, juntamente com camponeses ocupou uma terra da União. As terras ficavam na Fazenda Santo Lago. Com a família perseguida, teve que migrar para Palmas e ficou escondido devido a ameaças. Essa migração dele ocorreu em 2009. Atualmente, Raimundo achava que a situação tinha se acalmado, mas, de forma indefesa em sua residência, morreu brutalmente pelas mãos de jagunços treinados para matar, invadir terras indígenas e quilombolas, grilar terras públicas, enfim, uma organização criminosa dos latifundiários que vem tomando força e ameaçando a classe trabalhadora do campo.
O convidado Marcelo Batarce refletiu sobre como ficará a situação dos trabalhadores Sem Terra no governo Lula. Para ele, toda essa luta ocorrerá meio que de forma invisível pelas instituições burguesas. Para Bismarque, a situação dos índios e de toda classe trabalhadora é esperançosa. Todos esperam mais apoio do governo, ao contrário do que houve no governo Bolsonaro. Sobre a Reforma Agrária, fundamental para o desenvolvimento do campo, “É preciso dar condições para implantar assentamentos e para isso precisa de dinheiro, estrutura, assistência técnica”.
“Nós estamos preocupados porque eles estão mais organizados para poder não permitir que o trabalhador rural tenha acesso à terra”. Além disso, Bismarque deu destaque ao armamento dos jagunços, o que preocupa bastante os camponeses.
Carmen Hannud afirmou que os trabalhadores estão criando um bom horizonte, mas o bolsonarismo cresceu muito e essa prática de extermínio como parte desse crescimento é um grave problema. “A morte de Cacheado não se encerra. É um ataque à organização dos Sem Terra, um reflexo do próprio fascismo”, diz Carmen.
Segundo Renato Farac, a situação vai se agravar, mesmo com Lula no governo. Os trabalhadores esperam um latifúndio mais violento. A polícia está cada vez mais ouriçada, abertamente atuando. “O latifúndio não vai ficar acuado, pelo contrário, o que se vê é que tem um agravamento da situação, é o que os números vêm mostrando”, finaliza Farac.
Marcelo Batarce disse que não adianta esperar nenhuma defesa das instituições burguesas. Temos que comemorar a vitória de Lula, que foi uma vitória popular, mas a defesa virá de uma auto-organização dos movimentos sociais.
É preciso que todos se organizem partindo das bases, pressionando o governo Lula, que será mais suscetível à luta dos trabalhadores, ao contrário do que foi Bolsonaro, que armou mais ainda o latifúndio. A missão principal da classe trabalhadora é se organizar e se unir para disputar e permanecer na terra.